24.8.07

Armada Espanhola

Será que o "Quarteto Fantástico" do Barcelona conseguirá impedir o bicampeonato do Real ou a consagração do Sevilla? (montagem: Globoesporte.com)

A exemplo dos cartolas ingleses, que estão acendendo seus charutos com notas de libras esterlinas, os clubes espanhóis não mediram esforços para contratar grandes jogadores do futebol mundial. No entanto, diferente dos ingleses - onde clubes médios e pequenos como Tottenham, Manchester City e Sunderland também gastaram muito dinheiro em reforços – apenas os mais tradicionais clubes do país não mediram esforços para contratar. Isso pode fazer com que a diferença técnica entre as equipes seja muito grande. Mas a Liga Espanhola tem tudo para empolgar com uma boa briga pelo título em alto nível técnico. A irregularidade vista na temporada passada, quando Real, Barça e Sevilla acumulavam tropeços não deve acontecer novamente.

Em time que está ganhando não se mexe certo? Não para o campeão Real Madrid, que perdeu várias peças do elenco vitorioso, começando pelo comando técnico. Mesmo sendo figura importante na arrancada dos merengues rumo ao título da última temporada, Fabio Capello não resistiu e acabou deixando Madrid. Para seu lugar chegou Bernd Schuster, que encara seu primeiro grande desafio na carreira de técnico. Schuster - que dirigiu clubes como Colônia, Shakhtar e Levante – fez uma boa temporada com o limitado Getafe e chega ao Real com carta branca para a construção de uma nova base para a equipe, a qual perdeu muitos jogadores como Reyes, Beckham, Roberto Carlos, Emerson e Cicinho. As falhas da defesa, mal que assola o Real há tempos, tentarão ser corrigidas através das contratações de Pepe (ex-Porto,
30 milhões), Gabriel Heinze (ex-Manchester United, 12 milhões) e Christian Metzelder. Ao lado de Cannavaro, podem dar a establidade necessária para que a equipe tenha mais tranqüilidade para a disputa do título. No meio-campo, a grande carência da equipe é a criação de jogadas. Tanto que, quando Beckham havia retornado à equipe após seu afastamento, o Real arrancou rumo ao título da última temporada. Com a saída do inglês, os merengues trouxeram jovens talentos para suprir essa deficiência, como Wesley Sneijder (ex-Ajax, 27 milhões) e Arjen Robben (ex-Chelsea, 36 milhões), segunda contratação mais cara da Europa nessa temporada. A dupla holandesa tem a missão de controlar o jogo e ao mesmo tempo, dar velocidade aos contrataques madrilenhos para que a bola chegue redonda para o matador Van Nistelrooy, que vive grande fase. Outro grande nome que poderá aparecer pelo lado esquerdo do Real é o ala/meia Royston Drenthe. O holandês, eleito o melhor jogador do último Europeu sub-21, é uma ótima opção para Schuster para dar velocidade ao jogo. E Drenthe tem estrela, pois já marcou um golaço na final da Supercopa da Espanha, onde o Real acabou perdendo o jogo e o título para o Sevilla. É um time fortíssimo no papel, mas a falta de entrosamento pode pesar, em um campeonato onde forças como Barcelona, Valencia e Sevilla mantiveram suas bases.

No Barcelona, que deixou o tricampeonato escapar por um triz, o assunto mais falado é como Rijkaard vai armar a equipe. Muitos aguardam ver o “Quarteto Fantástico” em campo, formado por Messi, Ronaldinho, Eto’o e Henry. O técnico do Barca quebra a cabeça para montar a equipe, que manteve a base e perdeu jogadores de importância secundária na última temporada. Trouxe bons jogadores para reforçar o elenco, principalmente na defesa, como o zagueiro Gabi Milito (ex-Zaragoza,
20 milhões) e o lateral-esquerdo Eric Abidal (Ex-Lyon, 15 milhões). Os dois chegam para arrumar de vez a zaga dos catalães, grande dor de cabeça da temporada passada. O marfinense Yaya Touré chega para compor elenco e pode ser boa opção para a meia. Mas o ponto alto da janela de transferências é o atacante Thierry Henry. O francês, que fez história no Arsenal e chegou ao Barcelona por 24 milhões, chega a Espanha para ganhar o único título que lhe falta no currículo: a Champions League. Municiado por Messi e Ronaldinho e fazendo parceria com Eto’o, Henry tem tudo para formar o ataque mais letal da Europa, basta saber como Rijkaard vai posicioná-lo. Os reforços que vieram deram muita qualidade ao elenco catalão e se Rijkaard conseguir posicionar bem seus volantes e acionar o “Quarteto”, o Barcelona pinta como o grande favorito na Espanha, pelo menos tecnicamente falando. Sem falar que, aos poucos, o meia mexicano Giovani dos Santos vai aparecer na equipe e pode se tornar uma ótima opção para Rijkaard, pois trata-se de uma grande promessa.

O Sevilla é uma boa equipe, tem tudo para conquistar vaga para a próxima Champions League e fazer bom papel novamente, mas corre por fora na conquista de La Liga. O atual bicampeão da Copa UEFA é um time muito compacto, que tem no conjunto o seu grande trunfo. O técnico Juande Ramos indicou bons nomes para fortalecer a equipe rojiblanca, como o zagueiro colombiano Aquivaldo Mosquera (ex-Pachuca,
7,5 milhões), o zagueiro/lateral Khalid Boulahrouz, o volante Seydou Keita (ex-Lens, 5 milhões) e o meia-atacante Tom de Mul (ex-Ajax, 4 milhões), além do goleiro Morgan de Sanctis, que fará sobra ao bom Palop. Jogadores-chave como Renato e Kanouté podem fazer a diferença, além de Dani Alves, se este permanecer na equipe.

A fama de “amarelão” do Valência faz com que a equipe quase nunca seja apontada como uma das favoritas ao título. Mas a exemplo do Sevilla, a equipe é boa e manteve a base, podendo sonhar com uma boa temporada. A perda do experiente Cañizares, que se aposentou, foi prontamente reposta com o bom goleiro Timo Hildebrand. E para compor o elenco, que não teve perdas significativas, o Valencia trouxe o zagueiro-revelação da Espanha, Aléxis (ex-Getafe,
6 milhões), o meia-atacante Angel Arizmendi (ex-La Coruña, 6,5 milhões) e o grandalhão Nikola Zigic (ex-Racing Santander, 15 milhões), que promete fazer sombra ao experiente Fernando Morientes. Aliado aos reforços, pode pesar a boa fase do matador David Villa e do ótimo meio-campo David Silva para que o Valencia deixe o estigma de “morrer na praia”, que o acomete a algumas temporadas.

Querendo retornar ao grupo das grandes equipes, o Atlético de Madrid imitou o seu grande rival e também não economizou nos reforços. Segundo time espanhol que mais investiu em reforços, os colchoneros estão montando um bom time para brigar por uma vaga a Champions League. Recontruindo o time, a equipe trouxe para o gol o experiente Christian Abbiati e montou um bom meio-campo, com as vindas de Reyes (ex-Arsenal,
12 milhões), Luís Garcia (ex-Liverpool, 6 milhões), Raúl García (ex-Osasuna, 13 milhões), Cléber Santana (ex-Santos, 6 milhões) e Simão Sabrosa, um dos principais jogadores da Liga Portuguesa por impressionantes 20 milhões. Para o ataque e com a missão ingrata de substituir Fernando Torres, grande ídolo da torcida colchonera, o uruguaio Diego Forlán chega a Madrid por 21 milhões. Javier Aguirre terá aquela “boa dor de cabeça” para montar a equipe, que tem muito potencial. Olho no melhor jogador do último Mundial sub-20, Sergio Agüero. “El Kun” pode finalmente estourar no futebol espanhol.

Os medianos e pequenos clubes espanhóis se reforçaram muito entre eles, mas o abismo técnico para os grandes citados acima é enorme. Destaque para o Villarreal, que trouxe bons jovens e pode surpreender. Giuseppe Rossi, atacante prodígio italiano e Rio Mavuba, bom volante francês podem dar a vitalidade que a equipe tanto necessita. O Zaragoza, assim como na temporada passada, é outro que promete dar dor de cabeça, principalmente com boas aquisições como Ricardo Oliveira, o volante Matuzalém e a aquisição definitiva do bom meia Andres d’Alessandro. Vale destacar os bons nomes que migraram para o futebol espanhol, como o do promissor goleiro Óscar Ustari, do Getafe, que finalmente pode ter a chance de chegar a titularidade da seleção argentina através de boas atuações dentro do Getafe, onde desbancará o seu concorrente direto, o velho Abbondanzieri; o meia-esquerda Andrés Guardado, revelação mexicana que reforça o La Coruña; Carlos Vela, atacante mexicano emprestado pelo Arsenal ao Osasuna e que se destacou no time do México campeão do Mundial sub-17 de 2005, jogando ao lado de outro prodígio que começa a brilhar no Barça: Giovani dos Santos.

As armadas espanholas estão prontas e podem fazer com que o campeonato espanhol recupere seu status de melhor e mais técnico campeonato do mundo, perdido para o campeonato inglês. E essa Liga tem tudo para ser uma das melhores dos últimos anos.

3 comentários:

Gerson Sicca disse...

André, baita post sobre o cenário dos clubes espanhóis. Agora fico impressionado pelo valor das transações na europa. Os times acabam pagando mais que os caras valem. 20 milhões de euros por simão sabrosa?!?!?!
21 milhões de euros por Forlan(embora seja bom jogador)!?!?!?!?
Com um caixa desses, o clube poderia ter despejado 25 milhões de euros no Beira-Rio e levado o Pato, bancando a proposta do Milan. era mais futuro.

Net Esportes disse...

o futebol europeu em geral é sensacional.....

______
http://netesporte.blogspot.com/

Felipe Moraes disse...

Bela análise da liga espanhola. O campeonato será muito melhor do que o da temporada passada e arrisco dizer que o Atlético de Madrid retornará ao grupo dos grandes.
Quem não tem um futuro nada bom é o La Coruña...

Abraço, Felipe Leonardo