Primeiro Campeão Brasileiro?
Bahia, campeão da Taça Brasil de 1959
Nesta semana muito se falou sobre a entrega de um relatório que luta pelo reconhecimento dos campeonatos nacionais disputados de 1959 a 1970. Caso a reivindicação seja aceita pela CBF, os campeões dos dois torneios que antecederam o Campeonato Brasileiro (Taça Brasil e Robertão) aumentariam o seu estoque de premiações.
No total, seis equipes sagraram-se campeãs durante esse período: Santos (6 vezes), Palmeiras (2 vezes) e Botafogo, Fluminense, Cruzeiro e Bahia (um cada). O principal argumento desses clubes que lutam por essa igualdade é afirmar que na época em que eram disputados, esses torneios tinham o mesmo peso que o atual campeonato nacional. Bom, para mim, não é bem assim.
Comecemos com a Taça Brasil. A Taça Brasil foi um torneio disputado de 59 a 68 e apesar de ser o único campeonato nacional da época, era um campeonato que não tinha e nunca teve a mesma representatividade do Brasileirão. E olha que servia até para classificar os representantes do país na principiante Copa Libertadores. Afinal, a sua criação ocorreu exatamente para este fim.
Tratava-se de um torneio “tiro-curto”, no qual participavam apenas alguns campeões estaduais, enfrentando-se num sistema eliminatório. Qualquer semelhança com a Copa do Brasil não é mera coincidência. Isso sem falar no privilégio que os representantes paulistas e fluminenses tinham ao entrar no torneio apenas na fase semifinal. Seria esse o motivo de, após 10 anos de disputa, apenas dois times de outro estado conseguiram levantar o caneco?
Por outro lado, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, popularmente conhecido como Robertão, já apresentava um pouco mais de critérios. Aboliram-se os “mata-matas” e, agora, cerca de 80% dos participantes permaneciam inalterados de uma edição para outra. Mesmo assim, o seu caráter extra-oficial e sua pequena duração não o credencia suficientemente.
Além disso, abro espaço para outro questionamento. Se em dois anos, houve a disputa da Taça Brasil e do Robertão (67 e 68) concomitantemente, qual será o critério utilizado para definir o “Campeão Brasileiro”? Dois campeões? Vale lembrar que em 67, o Palmeiras ganhou ambos. Seria o primeiro bicampeão de um ano só.
Na verdade, acho lamentável ver os dirigentes dos maiores clubes do Brasil gastarem suas energias com assuntos meramente publicitários. Por que, ao invés de reunirem-se para criar “dossiês” históricos, esses senhores não pensam em parcerias internas que ajudem a melhorar a situação do futebol do país?
Tanto faz, ser hepta, octa, decacampeão. De nada adianta teimar no reconhecimento de títulos antigos que tem menor importância, se qualquer nova promessa brasileira debanda para clubes sem a menor tradição mundial em troca de míseras milhas de euros.
5 comentários:
Eu concordo. E o pior, é que os dirigentes e o historiador insistem em empurrar os torneios goela abaixo, sem contextualizá-lo nas entrevistas. Talvez, se fosse que reconhecer um torneio, seria o Robertão mesmo, até pelo formato e os participantes. O Mauro César fez um belo post no blogo dele que vai de encontro as nossas opiniões.
Só pra citar um exemplo, a Mitropa Cup é considerada o embrião da Champions. Porém só participavam países da Europa Central. Depois da guerra, o torneio continuou existindo e foi inspiração pra Copa dos Campeões. A analogia é mais ou menos a mesma.
É uma perda de tempo mesmo, Thiago. A idéia de campeonato brasileiro, que começou em 71, já está mais do que incorporada no futebol nacional. Por mais que a CBF reconheça esses títulos, apenas os torcedores dos clubes beneficiados se vangloriarão desse mérito. Assino embaixo: os dirigentes deveriam buscar outras formas de colaborarem com o futebol brasileiro e fortalecerem suas equipes em busca de novos títulos, ao invés de correr atrás de do que já passou.
tb acho perda de tempo. e, realmente, os critérios eram outros. ficaria difícil comparar com o brasileirão, q justamente surgiu para q o país realmente tivesse um campeonato nacional.
fala-se que o critério atual é injusto com botafogo e santos, pois os times não estariam tendo o seu passado valorizado. ora, o rolo compressor colorado de tesourinha era um timaço e nunca teve oportunidade de colocar seu nome do panteão da glória do futebol brasileiro.
Respeitosamente discordo dos colegas missivistas. Oficializar os campeonatos a partir de 1959 seria um ato correto e salutar para o futebol brasileiro. O Brasil dos grandes países do futebol mundial - acredito, o maior - é o que tem sua competição nacional mais tardia. E oficializar os títulos não seria casuísmo, pois, todas as competições citadas eram oficiais da antiga CBD, não se tratando de nenhuma competição paralela. E sobre os anos em que "misturam-se" dois campeonatos, o critério poderia ser o de antiguidade, ou seja, prevalecendo a Taça Brasil.
Como Tudo deu inicio na Bahia, inclusive o Brasil, nada mais justo que o primeiro Campeão Brasileiro também seja o Bahia. At´d o galinho Zico marcou seu primeiro gol como profissional, na Bahia, e no Bahia, e mais onde foi que Pelé tomou a primeira água de côco, claro foi na Bahia.
Postar um comentário