29.9.06

Arsène Wenger é 10!!!


Vamos voltar no tempo, caro torcedor? Manchetes nos tablóides esportivos ingleses de 1996: O novo técnico dos gunners estava anteriormente em clube japonês. Os torcedores se perguntavam: Onde diabos foram buscar esse almofadinha francês?
Dez anos depois, quando se fala em Arsène Wenger, logo nos remetemos ao Arsenal. Pois é, o treinador francês completa no fim deste mês de setembro dez anos à frente dos gunners. Se eu disser isso a qualquer torcedor brasileiro desavisado, ele duvidará, com certeza. Se já é dificil por aqui o treinador manter-se dez jogos no cargo, quem dirá dez anos? Por isso, utilizarei este nobre espaço para falar um pouco mais deste grande treinador que se tornou Arsène Wenger.

A Carreira

Como jogador, o defensor Wenger atuou no futebol amador da França. Lá defendeu pequenos clubes, ao mesmo tempo em que estudava Economia na Universidade de Estrasburgo, onde obteve seu diploma de economista, em 1974. Mal sabia ele que seus conhecimentos em economia o ajudariam, no futuro, a se tornar um excelente técnico e manager.
Tornou-se jogador profissional em 1978, pelo RC Strasbourg. E foi lá que o futuro técnico venceu seu primeiro campeonato como jogador: foi campeão da Liga Francesa, em 1979. Mas o zagueiro Wenger não foi muito efetivo no título conquistado, pois atuou apenas três vezes em todo o campeonato. Em 1981, largou a carreira de jogador e começou a dar seus primeiros passos como treinador nos juniores do próprio Strasbourg.
Após passagem como assitente técnico do Cannes, em 1984 e uma passagem sem brilho pelo Nancy, no mesmo ano, Wenger aportava no Principado de Mônaco para assumir o time monegasco, em 1987. Começava, nesse instante, a aparecer o trabalho do franzino técnico francês na Europa.
À frente do Monaco, logo em sua primeira temporada como treinador da equipe, conquistou a Liga Francesa de 87/88, com apenas seis derrotas em 38 jogos. Jogadores como Glenn Hoodle e Mark Hateley ajudaram Wenger a conquistar seu primeiro título como treinador (ainda foi eleito o técnico do ano na França, em 1988) e o quinto dos monegascos na França. Essa conquista representou muito para o clube, que em seu site oficial diz que a equipe montada por Wenger representa a passagem para a história contemporânea do Monaco. Wenger conseguiria ainda pelo time do Principado mais uma Copa da França (1991), dois vice-campeonatos franceses consecutivos (90/91 e 91/92) e o vice-campeonato da Recopa européia de 1992 perdido para o Werder Bremen. Esses feitos colocaram Wenger em evidência no cenário europeu, despertando o interesse de alguns clubes pelo seu trabalho. O francês permaneceu por sete anos no Monaco. Em 1994, o treinador francês recebeu proposta do Bayern, mas recusou-se a deixar o clube que o acolheu. Acabou se retirando para um "exílio" no futebol japonês, onde passou a comandar o Nagoya Grampus Eight. Wenger também fez sucesso no Japão, onde conquistou a Copa do Imperador, na temporada 1995/1996, além de ter sido eleito o melhor técnico da mesma temporada.
Após a renúncia do técnico Bruce Rioch, em agosto de 1996, o Arsenal estava a procura de um novo técnico. Havia muitas especulações e o nome de Wenger era muito ventilado. E em 28 de setembro de 1996, Arsène Wenger confirmou o acerto com os gunners. Em meio a desconfiança dos torcedores, o francês assumia o Arsenal já quebrando um tabú: era o primeiro treinador da equipe de Highbury nascido fora da Grã-Bretanha. E começaria aí um casamento que perdura até hoje.
Em sua primeira temporada em Highbury, Wenger conseguiu o terceiro lugar na Premier League. E foi nessa temporada que ele solicitou a contratação do promissr meio-campista francês Patrick Vieira. E na temporada seguinte, o treinador francês mostrou a que veio: conquistou a dobradinha na Inglaterra (Premier League e Copa da Inglaterra), a segunda dos gunners da história. E essa equipe revelou jogadores que não saem da memória dos torcedores, como Tony Adams, Lee Dixon, Martin Keown, Emmanuel Petit, Patrick Vieira, Marc Overmars e Dennis Bergkamp.
E os feitos de Wenger não param por aí. Depois de ter conquistado mais um título inglês (2001/2002), ele conseguiu um feito grandioso: na temporada 2003/2004, comandou o Arsenal à conquista da Liga Inglesa, de forma invicta. Algo que não ocorria desde 1889. E nessa última temporada, quase Wenger levou o Arsenal à sua maior conquista, quando os ingleses caíram frente ao Barcelona na final da Champions League, disputada no Stade de France, em Paris.
E na iminência de completar dez anos no cargo de treinador, a diretoria do Arsenal cogita a possibilidade de dar a Wenger um cargo vitalício na diretoria do clube londrino, pois segundo eles "seria desastroso vê-lo a serviço de outra equipe". Nada mais justo para uma das personalidades mais vitoriosas da história dos gunners.
A capacidade de gerente também conferiu a Wenger feitos notáveis. Em mais de 20 anos de carreia como treinador, Wenger revelou ao mundo do futebol nomes como George Weah, Patrick Vieira, Nicolás Anelka, Kolo Touré, Van Persie e recentemente, o promissor Francésc Fabregas. E no caso de Anelka, o treinador deu o "pulo do gato": comprou o jovem atacante francês por 500 mil libras e posteriormente ajudou a vendê-lo ao Real Madrid por 22,3 milhões de libras, uma das transfêrencias mais caras da época! Além do lucro obtido com a venda de Anelka, a visão e a capacidade de investimento de Wenger foram fenomenais, pois com o dinheiro ele solicitou a compra de Thierry Henry, Robert Pires e Sylvain Wiltord, jogadores fundamentais em sua equipe na conquista de duas ligas inglesas.
Por fim, este perfil homenageia um dos técnicos - e administradores - mais capacitados e competentes atualmente. E pelo jeito, ele vai continuar por um bom tempo nos gunners.

Perfil

Nome completo: Arsène Wenger
Nascimento: 22 de
Outubro de 1949, em Estrasburgo - França
Apelido: O Professor
Clubes: Nancy (1984), Monaco (1987-1994), Nagoya Grampus (1994-1996) e Arsenal (desde 1996)
Títulos: 1 Liga Francesa
1 Copa da França
1 Copa do Imperador (Japão)
3 Ligas Inglesas
4 Copas da Inglaterra

3 comentários:

Alexandre Azank disse...

Que bom seria se tivéssemos técnicos aqui no Brasil com tanto amor a um clube! Hoje em dia o que vemos são um bando de mercenários que no primeiro aceno do dinheiro, saem correndo dos clubes que estão, quebrando contratos e deixando times na mão.
Parabéns para o vencedor Wenger por este feito e parabéns pela boa matéria recheada de pesquisa e informação.

Anônimo disse...

Nossa a primeira vez que eu li sobre o Arsenal não acreditei que o técnico completaria 10 anos a frente da equipe, isso está fora da realidade que estamos acostumados a ver aqui no Brasil, se já "copiamos" tanta coisa de fora por que não "copiar" isso também.

Erick Amirat disse...

Bom para este blog tão especial ficar completo, faltava a opinião de alguem importante. Por isso, vamos lá:

Primeiro quero parabenizar o nobre amigo André pela belo perfil do técnico do Arsenal. Muito bom !

Acredito que técnicos que durem anos no Brasil por um bom tempo será apenas uma utopia dentro do futebol. A cabeça dos dirigentes do país do futebol é de quinto mundo. Todo ano vemos times com dificuldades dentro da competição. Em vez de se dar confiança para o treinador corrigir possiveis defeitos no time, o que se vê é pressão de torcedores (também com cabeça de quinto mundo), dirigentes e por que não da imprensa, que logo após uma derrota fica procurando erros no time, que direta ou indiretamente recaem sob os ombros da parte técnica da equipe e não dos jogadores, que quando querem também demitem treinadores. Demitir técnico não muda time. Isso já está claro. Veja o exemplo do Fluminense que está com o seu sexto técnico do ano ou mesmo do São Caetano, exemplo de organização no passado e que hoje se comporta como time pequeno e que dificilmente escapará da degola no Brasileirão. Infelizmente tenho que acreditar que dificilmente verei um técnico no Brasil ficar mais de cinco anos no cargo. Hoje em dia, um ano já é motivo de comemoração...