28.8.07

E a tragédia se repete...

27 de abril de 2006. Após mais de cem anos de história, enfim a equipe do Sevilla poderá disputar a final de um torneio europeu, a Copa da Uefa. Antes disso, a melhor colocação dos rojiblancos havia sido uma eliminação na fase de quartas-de-final da longínqua Copa dos Campeões de 1958 pelo Real Madrid.

Os torcedores que estão presentes no estádio Ramón Sánchez Pizjuán acompanham uma equilibrada semi-final frente ao Schalke 04. Partida esta que, para muitos, seria uma final antecipada. Ao final da etapa complementar, o resultado da ida em Gelsenkirchen se repetia (empate em 0 a 0) e o jogo ia para a prorrogação.

Quando todos já acreditavam que a vaga para a finalíssima contra o Middlesbrough seria resolvida nos pênaltis, brilhou a estrela de um jovem lateral canhoto que tinha entrado há poucos minutos atrás no lugar do brasileiro Adriano. O rapaz dominou uma bola do lado esquerdo do campo e desmarcado acertou um belo chute de longa distância no gol de Hildebrand. O nome do herói? Antônio Puerta, mais um atleta representante da geração de ouro do time, ao lado de promissores nomes como Sérgio Ramos, Jesus Navas e Kepa.

Dezesseis meses se passaram e as coisas mudaram totalmente. O Sevilla vive a melhor fase de sua existência, tornou-se um clube respeitado na Espanha e detém o atual bicampeonato da Copa da Uefa. Nesse tempo, Puerta também amadureceu, tornou-se titular da equipe e consagrou-se como uma das maiores revelações européias da última temporada. Conseguiu até uma inédita convocação para a Fúria para uma partida contra a Suécia, válida pelas Eliminatórias da Eurocopa – 2008.

Mas, na abertura do campeonato espanhol, sábado passado, tudo mudou. Getafe e Sevilla faziam sua estréia na competição quando um lance chocou os espectadores. De repente, Antônio Puerta sentiu um mal súbito, botou as mãos no joelho e desmaiou no gramado. O motivo? Uma inesperada parada cardio-respiratória.

Ainda no campo, Puerta recobra seus sentidos, mas volta a sentir-se mal no vestiário e desmaia novamente. A equipe médica consegue reanimar o atleta com a ajuda de um desfibrilador para levá-lo ao Virgen del Rocio, hospital em que o camisa 16 permanece em estado crítico até a manhã de hoje, quando não agüenta o baque e falece três dias depois de ser internado na UTI do local.

A morte de Antônio Puerta suscita uma discussão que se tornou comum neste novo milênio. Afinal, a preparação física que os atletas são submetidos é suficientemente boa para a disputa de uma estafante temporada? Até que ponto, eventos como este, são apenas fatalidades? Os gananciosos dirigentes das equipes se preocupam com a saúde ou com o fortalecimento descabido de seus jogadores?

Casos como os de Puerta, Serginho, Marc-Viven Foé e Fehér fazem que eu permaneça com uma dúvida: Será que no mundo atual não existe adventos tecnológicos que possam acabar com futuras situações semelhantes?

O incrível desta história é saber que a diretoria do clube andaluz já tinha consciência que o lateral de 22 anos poderia ter algum problema cardio-respiratório. Afinal, vários jogadores do clube, como Luís Fabiano, já afirmaram a imprensa que, na última temporada, Antônio Puerta havia desmaiado em duas oportunidades esparsas.

O inegável é que as federações precisam cobrar uma maior responsabilidade de seus clubes filiados o quanto antes. Somente assim, atletas que surgem como promessas de serem futuros craques poderão ter uma vida mais saudável e uma carreira profissional mais segura. Afinal, futebol definitivamente não é lugar para a ocorrência de tragédias como essas.

5 comentários:

André Augusto disse...

A questão é: a preparação física é realmente adequada? A rotina estafante dos jogadores em jogar tantas vezes em uma temporada, em um esporte onde se exige o máximo da condição física, realmente é correta?

São questões que só aparecem quando aparecem esse tipo de tragédia ocorre.
Lamentável!

Gerson Sicca disse...

Bom texto, assim como o do felipe leonardo no seu blog. Acho que deve estar havendo um excesso na preparação dos jogadores. Hoje é um absurdo o que se corre em um jogo de futebol.

Anônimo disse...

O problema maior na minha opinião é a carga excessiva em cima do jogador, não só a fisica, mas principalmente a psicologica, ou seja mental!Abraço

Vinicius Grissi disse...

Me peguei pensando nos motivos de tantas mortes: Coincidência, excesso de cobrança, jogadores no limite físico? Confesso que não sei...

Muito bom o blog! Vou linkar no meu...Depois dê uma passada lá.

Abraços!!!

Lucas Meneses disse...

Em vez de falar sobre as cusas, as soluções, os culpados (existe um?), etc., vou me calar por este momento triste.

Puerta e Nsofwa, mais dois que morrem ...

Fica aqui minha tristeza com o ocorrido.
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Abraços