6.9.10

Especial Champions League 2010/11 – Grupo A

O novo estádio de Wembley é o destino final das 32 equipes que disputam a fase de grupos desta edição da Champions League. O que parece um incentivo aos clubes ingleses, que depois de domínio acentuado nas últimas edições - com pelo menos um finalista entre as edições de 2004/05 e 2008/09 – não passaram de um pífio desempenho no torneio da temporada passada, onde não passaram das quartas de final. Apesar disso, nenhuma contratação de grande impacto entre os representantes da terra da rainha nesta temporada.

Gigantes se reforçaram, como Real Madrid e Milan, que voltam a se enfrentar já na fase de grupos, a exemplo da última temporada. O Barcelona – cada vez mais, a base da seleção espanhola campeã do mundo – também é grande postulante a vencer a “Orelhuda”, assim como a campeã Internazionale, que após vencer a Tríplice Coroa em 2009/10, começa uma nova era, já que terá o espanhol Rafa Benítez no comando, no lugar de José Mourinho, que foi para o Real.

Com menos debutantes em relação a última temporada (Bursaspor, Hapoel Tel-Aviv, Braga, Twente e Zilina, contra nove em 2009/10) a caminhada rumo a finalíssima promete ser muito acirrada. E como é tradição no Opinião FC há quatro anos, um raio-x dos 32 participantes desta que é a maior e mais badalada competição entre clubes do planeta.

Inter
Mudança de filosofia?


A máxima de “time que está ganhando, não se mexe” foi seguida quase que a risca na Inter, campeã do torneio após longos 35 anos de jejum. Porém, a movimentação que mais mexeu com os nerazzurri aconteceu no banco de reservas: sai José Mourinho, campeão de tudo com a equipe e que foi para o estelar Real Madrid, entra Rafa Benítez, campeão da Champions em 2005/06 no Liverpool, mas que saiu de Anfield extremamente desgastado, após má campanha na última Premier League (o que custou a vaga da equipe para esta temporada), além da precoce eliminação na última edição do torneio continental, quando os Reds caíram ainda na frase de grupos. Em suma, o técnico espanhol busca um recomeço.

Para isso, ele manteve a base campeã europeia quase que intacta, com poucos reforços expressivos, como o zagueiro Andrea Ranocchia – ex-Bologna e que vai apenas compor elenco – jovem dupla Jonathan Biabiany e McDonald Mariga, que estava no Parma. Benítez sinaliza usar o talentoso meia brasileiro Philippe Coutinho com alguma regularidade como opção para a segunda etapa. Mesmo sem reforços expressivos, o time já é fortíssimo, com o goleiro Júlio César comandando a defesa, com os também tupiniquins Lúcio e Maicon em boa fase. A qualidade do meio-campo passa por pés técnicos como os de Esteban Cambiasso e, principalmente, de Wesley Sneijder, um dos pilares das últimas conquistas. Na frente, o agora voluntarioso Eto’o (que Mourinho usou mais como meia do que como atacante) e o goleador Diego Milito, melhor jogador da última Champions e autor dos gols do almejado título, diante do Bayern de Munique.

Football Club Internazionale Milano SpA
Status: Favorita
Melhor resultado na UCL: Tricampeã (1963/64, 1964/65 e 2009/10)
Time Base: Júlio César; Maicon, Lúcio, Samuel e Chivu; Cambiasso, Zanetti (Mariga), Pandev e Sneijder; Eto’o e Milito. Técnico: Rafael Benítez
Ele é o cara! Tríplice Coroa e vice-campeão mundial com a Holanda, na última Copa. Ambos os bons resultados tem participação fundamental de Wesley Sneijder, o cérebro da Inter. Apesar da estrela do goleador Milito, o holandês é o verdadeiro maestro desta equipe. Cadencia o jogo, tem ótimo aproveitamento de passes e lançamentos, além de mortal na bola parada.
Olho nele: Bem aproveitado na pré-temporada, o meia brasileiro Philippe Coutinho apareceu com algum destaque. Deve ser utilizado como opção com alguma frequência. É habilidoso e veloz, útil para desmontar defesas muito fechadas.
Tem brasuca aí? Júlio César (goleiro), Maicon (lateral), Lúcio (zagueiro), Thiago Motta (volante), Mancini e Philippe Coutinho (meias)
Pontos fortes: Compacto na defesa, tem rápida saída de bola com os volantes, que sabem sair pro jogo. Com Sneijder como cabeça pensante, aposta na velocidade e versatilidade de Eto’o, Pandev, além das fortes investidas de Maicon, pela direita. Centroavante clássico, Milito é goleador e atravessa grande fase.
Pontos fracos: Por vezes, prima por se defender em demasia; poucas opções de qualidade para o ataque no banco de reservas.

Werder Bremen
Classificação dramática e perda sentida


Na fase eliminatória, duas duras partidas contra os italianos da Sampdoria, que acabou decidida somente na prorrogação, em jogo na Itália. O gol de Rosenberg (que já deixou o clube), nos descontos, deu sobrevida para levar a decisão para o tempo extra, onde brilhou a estrela do peruano Pizarro, heroi da classificação. Mas nem tudo é festa em Bremen. Um dos pilares da equipe na última temporada e destaque na última Copa do Mundo pela Alemanha, o meia Mesut Özil rumou para o Real Madrid. Para seu lugar, nenhuma contratação de impacto.

Os maiores reforços foram na parte defensiva, com a vinda do experiente zagueiro francês Mikaël Silvestre e do polivalente volante Wesley, destaque do Santos campeão paulista e da Copa do Brasil. Sem seu jogador que pode desequilibrar, o Werder perde muito e a armação de jogadas fica a cargo de outro jovem meia habilidoso: Marko Marin. É um time rompedor no ataque, com jogadores experientes como Hugo Almeida e Claudio Pizarro, de uma viril dupla de zaga, formada por Naldo e Mertesacker, além do comando do experiente volante Torsten Frings. A decisão da segunda vaga do grupo para o mata-mata deve acontecer com o Tottenham, que no papel, tem melhor time que os alemães. Porém, dentro da própria Champions, o Werder é mais experiente.

Sportverein Werder Bremen von 1899 e.V.
Status: Vaga na Europe League
Melhor resultado na UCL: Quartas de final, em 1988/89
Time Base: Wiese; Fritz, Mertesacker, Naldo e Pasanen (Boenisch); Frings, Bargfrede (Wesley), Borowski e Marin; Almeida e Pizarro. Técnico: Thomas Schaaf
Ele é o cara! Experiente, o atacante Claudio Pizarro sempre faz os gols de que a equipe precisa para sair do sufoco. Pouco técnico, precisa ser bem servido para funcionar. Caso aconteça, trata-se de um atacante muito perigoso.
Olho nele: Sem Özil, Marin passa a ser a referência técnica do meio-campo do Werder. Presença constante nas seleções de base da Alemanha, foi cotado para defender a renovada equipe do técnico Joachim Löw na última Copa. Terá de provar que pode segurar o tranco sem a presença de Özil.
Tem brasuca aí? Naldo (zagueiro) e Wesley (volante)
Pontos fortes: Tem miolo de zaga relativamente estável e jogadores experientes; a dupla Almeida-Pizarro não é das piores; Marin pode estourar como jogador talentoso.
Pontos fracos: Wiese é bom goleiro, mas nem sempre passa segurança ao time; laterais pouco presentes no ataque, principalmente na esquerda; poucas opções de velocidade no elenco.

Tottenham*
Tardou, mas chegou


Os Spurs comemoraram muito a chegada até a fase principal da Champions. A espera foi longa: 49 anos sem disputar a principal competição europeia, a qual só esteve presente em 1961/62. A história no torneio é curta, mas a equipe londrina quase aprontou para cima do grande Benfica, de Eusébio. Na ocasião, a equipe perdeu para os portugueses nas semifinais em dois jogos duríssimos, o que poderia ter mudado o primeiro adversário do Santos na disputa do Mundial Interclubes de 1962, já que os Encarnados foram campeões daquela temporada.

Nos últimos anos, o Tottenham “bateu na trave” para voltar à Champions. Mas finalmente conseguiu, com o quarto lugar na última Premier League. Na fase eliminatória, susto na primeira partida contra o Young Boys (perdeu por 3-2, após sair atrás por três gols), mas passeou jogando no estádio White Heart Lane. Além dos gigantes da Inglaterra, é um dos clubes que mais investe em jogadores caros (atrás somente do turbinado Manchester City). Para esta temporada, a grande aquisição veio nas últimas horas da janela de transferência: o holandês Rafael Van der Vaart, descartado no Real Madrid, mas que será de grande valia na equipe comandada por Harry Redknapp, há quase três temporadas no clube.

A base da equipe foi mantida e fortalecida, com a vinda do volante Sandro – campeão da Libertadores pelo Inter em 2010, mas que acabou não sendo inscrito nesta fase – e Van der Vaart. Com o goleiro Gomes em crescimento após um começo instável no clube, a defesa é razoável, mas com bons laterais (Corluka e Bale, que também atua como meia) e reforçada com o experiente Gallas – aquisição que veio do arquirrival Arsenal. O trunfo dos Spurs são as variadas opções no meio-campo: Lennon, Huddlestone, Palácios, Jenas, Sandro, Modric, Kranjcar e Van der Vaart. O ataque não fica atrás, com Crouch, Robbie Keane, Pavlyuchenko, Defoe e Giovani dos Santos. E o qualificado leque de opções deixam os ingleses como favoritos a segunda vaga do grupo. Porém, duas baixas recentes acometeram o elenco: o atacante Jermeine Defoe (três meses fora, tornozelo) e o zagueiro Michael Dawson (seis semanas fora, joelho).

Tottenham Hotspur Football Club
Status: Fase final
Melhor resultado na UCL: Semifinalista, em 1961/62
Time Base: Gomes; Corluka, King, Dawson (Gallas) e Assou-Ekotto (Bale); Huddlestone, Palacios (Sandro), Modric (Lennon) e Van der Vaart; Defoe (Keane) e Crouch. Técnico: Harry Redknapp
Ele é o cara! Mal aproveitado no Real, Van der Vaart chega com status de estrela na equipe, da qual deve logo arrebatar a vaga de titular; Apoia bem o ataque e deve municiar o setor com bons passes e cobranças de bola parada.
Olho nele: Após estourar no Barcelona, o mexicano Giovani dos Santos perdeu espaço e acabou nos Spurs, onde ainda não conseguiu emplacar uma sequência. Agora, o atacante volta de empréstimo do Galatasaray e deve ser mais utilizado. Opção de habilidade e velocidade dentre os grandalhões do elenco para o ataque.
Tem brasuca aí? Gomes (goleiro) e Sandro (volante)
Pontos fortes: Diversas opções no elenco, principalmente no meio-campo e ataque; base da equipe está bem entrosada.
Pontos fracos: Por vezes, depende demais das jogadas aéreas para os grandalhões Crouch e Pavlyuchenko; Gomes é bom goleiro, mas não é garantia de 100% de confiabilidade; linha de zaga relativamente lenta.

Twente
Zebra em crescimento


O enfraquecimento dos clubes tradicionais holandeses nas últimas temporadas vem dando espaço para as equipes consideradas médias, mas que alcançam as grandes competições montando times bem organizados e compactos. Se a surpresa dos Países Baixos na última temporada foi o AZ Alkmaar, nesta temporada a surpresa vem da pequena cidade de Enschede, de 150 mil habitantes. O FC Twente ficou no "quase" em 2009, quando foi vice-campeão da Eredivisie e perdeu a chance de chegar à Champions por conta de um gol tardio na eliminatória, diante do Sporting. Porém, na última temporada, a equipe fez bonito: garantiu o campeonato nacional (primeira vez na história) e garantiu vaga direta à fase de grupos, na qual é um dos cinco debutantes desta edição.

Em relação ao time vitorioso, uma perda sentida: após o mau trabalho no comando da seleção inglesa, da qual saiu em 2008, o técnico Steve McClaren deu a volta por cima. Porém, o inglês rumou para o Wolfsburg, deixando o cargo para lendário ex-goleiro da seleção belga e agora técnico Michel Preud'homme, que já arrebatou sua primeira taça no comando dos Tukkers: a Supertaça da Holanda, sobre o tradicional Ajax. Porém, a base da equipe de 2009/10 foi mantida e trouxe alguns nomes experientes, como o atacante austríaco Marc Janko e o experiente volante Denny Landzaat, que já defendeu a seleção holandesa. Ainda assim, o Twente não aspira mais do que dar trabalho aos outros membros do grupo.

F.C. Twente '65
Status: Zebra
Melhor resultado na UCL: Estreante na fase de grupos
Time Base: Michajlov; Tiendalli, Douglas, Wisgerhof e Carney (Rosales); Brama, Janssen e Luuk de Jong (Chadli); Ruiz, Bajrami e Janko. Técnico: Michel Preud'homme
Ele é o cara! Vice-artilheiro da última Eredivisie com 24 gols, o costarriquenho Bryan Ruiz é o atacante com mais recursos no elenco. Alia a velocidade com a capacidade de finalizar com qualidade. Chegou a ser cotado para substituir Luís Fabiano no Sevilla, caso o brasileiro tivesse deixado o clube espanhol.
Olho nele: Outra jovem esperança na frente, Luuk de Jong, 20 anos, deve ganhar espaço com a saída dos atacantes N'Kufo e Stoch do clube. Mostrou estrela ao fazer o gol do título da Supercopa holandesa, na final contra o Ajax.
Tem brasuca aí? Douglas (zagueiro)
Pontos fortes: Manteve o time campeão, o que deve trazer poucos problemas quanto ao entrosamento. Ruiz é goleador e tem a chance de aparecer na vitrine da principal competição continental.
Pontos fracos: Perdeu McClaren, o que sugere que o elenco leve algum tempo para se adaptar ao novo treinador. Tem um elenco modesto, com poucos nomes experientes para atuar numa Champions.

*Atualizado em 10 de setembro, com a não-inscrição de Sandro e a confirmaçã da contusão de Defoe.

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