6.6.07

Quero reconhecimento!!

2 de junho de 1991. Há cerca de dezesseis anos atrás, o Criciúma do até então desconhecido Luiz Felipe Scolari enfrentava o tradicional Grêmio no seu estádio, o Heriberto Hulse, e segurava o empate sem gols que lhe daria o título da 3ª edição da Copa do Brasil e consequentemente, uma das vagas brasileiras para a disputa da Copa Libertadores de 1992. Certamente, um marco para o futebol de Santa Catarina e para o treinador, que a partir daí, deslanchou em sua carreira.
Nesta quarta-feira, em Florianópolis, o Figueirense tenta repetir a façanha de seu rival e conquistar o caneco da Copa do Brasil. Para isso, basta repetir os passos do Tigre e não tomar sequer um gol. Seu adversário, o Fluminense, busca vingar seu co-irmão Tricolor para levantar seu segundo troféu nacional de grande repercussão (o primeiro foi o Brasileiro de 1984).

Figueirense: Chegou a minha vez
A ascensão do Figueirense nos dois últimos anos é inegável. Após realizar sua melhor campanha no Brasileirão do ano passado quando foi sétimo colocado, o Figueira tomou um susto neste início de temporada.
A venda de seus principais jogadores, caso de Cícero, Schwenck, Carlos Alberto, Rodrigo Souto e Soares, fez o Figueira acumular seis derrotas nas oito partidas iniciais do Catarinense, e perambular pela zona de rebaixamento.
Mas, aos poucos, o alvinegro reagiu... Boa parte desse mérito deve-se a vinda do treinador Mário Sérgio. Mesmo com um time cheio de desconhecidos e recheado de atletas das categorias de base, o polêmico e falastrão treinador conseguiu, enfim, dar ritmo de jogo à equipe.
Dono do ataque mais positivo e da melhor campanha do torneio, o Figueirense tem o privilégio de iniciar a grande final com a vantagem do empate sem gols lhe render o caneco. Ou seja, se os catarinenses não sofrerem mais nenhum gol, eles serão os próximos campeões da Copa Nacional.
Bom retrospecto em casa, o Figueirense tem. Basta dizer, que até agora, o time tem 100% de aproveitamento nos cinco jogos que já disputou sob seus domínios.


Campanha na Copa do Brasil: 11J, 7V, 3E, 1D, 22GP, 12GC. No Orlando Scarpelli: 5J, 5V, 0E, 0D. Fora de casa: 6J, 2V, 3E, 1D.

Jogos: 1ª Fase: 3X2 Madureira (F), 2X0 Madureira (C); Fase: 0X0 Noroeste (F), 4X1 Noroeste (C); Oitavas de Final: 4X2 Gama (F), 2X1 Gama (C); Quartas de Final: 1X0 Náutico (C), 2X2 Náutico (F); Semifinal: 2X0 Botafogo (C), 1X3 Botafogo (F); Final: 1X1 Fluminense (F).


Esquema tático: Mário Sérgio arma seu time num esquema defensivo que prioriza a forte marcação e o excessivo número de faltas. A linha de três zagueiros é amparada pela presença de dois volantes de marcação. Isso beneficia o avanço dos velozes laterais (Ruy e André Santos) que ganham total liberdade para atacar. No meio, Cleiton Xavier é o armador da equipe e o principal responsável para municiar os atacantes Victor Simões e Ramón. Para o confronto desta quarta, Mário Sérgio deve fechar o meio, colocando um armador, um volante, ou até mesmo, um zagueiro improvisado (como na partida de volta contra o Botafogo) no lugar de um de seus atacantes.

Time-base: Wilson; Chicão, Felipe Santana e Édson; Ruy, Vinícius (Ramon), Diogo, Henrique e André Santos; Cleiton Xavier; Victor Simões. Técnico: Mário Sérgio.

Destaques individuais: Victor Simões, um dos artilheiros da competição com 5 gols e Édson, jovem zagueiro que fora convocado pela Seleção Brasileira para disputa do Mundial Sub-20.

Olho nele! Se o Figueira tomar um gol e a situação ficar complicada, Mário Sérgio conta com duas armas em seu banco de reservas: Ramón, jovem veloz que tem faro de goleador e Fernandes, experiente meia que marcou quatro gols no torneio (vice-artilheiro da equipe).

Pontos fortes: A forte marcação do setor defensivo; os avanços perigosos dos laterais; e o poder de decisão da dupla Simões-Xavier;

Pontos fracos: A inexperiência do jovem time; a variação tática de Mário Sérgio confunde os atletas; Wilson ainda não adquiriu instabilidade;


Fluminense: Agora vai?

23 anos sem conquistar títulos com grande repercussão nacional. Nos últimos anos, o Flu montou elencos competitivos que, na maioria das vezes, só deram vexame. Culpa maior? A falta de organização política do clube.

Nem mesmo o empenho dos dirigentes que, no início da temporada, contrataram vários destaques do Brasileirão – 2006 salvou o Fluminense de uma péssima campanha no campeonato estadual. Em 2007, o Tricolor sequer chegou às semifinais da Taça Guanabara ou da Taça Rio.

A fase estava tão ruim que PC Gusmão não agüentou a pressão e teve a cabeça degolada. Agora, cabe a Renato Gaúcho fazer com que um talentoso elenco consiga atuar como um time coeso, equilibrado e entrosado.

O futebol apresentado pelo Fluminense realmente não convence. A equipe passou por todas as fases praticamente aos trancos e barrancos. Agora, o alento do torcedor carioca é a escrita da equipe apresentar-se muito bem fora do Rio de Janeiro. Fora de seus domínios, o Flu ainda permanece invicto.

Mas para isso, o Tricolor terá que quebrar o tabu de nunca ter superado o rival em Florianópolis, após sete partidas oficiais na capital catarinense. Difícil? Sim. Impossível? Nem tanto...

Campanha na Copa do Brasil: 11J, 5V, 5E, 1D, 21GP, 11GC. No Maracanã: 6J, 2V, 3E, 1D. Fora de casa: 5J, 3V, 2E, 0D.

Jogos: 1ª Fase: 2X1 Adesg-AC (F), 6X0 Adesg-AC (C); Fase: 2X1 América-RN (F), 0X1 América-RN (C); Oitavas de Final: 1X1 Bahia (C), 2X2 Bahia (F); Quartas de Final: 1X1 Atlético-PR (C), 1X0 Atlético-PR (F); Semifinal: 4X2 Brasiliense (C), 1X1 Brasiliense (F); Final: 1X1 Figueirense (C).

Esquema tático: Rapidez no toque de bola, precisão nos lançamentos e forte marcação são as armas de Renato Gaúcho no anseio de montar uma equipe competitiva. O treinador monta uma “linha britânica” com dois laterais que atacam raramente (praticamente quatro zagueiros fixos). No meio vemos um losango: Fabinho fica no “vértice” mais recuado e aparece como um terceiro zagueiro, enquanto Carlos Alberto aparece mais a frente com total liberdade para encostar na dupla de ataque Tricolor. Nesse sistema, Arouca e Cícero (ou Thiago Neves) aparecem como os motores que ligam a defesa ao ataque. Incansáveis, têm a missão de dar ritmo ao time. Na frente, a dupla formada por Adriano Magrão e Alex Dias dá conta do recado.

Time-base: Fernando Henrique; Carlinhos, Tiago Silva, Roger e Júnior César; Fabinho, Arouca e Cícero Santos (Thiago Neves); Carlos Alberto; Adriano Magrão e Alex Dias. Técnico: Renato Gaúcho.
Destaques individuais: Adriano Magrão, que virou titular e marcou quatro gols em quatro partidas e Tiago Silva que, para muitos, é considerado o melhor zagueiro em atividade no país e deve figurar entre os convocados da Seleção em outras oportunidades.
Olho nele! Soares apareceu no país em 2006, quando disputou o Brasileiro pelo Figueirense. Perdeu espaço entre os onze, mas pode entrar em campo e tornar-se o herói dos cariocas. Lenny é outro jovem atleta habilidoso que tem capacidade e qualidade suficientes para decidir o jogo.
Pontos fortes: Carlos Alberto pode desiquilibrar; Magrão vive fase excepcional e vem marcando muitos gols; o time consegue aliar experiência e juventude.
Pontos fracos: Fernando Henrique não passa confiança ao resto do time; a qualidade dos laterais é contestável; falta entrosamento para o time titular.

Dois times que fizeram um campeonato estadual abaixo da média. Dois times que querem o título inédito. Dois times que trazem técnicos de nível discutível, que além de não passar confiança aos seus torcedores, almejam maior reconhecimento da crítica. Uma coisa é certa: o Orlando Scarpelli vai tremer...

4 comentários:

Arthur Virgílio disse...

Ótimo texto. Não tenho dúvida que teremos um jogão, hoje a noite, no Scarpelli. O que você frizou sobre o Figueirense foi muito correto, apesar de acompanhar a distância a equipe catarinense. Só não concordo em dois pontos. Primeiro, Mário Sérgio, já não é mais aquele falastrão dos tempos de jogador, hoje em dia, o agora técnico, se tornou um cara cereno e que sempre procura enfatiza o grupo de jogadores.

Sobre os pontos fracos, concordo plenamente quando você destaca a inexperiêcnia, que sem dúvida pode prejudicar o time. Só que em relação a Wilson, o goleiro vem muito bem. é titular absoluto e tem a confiança da torcida alvinegra.

Em relação ao Fluminense, acredito que o tricolor precisa vir para cima do Figueira, mas tem que tomar cuidados com os quase mortais contra ataques do Furacão. Carlos Alberto é o cara, porém precisa jogar mais do que vem jogando.

Anônimo disse...

A gente te zoa, mas vc sabe que a análise ficou massa!
Figueira na cabeça desse Renato Gaúcho picareta!

Arthur Virgílio disse...

Só mais uma correção: O Figueira eliminou o Noroeste na segunda fase, não o América de Natal.

Alexandre Azank disse...

Na verdade, após a queda de PC Gusmão quem assumiu o Flu foi Joel Santana. Com o péssimo desempenho no carioca, Joel caiu e Renato assinou com o tricolor!
Boa análise! Flu campeão, embora eu estivesse torcendo pelo Figueira!