8.9.10

Especial Champions League 2010/11 - Grupo C

Manchester United
Poucas (e jovens) novas caras


Seguindo a tendência dos grandes clubes ingleses, o Manchester United não fez nenhuma contratação milionária de impacto. O técnico Alex Ferguson resolveu apostar na consolidada base da equipe – que já atua junta há várias temporadas – e em jovens promessas para complementar o elenco.

A transação mais importante foi a do atacante mexicano Javier “Chicharito” Hernandez, 22 anos, junto ao Chivas, antes da Copa do Mundo da África do Sul. O camisa 14 foi uma das revelações do torneio e provou que pode ser uma boa opção de ataque aos Red Devils. O defensor Chris Smalling, 20 anos, foi contratado junto ao Fulham. Mas a mais surpreendente aquisição é um jovem atacante português, desconhecido até então do grande público: Tiago Manuel Dias Correia, conhecido como Bebê, também com 20 anos. Ex-morador de rua, se destacou quando foi artilheiro na Copa do Mundo dos sem-teto, onde representou Portugal. Contratado junto ao Vitória de Guimarães, é desconhecido para o técnico do United, que revelou a aposta no jovem talento por indicação de um olheiro do clube em terras portuguesas.

A base é boa, com forte defesa formada pelo veterano e eficiente goleiro Van der Sar, os zagueiros Rio Ferdinand e Vidic e o lateral Evra – com o brasileiro Rafael ganhando espaço na lateral direita. Se não possui um meio-campo cerebral, conta com peças muito eficientes, como os veteranos Scholes e Giggs, o veloz Park Ji-Sung e os ariscos meias Nani e Valencia, além do brasileiro Anderson e de Carrick. O ataque, inicialmente formado por Berbatov e Rooney, terá opções jovens para o setor: Obertan, Hernández e Bebê. Resta saber como os novatos responderão ao chamado de Ferguson em campo, caso a equipe perca seus principais atacantes por suspensão ou contusão.

Manchester United Football Club
Status: Fase Final
Melhor resultado na UCL: Tricampeão, em 1967/68, 1998/99 e 2007/08
Time Base: Van der Sar; O’Shea (Rafael), Ferdinand, Vidic e Evra; Fletcher (Carrick), Scholes (Ji-Sung), Nani e Valencia; Berbatov e Rooney. Técnico: Alex Ferguson
Ele é o cara! Mesmo atravessando má fase profissional (má atuação na Copa) e pessoal (escândalo de adultério), o atacante Wayne Rooney segue sendo a esperança de gols e jogadas improváveis na equipe. Chuta bem com os dois pés, sabe cabecear e é um leão em campo.
Olho nele: Contratado por 10 milhões de euros, Javier Hernández foi um dos destaques do México no último Mundial. Veloz e bom finalizador, pode ser boa opção em lugar do búlgaro Berbatov, mais trombador no ataque.
Tem brasuca aí? Rafael e Fábio da Silva (laterais) e Anderson (volante)
Pontos fortes: Tem uma defesa sólida e entrosada há vários anos, além de um meio campo que consegue aliar força, marcação e velocidade; em boa fase, Rooney pode desequilibrar.
Pontos fracos: A atual fase de Rooney pode influenciar seu desempenho nas partidas; opções de qualidade, mas pouco experientes no ataque; a falta de um armador nato para preparar as jogadas.

Valencia
Limitado pela nova casa

Vice-campeão da Champions por duas vezes seguidas entre 1999 e 2001, o Valencia atual não é nem sombra daquele que brigou pela coroa europeia. Ainda com seu principal protagonista dos últimos anos, o atacante David Villa, conseguiu arrebatar o terceiro lugar de La Liga e garantiu vaga direta ao nobre torneio continental. Porém, a equipe se desfez de suas principais peças: em nome da nova casa da equipe – o estádio Nuevo Mestalla, ainda em construção – os Ches não resistiram às propostas milionárias por Villa (40 milhões de euros, para o Barcelona) e David Silva (33 milhões de euros, para o Manchester City). Em contrapartida, nenhum grande nome de peso. O maior investimento foi no atacante Roberto Soldado, revelado pelo Real Madrid e que fez boas jornadas pelo mediano Getafe, chegou por 10 milhões de euros.

Com a saída de Silva e Villa, o jovem e habilidoso meia-atacante Juan Mata – integrante do elenco espanhol campeão do mundo – é a esperança de algo diferenciado na equipe, que conta também com a experiência de jogadores como Albelda, Joaquín e Vicente. E isso pode ser o diferencial para que a equipe espanhola seja para a favorita a segunda vaga do grupo.

Valencia Club de Fútbol S.A.D.
Status: Fase Final
Melhor resultado na UCL : Vice-campeão, em 1999/2000 e 2000/01
Time Base: Sánchez; Miguel, David Navarro, Ricardo Costa (Maduro) e Mathieu; Albelda, Banega, Vicente e Joaquin (Hernández); Mata e Soldado (Aduriz)
Ele é o cara! Jovem, habilidoso e campeão do mundo com a Espanha, Juan Mata pode jogar tanto como quarto homem do meio, quanto como primeiro atacante. É o atleta com mais recursos do time, que pode desequilibrar uma partida.
Olho nele: Argentino da geração de Messi, Agüero e Di Maria, Ever Banega chegou à Europa cercado de expectativas ao próprio Valencia, em 2008. Não se firmou, foi emprestado ao Atlético de Madrid e retornou para nova chance nos Ches, no início da última temporada, na qual teve boa participação. Volante incansável, marca e sai para o jogo com qualidade.
Tem brasuca aí? Nenhum
Pontos fortes: É um time com peças-chave de experiência, principalmente no meio-campo, com Joaquin, Albelda e Vicente; Mata é habilidoso e pode desequilibrar; o lateral português Miguel é bom no apoio ao ataque.
Pontos fracos: Perdeu dois jogadores fundamentais e não contratou nenhuma peça de reposição à altura; tem incógnitas para o comando de ataque.

Rangers
Adeus que pode motivar

O técnico do Rangers, Walter Smith, declarou ao renovar seu contrato que esta seria sua última temporada como técnico de futebol. Em duas passagens pela equipe (entre 1991 e 1998, depois retornou em 2007), foram nove títulos nacionais e cinco Copas da Escócia. Por isso, o elenco dos Gers deve lutar para dar uma boa campanha da equipe como presente de despedida ao chefe. Apesar da equipe ter chegado até a final da Copa da UEFA (atual Europe League) de 2007/08, não realizaram boas campanhas recentes na história da Champions: foram duas eliminações na fase de grupos e uma na pré-qualificatória nas últimas três edições.

Para esta temporada, contratações modestas. A de maior importância é o jovem meia eslovaco Vladimir Weiss, 20 anos, emprestado pelo Manchester City para adquirir mais experiência. Além dele, somente os atacantes James Beattie (Stoke City) e Nikica Jelavic (Rapid Viena), além do empréstimo do zagueiro Ricky Foster, do Aberdeen local. Porém, a saída do artilheiro da última Scottish Premier League, Kris Boyd (Middlesbrough), pode trazer dificuldades ao já limitado setor ofensivo do time. Com uma base consolidada, mas de poucos valores individuais, o Rangers briga com o estreante Bursaspor pela vaga na Europe League. Por isso, a experiência na competição e o tradicional jogo britânico, de força e baseado principalmente nas bolas aéreas, podem pender a favor dos atuais campeões escoceses.


Rangers Football Club
Status: Vaga na Europe League
Melhor resultado na UCL: semifinalista, em 1959/60
Time Base: McGregor; Whitaker, Weir, Bougherra e Papac; Maurice Edu, Davis, Lafferty e Naysmith (Weiss); Kenny Miller e Beattie. Técnico: Walter Smith
Ele é o cara! Com a saída de Boyd, a função de homem gol recai sobre Kenny Miller, 18 gols na última liga escocesa.
Olho nele: Um dos bons valores da Eslováquia que surpreendeu ao chegar às oitavas no último Mundial da África do Sul, Vladímir Weiss deve injetar um pouco mais de juventude e técnica ao time, se bem aproveitado.
Tem brasuca aí? Nenhum
Pontos fortes: São bem entrosados e contam com uma defesa forte fisicamente; Miller é matador, apesar de não ser nenhum primor técnico.
Pontos fracos: Além de perder seu goleador nas últimas temporadas, renovou pouco a equipe, que possui alta média de idade, como o zagueiro Weir, de 40 anos.

Bursaspor
A z
ebra atrevida

Estreante na Champions League e com pouquíssima experiência em competições europeias – apenas duas participações na extinta Recopa, em 1974/75 e 1986/87 – o Bursaspor chega ao Grupo C sem aquela pinta de ser o grande saco de pancadas. Apesar da disparidade técnica em relação a Manchester United e Valencia, os Yeşil Timsahlar (Crocodilos Verdes) não estão distantes do velho elenco dos Rangers. Ou seja: é possível sonhar com uma vaga na Europe League, o que seria um feito notável para o atual campeão nacional da Turquia. O título inédito em 2009/10 quebrou uma hegemonia de 26 temporadas em que a Super Lig ficava nas mãos do trio de ferro Fenerbahçe-Galatasaray-Besiktas. É apenas o quinto clube diferente a vencer o torneio no país, em pouco mais de 60 anos.

Em seu debute, a equipe do técnico Ertugrul Saglam manteve a base vencedora e se reforçou com Vederson – brasileiro naturalizado turco –, lateral esquerdo contratado junto ao Fenerbahçe, além do pacotão argentino, composto pelo meias Federico Insúa e Damián Steinert e o atacante Leonel Nuñez, que estiveram na disputa do último Clausura Argentino por Boca Juniors, Racing e Independiente, respectivamente. Com experiência no torneio continental adquirida quando fez parte do elenco do Porto, o zagueiro sérvio Milan Stepanov pode ser de grande valia ao time, que tem no entrosamento elenco a sua maior virtude. Na conquista do campeonato nacional, foi o dono do melhor ataque do torneio, mas curiosamente, não emplacou nenhum goleador entre os 10 primeiros artilheiros da liga turca.

Bursaspor Kulübü Derneği
Status: Vaga na Europe League
Melhor resultado na UCL: estreante
Time Base: Ivankov; Tandogan, Stepanov, Erdogan e Vederson; Çinsir, Ergic, Sen e Batalla; Yildrim (Ipek) e Ñunez. Técnico: Ertugrul Saglam
Ele é o cara! Uma das peças fundamentais no meio-campo, o argentino Pablo Batalla se firmou na equipe, a qual se integrou no começo da última temporada. Artilheiro do time na campanha do primeiro título turco, mostrou versatilidade na armação de jogadas e na finalização ao gol.
Olho nele: Jovem atacante e com passagens por todas as seleções de base da Turquia, o atacante Sercan Yildrim, 20 anos, pode ganhar de vez o posto de titular. Revelado pelo próprio clube, só não se firmou ainda por conta algumas contusões, que acabaram freando o desenvolvimento do centroavante.
Tem brasuca aí? Nenhum
Pontos fortes: Manteve a base campeã nacional, que mostrou no último torneio um conjunto forte, sem grandes individualismos.
Pontos fracos: Carece de um definidor confiável, já que Yildrim – aparentemente o avante mais talentoso – se machuca com regularidade; é um clube inexperiente em disputar competições europeias.

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