4.7.08

Futebol e patriotismo

Todo mundo sabe o quanto o estadunidense é patriota em relação ao 4 de julho, data que marca o aniversário de sua independência do domínio inglês. No entanto, houve um dia em que essa importante data coincidiu com o maior evento de futebol.

Em 1994, a Copa do Mundo realizada nos EUA tentava colocá-los no mapa do futebol. Ou fazer com que eles se interessassem por isso. Não é preciso nem lembrar a importância e a rentabilidade de consumo dos norte-americanos em esportes como o futebol americano, basquete, baseball e hockey, por exemplo. A média de público de 60 mil espectadores foi, em números absolutos, a maior de todas as Copas. E no embalo da empolgada torcida da casa, a seleção dos EUA tentava fazer bonito na competição. Na época, os Yanks estavam tentando se reafirmar no futebol. Para isso, tinham como técnico o experiente Bora Milutinovic, à frente da equipe desde 1991.

Na Copa, começou a campanha no Grupo A (EUA, Suiça Romênia e Colômbia), com uma vitória, um empate e uma derrota. Conseguiu a classificação e iria pegar o Brasil nas oitavas. Somado ao fato de enfrentar a Seleção brasileira, o jogo seria em 4 de julho. No calor da Califórnia, os EUA proporcionariam um dos seus maiores momentos do futebol moderno, comparável ao terceiro lugar na Copa de 1930, a vitória sobre os ingleses em 1950 e ao proporcionar a “partida da paz”, com os eternos inimigos políticos, os iranianos, em 1998.

Na Seleção de Parreira, Raí sairia para entrada de Mazinho. O camisa dez fazia péssima Copa à aquela altura, deixando a cargo de Zinho a armação das jogadas. Mazinho o auxiliaria, mas sempre reforçando a marcação no meio, como pregava a cartilha de Parreira. No jogo, o Brasil penava para passar pela defesa, enquanto os EUA se propuseram a jogar mais atrás, com boa partida da dupla Balboa-Lalas. Com um Brasil pouco efetivo e algumas chances esporádicas americanas, a torcida do Stanford começou a acreditar no impossível. E após a expulsão de Leonardo, por cotovelada em Tab Ramos – a qual custou ao ala canarinho o restante da Copa por suspensão – muitos achavam que se os yanks fizessem um gol, e o Brasil poderia se desesperar. No entanto, após muita perseverança e algumas chanes perdidas, o passe de Romário achou Bebeto na direita, aos 28 minutos do 2º tempo. E o remate do camisa sete veio cruzado, vencendo Tony Meola.

Mesmo com a chegada de Beckham, grande expoente do atual momento futebol nos EUA, o futebol profissional por lá ainda peca pela falta de técnica e competitividade. Apesar do dinheiro, não tem o nível competição do seu vizinho, o México. Mesmo assim, muitos estadunidenses já brilham pelos campos europeus, tais como DaMarcus Beasley, Tim Howard e Freddy Adu, por exemplo. E o surgimento dessa geração se deve muito a aquela tarde de calor na Califórnia, onde muitos acreditaram que o patriotismo e a empolgação daquela geração de Balboa, Lalas, Wynalda e Meola pudessem vencer a técnica (apesar do simplismo de Parreira) de uma seleção triacampeã mundial.

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