Pelo segundo ano consecutivo, faço homenagem a este atleta que tem a função mais ingrata do futebol: evitar o gol, momento de êxtase do futebol. O dia do goleiro foi criado inicialmente como uma homenagem ao goleiro Manga, nascido em 26 de abril de 1937 e considerado naquele ano de 1976 (ano que se fixou o Dia do Goleiro na atual data) como o melhor goleiro do Brasil em atividade. Manga foi bicampeão brasileiro pelo Inter/RS (1975 e 1976), além de ter tido passagens destacadas no esquadrão do Botafogo da década de 60 e pelo Nacional do Uruguai, onde se sagrou campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 1971. Uma homenagem mais do que justa, representada por um dos maiores ícones das balizas tupiniquins.
Para mencionar a importância do goleiro em uma equipe, resolvi resgatar uma história antiga, de um grande goleiro que é pouco lembrado pelos admiradores de futebol. Antes de Petr Cech se tornar referência como um dos grandes goleiros da atualidade, outro conterrâneo seu, há quase 60 anos escreveu uma das páginas mais corajosas de um goleiroem uma Copa do Mundo.
Frantisek Planicka: Muito antes de Cech, melhor do mundo
Em uma época mais romântica do futebol, era possível que ele jogasse. Com apenas 1,72m, Frantisek Planicka fez história defendendo o gol da ex-Tchecoslováquia e do Slavia Praga, únicas equipes que defendeu em pouco mais de 16 anos de carreira. Foi aclamado como um dos maiores goleiros do seu tempo, ao lado de nomes como Giampiero Combi (Itália) e Ricardo Zamora (Espanha). Conhecido como “O Gato de Praga”, Planicka venceu oito ligas nacionais com os Sešívaní (1925, 1928/29, 1929/30, 1930/31, 1932/33, 1933/34, 1934/35 e 1936/37), além de ter sido vice-campeão do mundo em 1934 e conquistado o embrião da Copa dos Campeões (atual Champions League), a Mitropa Cup, em 1938. 939 jogos pelo Slavia e 73 pela seleção tcheca o credenciam como um dos maiores atletas do país em todos os tempos.
Mas esses títulos e honrarias não mostram seu feito mais herórico. Após o vice na Copa de 1934, Planicka e a Tchecoslováquia pintavam como um dos possíveis candidatos a campeão mundial, ao lado de bons times como a Hungria, França, Itália e Brasil. E após chegar às quartas, os tchecos teriam duro jogo contra o Brasil, de craques como Leônidas da Silva e Domingos da Guia. O jogo, marcado pela violência de ambas as equipes, ficou conhecido como a “Batalha de Bordeaux”. Naquele 12 de junho de 1938, o Parc Lescure, em Bordeaux, viu um jogo violentíssimo, com três expulsões (Machado e Procópio, pelo Brasil e Jan Riha, pela Tchecoslováquia) além do saldo de mais cinco contundidos ao final da partida. Com a partida empatada em 1-1, os tchecos viram a partida se complicar quando Oldrich Nejedly quebrou e perna e foi substituído. E após jogada de Perácio, Planicka se chocou contra a trave, quebrou o braço e deslocou a clavícula. Mesmo limitado pela grave contusão, Planicka permaneceu no campo no restante do tempo normal mais os trinta minutos da prorrogação, onde a partida terminou com a igualdade no placar. Relatos da época dão conta que o Gato de Praga defendeu diversos arremates com uma mão só, tornando-se o herói maior daquela verdadeira guerra. Mas para infelicidade de Planicka, a Tchecoslováquia perderia a partida-desempate por 2-1, dando adeus a qualquer chance de título, o qual posteriormente foi conquistado pela Azzurra.
O espírito guerreiro de Planicka e seus feitos com o Slavia fizeram com que ele fosse venerado em sua terra-natal como uma lenda. Eleito pela FIFA como o nono maior guarda-metas do Século XX, os feitos e a coragem do Gato de Praga são um exemplo do espírito do que é ser goleiro, que se atira sem medo em direção à bola e que estica até o último músculo do corpo para evitar o gol.
Para conferir o post-homenagem escrito em 2007:
26 de abril - Dia do Goleiro
Para mencionar a importância do goleiro em uma equipe, resolvi resgatar uma história antiga, de um grande goleiro que é pouco lembrado pelos admiradores de futebol. Antes de Petr Cech se tornar referência como um dos grandes goleiros da atualidade, outro conterrâneo seu, há quase 60 anos escreveu uma das páginas mais corajosas de um goleiro
Para conferir o post-homenagem escrito em 2007:
26 de abril - Dia do Goleiro
6 comentários:
Olá André ... obrigado pela visita ... vamos trocar links sim ... já linkei o opnião fc no meu blog ... abraços boa semana
Depois do Rogério Ceni (mito tricolor) e do Zetti (herói da Libertadores) além do Gilmar, Valdir Perez e José Poy, eu admiro muito Pred´Home (aquele que defendia a Bégica) ..........
http://netesporte.blogspot.com/
Não conhecia este goleiro. Pelas referências, deve ter sido muito melhor que cech.
Abraço
o.O bom texto
Cara quando escuto falar do Manga eu fico feliz, já publiquei historias sobre ele no Pitacos, e pelo que consta ele foi um dos maiores na posição!Defesas memoraveis e lances que deixam torcedores de queixo caido, ele foi simplesmente um goleiraço!Abração
interessantíssima a história. Eu não conhecia o fato.
Os goleiros, ao contrário do que muitos possam pensar, são responsáveis por grande parte da magia do futebol. Quem não se impressiona com uma defesa espetacular, como, p.ex., a q Ocho fez no último minuto do jogo entre América e Universidad Catolica pela Libertadores e que deu a classificação ao time mexicano? Ou com as defesas de Aranha contra o Guaratinguetá? Grandes defesas tb são arte.
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