7.10.09

O caso Mutu

Mais uma reviravolta – provisória – no embate entre Adrian Mutu e Chelsea nos tribunais: o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) suspendeu a punição dada ao romeno em agosto, na qual ele deveria “ressarcir” o clube londrino em € 17 milhões. O caso se arrasta desde que Mutu acertou sua transferência para a Juventus em janeiro de 2005. O jogador havia sido flagrado pelo uso de cocaína em outubro de 2004, quando defendia os Blues, acabou suspenso por sete meses dos campos pela Federação Inglesa (The FA) e acabou com seu contrato rescindido unilateralmente logo após a suspensão.

À época da transferência, Mutu era um prodígio talento que tinha brilhado no Calcio pelo Parma e custou € 22 milhões aos cofres do Chelsea, turbinados e abundantes pela chegada de Roman Abramovich ao poder. Pouco aproveitado pelo técnico José Mourinho, com um histórico de comportamento não muito favorável, ele faltou a treinamentos, levava vida polêmica e tinha problemas pessoais, fatos que culminaram com a descoberta do uso da droga em um exame, no qual Mutu nem pediu contraprova. Uma atitude lamentável para um jogador profissional – ainda mais um tão badalado quanto ele – e uma punição até certo ponto “branda”, em vista de outros casos de uso de cocaína, por exemplo. Mas ao ver o Chelsea pedir tal montante ao jogador, sendo que partiu do clube a atitude de demitir o jogador – e o investimento feito nele, precocemente no lixo – soa ingênua e hipócrita. Vide os casos atuais de jogadores-craques-problemáticos, como foio caso de Adriano na Inter - onde os nerazzurri insistiram com o Imperador até o limite - e Ronaldinho Gaúcho no Milan. Ambos, conhecidos pelo comportamento pouco inteligente fora das quatro linhas.

Como um investimento contratado para melhora do time, o Chelsea não fez nenhum esforço para saber a situação de Mutu à época, se era de fato um viciado, etc. Punir o jogador por ter despertado o interesse de outros clubes quando estava suspenso e sem clube não faz nenhum sentido, já que o Chelsea simplesmente abriu mão dele. Posteriormente, tentou retomar sua carreira na Juve, onde não foi tão brilhante como na passagem pelo Parma. Logo após, foi vendido à Fiorentina, onde se tornou um dos principais jogadores da equipe e que atualmente lhe dá suporte jurídico na batalha contra o Chelsea nos tribunais. Com a volta do bom futebol, logo se tornou uma das peças-chave para a seleção romena atual, ajudando a equipe a alcançar vaga na Copa de 2006. Ou seja, entre erros e acertos, se regenerou para o futebol - e longe de Stamford Bridge -, uma atitude digna.

“Não posso deixar de exercer meu direito de criticar uma sentença que parece profundamente injusta. Acho que paguei amplamente por um erro da juventude, que ficou a anos do homem e do jogador que sou hoje”, afirmou o romeno, que já declarou estar ciente da punição que merece pelo Chelsea. Mas a intransigência dos londrinos em não dar uma punição dentro da realidade – poderia fazer Mutu contribuir com centros de recuperação de viciados em drogas, por exemplo – não seria uma atitude mais exemplar e com um desfecho mais digno? Convenhamos, mesmo sendo uma bela quantia em euros, não fará falta considerável ao Chelsea, que insiste no cansativo embate nos tribunais.

4 comentários:

Marcel Jabbour disse...

De fato, toda essa batalha judicial é uma perda de tempo. Uma "multa social" seria bem mais indicada, como você sugeriu, André.

Dentro de campo, acho que o Mutu já sofreu bastante com os próprios erros.

Abraços

diletra.blogspot.com

Anselmo disse...

lamentável a atitude moralistóide do chelsea. adquiri mais um motivo para nao gostar do clube.

Vinicius Grissi disse...

É uma história muito confusa e complicada. Mas, acho que o Chelsea não tem direito de reclamar, afinal foi decisão do clube dispensá-lo.

Saulo disse...

É mesmo uma história complicada de mais.