24.6.07

Especial Copa América 2007 - Grupo A

E vai começar mais uma Copa América. Na edição desse ano, disputada na Venezuela de Hugo Chávez, o torneio gerou muitas polêmicas entre as federações nacionais e os clubes europeus. Os clubes alegam que o torneio sul-americano deveria se adequar ao calendário da Eurocopa, que será disputada em 2008. As federações não abrem mão de seus craques para não esvaziar a Copa América.

Na última edição do torneio mais antigo entre seleções do mundo (disputada pela primeira vez em 1916), o Brasil sagrou-se campeão, após jogo emocionante contra os arqui-rivais argentinos. Após empate no tempo normal, conseguido no último minuto por Adriano, a seleção canarinho bateu os hermanos nos pênaltis e garantiu o seu sétimo título. Mas o Brasil ainda está longe de ter o maior número de títulos dos maiores vencedores do continente, Argentina e Uruguai, com 14 títulos cada.
Buscando identidade e reformulação, vai começar mais uma Copa América. E o Opinião FC vai acompanhar de perto o torneio, fazendo um breve raio-x dos grupos. Hasta la vista!


URUGUAI
Em busca da tradição perdida



Se estivéssemos no meio da década de 80, a classificação da Celeste Olímpica, neste grupo, já seria dada como certa. Acontece que, após vinte anos se passarem, o Uruguai não demonstra a mesma força de antes.

A derrota para a Austrália, que ocasionou a não-classificação para a disputa da Copa do Mundo de 2006, fez o ambiente uruguaio mudar. Jorge Fossati foi demitido e no seu lugar assumiu Oscar Washington Tabárez, experiente treinador que já havia dirigido o selecionado azul-celeste durante a Copa do Mundo de 1990 (torneio que os uruguaios caíram nas oitavas-de-final após perderem para os italianos).

Nesse espírito de renovação uruguaio, quem acabou perdendo espaço foram alguns atacantes, que outrora eram intocáveis. Certamente, a maior surpresa de Tabárez foi ter deixado fora da lista três renomados homens de frente: Carlos Bueno (Sporting), Walter Pandiani (Espanyol) e Javier Chevantón (Sevilla).

O bom desempenho dos times uruguaios nesta última edição da Libertadores pode ser um indício de que os bom tempos voltaram. Mas ainda é cedo para fazer prognósticos.

Raio-X – Asociación Uruguaya de Fútbol

Ranking da FIFA: 23º lugar

Status: Corre por fora

Melhor resultado no torneio: 14 vezes campeão (em 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1956, 1959, 1967, 1983, 1987 e 1995).

Os convocados

Goleiros: Fabián Carini (Internazionale-ITA) e Juan Castillo (Peñarol).

Defensores: Diego Godín (Nacional), Diego Lugano (Fenerbahçe-TUR), Darío Rodríguez (Schalke 04-ALE), Andrés Scotti (Argentinos Juniors-ARG), Carlos Valdéz (Treviso-ITA) e Jorge Fucile (Porto-POR).

Meio-campistas: Fabián Canobbio (Celta-ESP), Carlos Diogo (Zaragoza-ESP), Pablo García (Celta-ESP), Walter Gargano (Danubio), Maximiliano Pereira (Defensor Sporting), Diego Pérez (Monaco-FRA), Cristián Rodríguez (Paris Saint-Germain-FRA) e Ignácio González (Danubio).

Atacantes: Sebastián Abreu (Tigres-MEX), Fabián Estoyanoff (Deportivo La Coruña-ESP), Diego Forlán (Villarreal-ESP), Alvaro Recoba (Internazionale-ITA), Vicente Sánchez (Toluca-MEX) e Gonzalo Vargas (Monaco-FRA).

Time-base: Carini; Diogo, Lugano, Scotti e Dario Rodríguez; Cannobio, Pablo García e Diego Pérez; Recoba; Forlán e Estoyanoff. Técnico: Oscar Washington Tábarez.

Esquema tático: Tábarez monta um 4-3-1-2 que prioriza o avanço dos laterais. No meio, os três volantes dão liberdade para Recoba assumir a criação do meio-campo e municiar a dupla de ataque.

Ele é o cara! Depois de um início de temporada apagada, Diego Forlán vive um grande momento. Dos seus 20 gols em La Liga, 13 foram marcados nos últimos 4 meses.

Olho nele! Jorge Fucile, de 22 anos, é a grande surpresa da Celeste. Além de veloz, o jovem ala também é polivalente: atua tanto na direita quanto na esquerda.

Pontos fortes: O talento de Recoba pode desequilibrar; o ataque Forlán-Estoyanoff merece atenção; a tradição uruguaia pesa em momentos decisivos.

Pontos fracos: Recoba é muito inconstante; atletas como Carini e Lugano não vem atuando com regularidade em seus clubes; o time não tem reservas a altura.

VENEZUELA

Lugar ao sol no futebol sul-americano



Boxe, beisebol e basquete. Futebol? Quarta opção. Para mudar esse quadro, os venezuelanos apostam na organização da Copa América como forma de incentivo a prática do esporte bretão.
Muitos pensam que a equipe vinotinta ainda é o eterno saco de pancadas do continente. Enganam-se. A cada ano que passa, a Venezuela mostra um time mais competitivo e aguerrido. O progresso venezuelano pode ser verificado pelo número de jogadores que atuam no futebol europeu. Oito dos 22 convocados passam por esta condição, um recorde.
Richard Paez leva o que tem de melhor no país e espera que os venezuelanos façam sua melhor campanha e atinjam, ao menos, a fase semi-final. A maior surpresa de Paez foi o corte do veterano goleiro Rafael Dudamel. Por outro lado, a presença de Ricardo Paez, filho do técnico e um dos destaques da equipe, está confirmada.
Familiaridades a parte, ousaria dizer, inclusive, que os vinotintos poderão brigar por uma das vagas sul-americanas que dão direito a disputa da Copa do Mundo de 2010. E a Copa América, certamente, mostrará se este sonho é possível.

Raio-X – Federación Venezolana de Fútbol
Ranking da Fifa: 70º
Status: Pode surpreender
Melhor resultado na Copa América: 5º lugar (em 1967).
Os convocados
Goleiros: Javier Toyo (Caracas) e Renny Vega (Carabobo).
Defensores: José Manuel Rey (AEK Larnaca-CHP), Héctor González (AEK Larnaca-CHP), Oswaldo Vizcarrondo (Caracas), Andrés Rouga (Caracas), Leonel Vielma (Caracas), Luis Vallenilla (Unión Maracaibo), Jorge Rojas (América de Cali-COL) e Alejandro Cichero (Litex-BUL).
Meio-campistas: Pedro Fernández (Unión Maracaibo), Miguel Mea Vitali (Unión Maracaibo), Luis Vera (Caracas), César González (Caracas), Alejandro Guerra (Caracas), Edder Pérez (Marítimo-POR) e Ricardo Páez (Mineros).
Atacantes: Fernando de Ornelas (Odd Grenland-NOR), Juan Arango (Mallorca-ESP), Giancarlo Maldonado (O'Higgins-CHI), José Torrealba (Mamelodi Sundowns-AFS) e Daniel Arismendi (Unión Maracaibo).

Time-base: Toyo; Jorge Rojas, José Rey, Cichero e Hector González; Vera, César González, Ricardo Páez e Miguel Mea Vitali; Arango e Maldonado. Técnico: Richard Páez.
Esquema tático: Paez usa um 4-4-2 bem defensivo. Os alas descem pouco e o setor de criação depende apenas de Páez e Vitali. Quando o time perde a bola, Arango ajuda a marcar o adversário, deixando Maldonado isolado na frente.
Ele é o cara! Mesmo jogando de meia, Arango marcou 8 gols na temporada espanhola. Na seleção vinotinta, ostenta o status de intocável e grande astro local.
Olho nele! O lateral-volante Edder Pérez não figura entre os titulares, mas é uma promessa. Canhoto e preciso nos lançamentos, fez boas partidas na Libertadores - 2007.
Pontos fortes: A habilidade e os fortes chutes de Arango; a experiência de Rey e Vitali; o fato de jogar em casa cria uma motivação nos venezuelano;
Pontos fracos: Toyo não passa segurança; a marcação que a equipe exerce não é tão forte; falta um atacante matador.



BOLÍVIA
Saco de pancadas?

O fato da FIFA ter proibido a disputa de partidas em locais que tenham mais de 2500 metros de altura dificultou muitos países. Consequentemente, nenhum deles sentiu-se tão prejudicado quanto os bolivianos.
Afinal, de 1994 (ano que a Bolívia disputou sua primeira e única Copa) para cá, o selecionado nunca mais conseguiu obter nenhum resultado de grande expressão. Exceto em 1997, quando os bolivianos aproveitaram-se do fator casa (altitude) e conseguiram o vice-campeonato da Copa América.
No banco, a equipe é dirigida pelo ex-atacante Erwin “Platini” Sánchez. Apesar do inexperiência, o ex-craque acumula bons resultados em seu repertório, casos do empate com a Irlanda e da vitória sobre a África do Sul.
Atualmente, os Verdes passam por uma renovação. O torneio servirá como laboratório na tentativa de uma futura classificação para a próxima Copa. O time sentirá, porém, a ausência de dois experientes atletas: o ala Gatti Ribeiro e o meia Limberg Gutiérrez.
Mostrar ao mundo que a altitude não influencia nos seus resultados. Será que Sánchez supera esse desafio?

Raio-X – Federación Boliviana de Fútbol
Status:
Incógnita
Ranking da Fifa: 92º
Melhor colocação no torneio: 1 vez campeã (em 1963).
Os convocados
Goleiros: Hugo Suárez (Jorge Wilstermann) e Sergio Galarza (Oriente Petrolero).
Defensores: Miguel Hoyos (The Strongest), Jorge Ortíz (Blooming), Limbert Méndez (Jorge Wilstermann), Edemir Rodríguez (Real Potosí), Ronald Raldes (Rosario Central-ARG), Lorgio Álvarez (Cerro Porteño-PAR) e Juan Manuel Peña (Villarreal-ESP).
Meio-campistas: Leonel Reyes (Bolívar), Ronald García (Aris-GRE), Sacha Lima (Jorge Wilstermann), Joselito Vaca (Blooming), Gualberto Mojica (Paços de Ferreira-POR), Darwin Peña (Real Potosí), Gonzalo Galindo (The Strongest), Jhasmani Campos (Oriente Petrolero).
Atacantes: Juan Carlos Arce (Corinthians-BRA), Nelson Sossa (Jorge Wilstermann), Augusto Andaveris (La Paz), Jaime Moreno (DC United-EUA) e Diego Cabrera (Aurora).

Time-base: Galarza; Hoyos, Peña, Raldes e Alvarez; Ronald Garcia, Mojica, Joselito Vaca e Reyes; Juan Carlos Arce e Moreno. Técnico: Erwin Sánchez.
Esquema-tático: Sánchez traz um 4-4-2 britânico, formado por duas linhas de quatro. Com exceção feita a Vaca, todos os outros jogadores possuem características mais defensivas. No ataque, Arce abre espaço para servir o veterano Moreno.
Ele é o cara! Ninguém no Corinthians acreditava no potencial de Arce. Hábil, o jovem avante mostrou muita categoria e é o motorzinho boliviano.
Olho nele! Gualberto Mojica tem apenas 22 anos, mas impressiona por sua determinação e liderança. Tanta segurança garantiu sua transferência para a Europa.
Pontos fortes: A habilidade da dupla Vaca-Arce; o entrosamento do setor defensivo; a precisão de Ronald Garcia.
Pontos fracos: A inexperiência de Sánchez como técnico; o meio-campo é muito defensivo; falta um grande craque que chame a responsabilidade para si.

PERU
Será que levanta?

Indefinição. Essa é a palavra que melhor representa a seleção peruana. A divergência inicial começou com Nolberto Solano. Bastou a Federação Peruana alterar os mandos da seleção para a cidade de Cuzco que o meia do Newcastle abriu a boca. Reclamou tanto que não foi mais convocado.
Para piorar, o experiente ala Juan Vargas sentiu uma recente luxação no cotovelo e teve de ser cortado às pressas.
Até o técnico, Julio César Uribe, também tem seus traumas antigos. Para quem não sabe, em sua primeira passagem pela seleção, ele foi demitido por conduta anti-profissional. Na ocasião, o selecionado alvirrubro voltava de um amistoso quando o técnico abandonou a equipe e foi até uma danceteria.
Na tentativa de refazer sua imagem, Uribe mantém praticamente os mesmos atletas. Novidades apenas no meio-campo, setor mais rejuvenescido da seleção.
Mesmo sabendo de todas as qualidades do ataque andino, um dos melhores do continente, convenhamos que esse time não cria grandes expectativas. Será que depois de tantos problemas, o Peru é capaz de reviver a sua época de glória?

Raio-X – Federación Peruana de Fútbol
Status:
Incógnita
Posição no ranking da Fifa: 64°
Melhor resultado na Copa América: 2 vezes campeã (em 1939 e 1975).
Os convocados
Goleiros: Juan Flores (Cienciano), Leao Butrón (San Martín) e George Forsyth (Alianza Lima).
Defensores: Santiago Acasiete (Almería-ESP), Alberto Rodríguez (Braga-POR), Walter Vílchez (Cruz Azul-MEX), Edgar Villamarín (Cienciano), Miguel Villalta (Sporting Cristal) e John Galliquio (Universitario).
Meio-campistas: Juan Carlos Mariño (Cienciano), Juan Carlos Bazalar (Cienciano), Paolo de la Haza (Cienciano), Jhoel Herrera (Alianza Lima), Pedro García (San Martín), Damián Ismodes (Sporting Cristal) e Jair Céspedes (Sport Boys).
Atacantes: Jefferson Farfán (PSV-HOL), Andrés Mendoza (Metallurg Donestk-UCR), Paolo Guerrero (Hamburg-ALE), Claudio Pizarro (Chelsea-ING), Roberto Jiménez (San Lorenzo-ARG) e Ysrael Zúñiga (Melgar).

Time-base: Butrón; Acasiete, Alberto Rodriguez e Villalta; Vílchez, Bazalar, De La Haza, Mariño e Villamarín; Farfán e Cláudio Pizarro. Técnico: Julio César Uribe.
Esquema tático: Uribe monta um 3-5-2 que une forte marcação com rápidos contra-ataques. A zaga é forte e os alas atacam pouco. Mariño é o principal articulador dos rojiblancos e arma as jogadas para municiar os artilheiros Fárfan e Pizarro.
Ele é o cara! Apesar de temporada apagada do Bayern de Munique, Pizarro conseguiu destacar-se. Eficiente e exímio finalizador, marcou 8 gols na Bundesliga.
Olho nele! Daniel Ismodes é a grande esperança do futebol peruano. O jovem de 18 anos alia boa visão de jogo, velocidade e inteligência. Promete.
Pontos fortes: A dupla Farfán-Pizarro é a grande opção de gols do time; o meio-campo tem grande entrosamento; a liderança de Vilchez passa tranqüilidade a defesa.
Pontos fracos: A zaga é jovem e muito inconstante; falta um nome forte no gol; a inexperiência do time pesa em momentos decisivos.

4 comentários:

Arthur Virgílio disse...

A bolinha caiu certinha para os mandantes do torneio. Sem dúvida, o grupo A é o mais fácil do torneio, por isso acredito em uma classificação da Venezuela e na tradição do Uruguai.

Sidarta Martins disse...

Não sabia que tinham sido tão poucas conquistas brasileiras em comparação às dos hermanos.

Nossa seleção ficou sem participar da copa do mesmo jeito que os times brasileiros não iam às libertadores?

Abraços,

Anônimo disse...

Grupo fraco. O da Argentina, para variar, é o mais forte.

Felipe Moraes disse...

Desse grupo, espero a classificação de Peru e Venezuela. É muito cedo pra afirmar coisas assim, mas acho que o Uruguai deve contar a terceira posição. Isso se vencer a Bolívia. Grupo fraco, mas de muito equilíbrio.

Abraço, Felipe Leonardo