28.1.08

Evolução decisiva

Eles não são os craques do time, nem tem habilidades e atributos fora do normal. Mesmo assim, estão sendo decisivos para que suas equipes caminhem firmes rumo aos respectivos títulos nacionais, além de brigarem pelo topo europeu na fase mata-mata da Champions League. O togolês Emmanuel Adebayor (Arsenal) e o argentino Julio Cruz (Inter) vivem, indubitavelmente, a melhor fase de suas carreiras.

A incrível Inter, que só perdeu um jogo nesta temporada, tinha Cruz como uma boa opção de banco até então. Antes, a equipe nerazzurri contava com o intocável Ibrahimovic (atual artilheiro da equipe, seguido de perto pelo argentino) o regular e conhecido Hernán Crespo, o brasileiro Adriano - mesmo atravessando problemas técnicos e particulares - além do rápido hondurenho David Suazo. Na teoria, o camisa 9 seria uma terceira opção do técnico Roberto Mancini. Na prática, o veterano jogador de 33 anos foi galgando seu espaço no time. Os 14 gols - 10 pela Série A - em 20 partidas lhe garantiram lugar no time, além de fazê-lo vislumbrar sua melhor marca no Calcio, em 2005/06, quando marcou 21 gols em 45 jogos. Cruz não é um primor de habilidade e nem de velocidade, mas se apresenta como uma boa referência na área no alto de seu 1m90. E o argentino vem metendo gols de todas as formas. A parceria de ataque com Ibrahimovic, mais técnico e atual artilheiro da Série A italiana (15 gols), garantiu mais da metade dos gols da Inter na liga local, fato esse que faz com que o time mantenha a campanha irrepreensível de 15 vitórias e 5 derrotas. A parte azul e negra de Milão caminha forte rumo ao bicampeonato, além de possuir boas chances de conquistar a Champions.

Dez anos mais jovem, Emmanuel Adebayor tinha tarefa mais ingrata dentro de uma equipe em reconstrução: tentar preencher uma lacuna enorme deixada por Henry, um dos maiores ídolos da história do Arsenal. O togolês de 1m93 é o artilheiro do time na atual temporada, com 18 gols - 15 só na Premier League, onde é o vice-artilheiro - em 28 partidas, superando a sua melhor marca, atingida em 2006/07, quando jogava regularmente, anotando 12 gols em 44 partidas. Em um time onde a referência técnica é o meia Cesc Fabregas, Adebayor mostra-se tão importante quanto o espanhol na equipe de Arsène Wenger. Ao contrário de Cruz, mesmo sendo alto, o camisa 25 dos Gunners é mais “franzino”, mais rápido e mais técnico. É tão eficiente pelo alto ou com a bola nos pés, o que lhe garantiu belos gols nesta temporada. As vezes, peca pelo excesso da posse de bola e a afobação na finalização, mas a sua evolução é notória. E essa evolução coincide com a evolução de toda uma equipe, formada basicamente de jovens como ele, e que até aqui vai dando muito trabalho ao atual campeão Manchester United. E a qual tem reais chances de vencer o título inglês e chegar longe na Champions.

A persistência é uma característica notável desses dois matadores. E, de mansinho, saindo das sombras de se apresentarem como meros coadjuvantes, Adebayor e Cruz vão se transformando em engrenagens primordiais nos esquemas táticos de suas respectivas equipes.

3 comentários:

Arthur Virgílio disse...

Dois bons nomes. Julio Cruz soube ganhar seu espaço e Adebayor é uma grata surpresa.

Jota Assis disse...

Dois jogadores que realmente estão se destacando!
O Cruz me lembra o Washington "coração de leão"! Que já fez o seu pelo Fluminense!!

abraços

Felipe Moraes disse...

Boas observações, André.
Cruz e Adebayor têm surpreendido e jogado um futebol de muita qualidade e eficiência na atual temporada.

Abraço,
Felipe Leonardo