Especial Champions League 2009/10 - Grupo C

Real Madrid
A volta dos galácticos

Depois de ver o arquirrival Barcelona jogar bonito e ganhar tudo na temporada passada, Florentino Pérez voltou à presidência da equipe e, com ele, trouxe os holofotes novamente para o Santiago Bernabéu com a prometida volta de uma equipe galáctica e com a presença dos dois últimos jogadores eleitos como melhores do mundo pela FIFA, Kaká e Cristiano Ronaldo, respectivamente. Nada menos que quatro das cinco negociações mais caras desta temporada foram feitas pelo Real. Agora resta saber se, ao contrário da primeira geração, esta vai trazer resultados dentro de campo, e não apenas aos cofres do clube e a maciça cobertura na mídia esportiva. As expectativas são grandes, claro, já que a equipe - maior vencedora da Champions, com nove títulos - não passa das oitavas há cinco temporadas. Para o cargo de treinador veio o chileno Manuel Pellegrini, após realizar bom trabalho no Villarreal. A missão do enginero será árdua: além de conseguir fazer a equipe render, vai precisar domar o inflado ego das estrelas, além de ter a coragem de, possivelmente, barrar o ídolo, capitão e quase dono do time, Raúl.

Ao contrário de seu primeiro mandato, porém, Pérez não se esqueceu de olhar para a parte defensiva da equipe, com a chegada dos defensores Álvaro Arbeloa e Raúl Albiol que, se não são excelentes, são bons jogadores e não comprometem, além do eficiente volante Xabi Alonso. Ao lado de Lassana Diarra, tem tudo para formar uma excelente dupla de volantes, capazes de defender a equipe com firmeza e ainda fazer a bola chegar com qualidade aos pés de Kaká, Cristiano Ronaldo, Raúl e Benzema. Se tivesse mantido os holandeses Arjen Robben e Wesley Sneijder, estaria com o elenco ainda mais forte. Ainda assim, Pellegrini tem um elenco capaz de ameaçar a hegemonia do Barcelona na Europa e trazer um título que não chega desde a temporada 2001/02. Além dessa escassez, a grande final da competição será no Santiago Bernabéu, um fator de motivação a mais aos novos galácticos.

Real Madrid Club de Fútbol
Status: Favorito ao título
Melhor resultado na UCL: Nove vezes campeão (1955/56, 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60, 1965/66, 1997/98, 1999/00, 2001/02)
Time-Base: Casillas; Sérgio Ramos, Pepe, Albiol e Marcelo; Lassana Diarra, Xabi Alonso, Kaká e Raúl (Higuaín); Cristiano Ronaldo e Benzema.
Ele é o cara! Com a presença dos dois últimos melhores jogadores do mundo, fica difícil escolher o cara. Apesar de toda a badalação em cima do português Ronaldo, quem deve comandar a equipe é o meia Kaká. Sem fazer muito barulho e em excelente fase física e técnica, o ex-milanista vai ser o cérebro da equipe, responsável por municiar o ataque galáctico do Real, e aos poucos vai se tornar um dos líderes da equipe, naturalmente.
Olho nele: Apesar da titularidade na seleção francesa e uma passagem de sucesso pelo Lyon, o atacante Benzema ainda precisa mostrar que realmente pode ser considerado um galáctico. Rápido e bom finalizador, tem tudo para explodir de vez com a camisa merengue. Foi um dos melhores do time na pré-temporada.
Tem brasuca aí? Marcelo (lateral-esquerdo) e Kaká (meia)
Pontos fortes: Aumento de velocidade e qualidade nas ações ofensivas, com os ágeis e habilidosos Benzema-Kaká-Ronaldo, ajudados por outros jogadores técnicos, como Alonso e Marcelo.
Pontos fracos: A equipe ainda precisa buscar entrosamento para poder fazer frente ao Barcelona e a outras grandes equipes, já que a primeira "Era Galáctica" mostrou que a presença de muitos craques não se traduz necessariamente em um time vencedor.

Olympique de Marselha
O único campeão francês da Champions

O atual vice-campeão francês acabou não levando muita sorte no sorteio e caiu no que é considerado por alguns como o grupo mais difícil da competição - irá enfrentar nada menos que os dois maiores vencedores da história da Champions League. A seu favor pesam o desentrosamento do Real e a conturbada fase técnica vivida pelo do Milan, time com o qual pode brigar para ficar com a segunda vaga. Para isso, o Marseille investiu pesado (para os padrões franceses), tendo como o principal reforço o ótimo meia Lucho Gonzalez (ex-Porto), pelo qual desembolsou € 17,5 milhões. Trouxe ainda o zagueiro Heinze (ex-Real Madrid) e o atacante Morientes (ex-Valencia), experientes e acostumados com o torneio. Djibril Cissé acertou a sua ida para o Panathinaikos e pode fazer falta como uma opção de força no ataque.

Os três reforços citados devem formar o pilar do OM, comandados pelo ex-jogador Didier Deschamps, campeão no único triunfo no maior campeonato europeu, em 1992/93. O brasileiro Brandão – contratado junto ao Shakhtar em janeiro – caiu como uma luva no ataque e se tornou referência para o setor ofensivo. Inicialmente, deve ficar com a vaga na Europe League, mas promete não dar vida fácil para os espanhóis e italianos.

Olympique de Marseille
Status: Vaga na Europe League
Melhor resultado na UCL: Campeão em 1992/93
Time-Base: Mandanda; Kabore, Diawara, Heinze e Taiwo; Edouard Cissé (Mbia), Abriel (Lucho González) e Cheyrou; Koné, Niang e Brandão.
Ele é o cara! Lucho Gonzalez chegou com a missão de comandar o meio-campo dos franceses. Habilidoso, cerebral e incansável, o argentino foi apelidado de El Comandante pela imprensa portuguesa, por sua capacidade de controlar o ritmo de sua ex-equipe. A má notícia é a sua contusão na clavícula sofrida em julho, que fará com que volte ao time somente em outubro.
Olho nele: Com o esquema ofensivo utilizado pelo OM, a contratação do camaronês Stéphane Mbia junto ao Rennes é crucial para reforçar a cabeça de área da equipe. Marcador forte e eficiente, pode ganhar espaço gradual na equipe de Deschamps.
Tem brazuca aí? Elinton Andrade (goleiro), Hilton (zagueiro) e Brandão (atacante)
Pontos fortes: É uma equipe veloz, que centraliza o brasileiro Brandão no comando de ataque, enquanto Niang e Koné ficam abertos pelos flancos. Taiwo é bom no apoio pela ala esquerda, enquanto González cadencia bem o jogo.
Pontos fracos: A utilização do argentino Heinze como zagueiro, ao lado do recém-contratado Diawara. Heinze é lento e baixo, e pode comprometer, ainda mais sabendo que o lateral nigeriano Taiwo avança bastante ao ataque.

Milan
Gigante e figurante?

Nem o mais fanático torcedor rossonero nutre grandes expectativas sobre as chances de a equipe chegar muito longe nesta Champions. Com a venda de Kaká, o time - que já não era um dos favoritos - praticamente deu adeus ao sonho do octa europeu. Aliada a perda do craque, o grande ídolo Maldini pendurou as chuteiras, enquanto o técnico Carlo Ancelotti, depois de quase nove temporadas à frente da equipe, foi para o Chelsea, dando lugar ao bem cotado, porém inexperiente Leonardo. E para finalizar, quis o destino que o sorteio colocasse o Real de Kaká - principal jogador rossonero dos últimos anos - no seu caminho, em dois jogos consecutivos, nos dias 21 de outubro (na Espanha) e 3 de novembro (na Itália).

O time é praticamente o mesmo da temporada passada. A única contratação de impacto foi a do atacante Klaas-Jan Huntelaar, longe de resolver todos os problemas da equipe. O holandês formará a dupla de ataque com Pato, deixando o veterano Inzaghi com a missão de fazer seus gols salvadores no segundo tempo. Ronaldinho foi cobrado publicamente pelo presidente Silvio Berlusconi para voltar a ser o grande craque do passado.

Contudo, a pré-temporada do time foi desastrosa e a humilhante derrota frente ao rival Inter no último dérbi mostram que Leonardo vai ter trabalho para dar uma cara a esse novo Milan. Pirlo continua sendo a luz no meio-campo rossoneri. Teoricamente, seria o favorito para ficar com a segunda vaga do grupo, mas precisa tomar cuidado para não ver os franceses do Marseille surpreenderem numa eventual briga pela segunda vaga.

Milan Associazione Calcio SpA
Status: Fase final
Melhor resultado na UCL: Sete vezes campeão (1962/63, 1968/69, 1988/89, 1989/90, 1993/94, 2002/03, 2006/07)
Time-Base: Storari (Dida); Zambrotta, Thiago Silva, Nesta e Jankulovski; Pirlo, Gattuso, Ambrosini (Flamini) e Ronaldinho; Pato e Inzaghi (Huntelaar).
Ele é o cara! Com a saída de Kaká, Ronaldinho assumiu o posto de craque do time. Não é preciso comentar sobre as suas qualidades. Resta saber se vai voltar a jogar o futebol que encantou o mundo ou se vai continuar achando que tocar para um lado e olhar para o outro é o suficiente.
Olho nele: A defesa rubro-negra foi considerada por muito tempo como uma das melhores do mundo. Nos últimos anos, porém, vinha sendo bastante criticada, além de contar com muitos veteranos. E após a aposentadoria do capitão Maldini, Thiago Silva vai finalmente poder atuar em jogos oficiais e mostrar que a torcida pode voltar a confiar na retaguarda milanista. Seguro, ágil, veloz e bom na jogada aérea, o brasileiro pode ser um dos destaques da equipe.
Tem brasuca aí? Dida (goleiro), Thiago Silva (zagueiro), Ronaldinho (meia), Alexandre Pato (atacante) e Leonardo (treinador)
Pontos fortes: Thiago Silva e Nesta (enquanto não se lesionar outra vez) formam uma excelente dupla de zaga. Pirlo é o responsável por ligar a defesa ao ataque com qualidade e é excelente na bola parada, enquanto Gattuso continua sendo o cão de guarda do meio-campo.
Pontos fracos: O Milan perdeu o seu principal jogador e não trouxe nenhum nome de peso - preferiu apostar em Ronaldinho. Pato alterna bons e maus jogos, a equipe tem laterais veteranos e depende muito da lucidez e de um dia inspirado de Pirlo. Desde que Dida saiu do time (chegou a voltar depois), nenhum goleiro conseguiu se firmar.

FC Zürich
Azarão que já foi semifinalista

O atual campeão suíço chegou à fase principal da competição depois de passar pela etapa eliminatória por NK Maribor (Eslovênia) e FK Ventspils (Letônia), perdendo apenas uma partida, marcando dez gols e sofrendo quatro, em quatro jogos. Ainda assim, é um time que prima principalmente pela marcação, deixando apenas um atacante isolado na frente e contando com o talento do ambidestro Johan Vonlanthen - contratado recentemente junto ao Red Bull Salzburg -, jogador mais criativo da equipe. Por todas as jogadas de armação ou finalização passarem pelos seus pés, fica fácil anular o único ponto forte da equipe, que parece lenta na transição para o ataque.

Com muitos jogadores experientes e cheio de volantes, o Zuri é o franco-atirador deste Grupo C e ficaria extremamente satisfeito se conseguisse a vaga na Europe League, apesar de ser algo muito difícil, dada a diferença técnica entre a equipe suíça e Real Madrid, Milan e Olympique. Repetir a campanha de 1976/77, quando a equipe foi batida pelo Liverpool nas semifinais do torneio continental, soa como um grande devaneio nos dias de hoje.

Fussballclub Zürich
Status: Azarão
Melhor resultado na UCL: Semifinalista (1976/77)
Time-Base: Guatelli; Stahel (Lampi), Tihinen, Rochat e Gajic; Aegerter, Margairaz, Okoronkwo, Djuric e Vonlanthen; Hassli.
Ele é o cara! O versátil Johan Vonlanthen, apenas 23 anos, pode jogar tanto vindo de trás como fixo no ataque. É peça importante também na seleção suíça.
Olho nele: Talento tunisiano, Yassine Chikhaoui chegou ao Zürich em 2007 com apenas 21 anos. Após longo tempo se tratando de uma contusão no joelho, voltou em abril deste ano e pode dar mais opções ao limitado ataque da equipe.
Tem brasuca aí? Nenhum
Pontos fortes: Além de ser um time com muitos jogadores experientes, o talento de Vonlanthen pode fazer alguma diferença.
Pontos fracos: Time muito previsível e de poucas ações e variações ofensivas de qualidade.

Jogos:
15/09 Olympique x Milan
19/09 Zürich x Real Madrid
30/09 Milan x Zürich
30/09 Real Madrid x Olympique
21/10 Real Madrid x Milan
21/10 Zürich x Olympique
03/11 Milan x Real Madrid
03/11 Olympique x Zürich
25/11 Real Madrid x Zürich
25/11 Milan x Olympique
08/12 Zürich x Milan
08/12 Olympique x Real Madrid