19.6.07

Realmente campeão

Jogadores do Real comemoram o título espanhol. Uma temporada de sangue, suor e lágrimas.

Após um caminho pedregoso e de muitos tropeços, o Real Madrid finalmente conseguiu levantar o caneco da Liga Espanhola. É uma conquista especial, pois os madrileños voltaram a conquistar um título importante após quatro anos em jejum. Claro que o futebol apresentado pelo Real durante o campeonato não foi tão empolgante, mas além do fim da seca de títulos, essa conquista marca a superação do time durante essa temporada.

O Real 2006/07 depositou suas esperanças na contratação de um técnico renomado dentro do cenário europeu - entre junho de 2003 e junho de 2006, foram nada menos do que cinco treinadores que passaram pelo Real, entre eles Luxemburgo – e na contratação de jovens promessas. O escolhido para comandar a equipe foi Fabio Capello, campeoníssimo na Itália e campeão pelo próprio Real, em sua primeira passagem pelo clube em 1996. E jogadores jovens como o brasileiro Marcelo, os argentinos Gago e Higuaín e o meia espanhol Reyes foram contratados para marcar a passagem da época galáctica de Zidane, Figo e Ronaldo. Além deles, Capello trouxe seu “homem de confiança” , o volante Émerson, campeão com o técnico italiano na Roma e na Juventus. Um bom time no papel, mas uma incógnita para se apostar o quão longe o elenco merengue iria nas competições européias. E o começo foi conturbado.

Após um início razoável, conquistando 11 dos primeiros 18 pontos, a vitória sobre o rival Barcelona na sétima rodada colocou o Real Madrid nas cabeças da Liga. Após a perseguição ferrenha aos líderes Sevilla e Barça, que se alternavam na ponta, o Real , que apresentava um futebol de altos e baixos, sofreu seus primeiros surtos de crise aguda. Após a vitória magra sobre o Zaragoza, em janeiro de 2007, Capello perdeu a linha e mostrou o dedo para a torcida. A partir desse episódio, o relacionamento entre torcida e treinador começou a ficar muito hostil, tendo reflexos no jogo da equipe dentro de campo. O mês de fevereiro foi infernal para os merengues, pois completaram o mês sem vencer uma partida na Liga Espanhola. E nesse meio tempo, Capello começou a procurar culpados pela má fase da equipe. O primeiro a deixar o time foi Ronaldo, transferido para o Milan ao final de janeiro. Visivelmente aborrecido com as poucas chances dadas pelo italiano a ele, Ronaldo desabafou: "Gostaria de agradecer a todos os treinadores que tive, menos um". A próxima vítima e último jogador da era galáctica também foi deixado de lado por Capello. Ele afastou David Beckham do elenco e o meia logo acertou com outro clube , os americanos do Los Angeles Galaxy. Outros jogadores do elenco tornavam públicas a insatisfação com os métodos do técnico, como Robinho, Reyes e Émerson. A ironia é que, fora Ronaldo, todos que reclamaram de Capello foram decisivos de alguma forma na campanha merengue durante a reta final do Espanhol.

A eliminação traumática para os alemães do Bayern na Liga dos Campeões pois mais lenha na fogueira. Amplamente culpado pela imprensa, Roberto Carlos e Capello foram considerados os principais responsáveis por mais um fracasso continental do Real. A saída de Capello parecia uma questão de tempo e sua sorte dependia do resultado com o jogo frente ao Barcelona, no Camp Nou. E o empate em 3 a 3, apesar de não deixar o Real em boa situação no Espanhol (estava a cinco pontos dos líderes Barça e Sevilla) deu um fôlego para que a equipe começasse a virar o quadro negativo. E após quase um mês e meio sem vitórias na Liga, a virada começou a se desenhar após a vitória sobre o Gimnástic. A arrancada iniciada na 27ª rodada culminou na chegada à liderança após a vitória contra o Espanyol, faltando quatro rodadas para o fim da Liga. E na penúltima rodada, veio a “sorte de campeão”. Com o Barça vencendo o Espanyol e a derrota do Real para o Zaragoza, os catalães chegariam a última rodada com a vantagem. Mas nos últimos minutos de suas respectivas partidas, saíram os gols de empate e a torcida sentiu que o campeonato não escaparia de Madrid. E a última rodada não deixou de se dramática. Com o Real perdendo o primeiro tempo frente ao Mallorca, em casa, o título poderia fugir. Mas Reyes entrou na partida e seus gols garantiram a taça, enquanto os torcedores estavam em êxtase no estádio Santiago Bernabéu.

O trigésimo título espanhol da história do Real tem várias facetas: Primeiro a irregularidade de Barcelona e Sevilla, que perderam a chance de disparar no campeonato enquanto o Real capengava. A virada de Capello, que conseguiu fazer com que o time voltasse a apresentar um futebol eficiente. A volta de David Beckham, que estava desacreditado e desmotivado. O meia inglês, com seus cruzamentos venenosos e passes decisivos deu outra cara, mudando a dinâmica tática do time. Nistelrooy, com seus 25 gols, conseguiu achar o seu futebol dos tempos de Manchester United e tornou-se arma letal dos merengues. Também houve a volta por cima de outras peças importantes no esquema de Capello, como Robinho, Raúl, Reyes e Émerson, que contribuíram decisivamente para a arrancada do Real.

Com o título, David Beckham sai por cima, além de todo o merecido reconhecimento para a passagem de Roberto Carlos no Real Madrid, pois o lateral-esquerdo foi um dos maiores vencedores de todos os tempos na equipe, além de ser o estrangeiro que mais vestiu a camisa merengue.

O Real precisava desse título para dar moral, pois se trata de um grande vencedor no futebol , mas que estava adormecido. Depois de ver o Barça triunfar na Europa, é a vez da torcida madrilenha sonhar. Com a contratação de reforços para as lacunas deixadas por Beckham e Roberto Carlos (que se transeriu para o Fenebahçe), o Real pode voltar a ser novamente um protagonista de peso na Europa. E com certeza, o Real não nasceu para ser coadjuvante.

5 comentários:

Sidarta Martins disse...

Mas o Capelo teve de engolir o Robinho.

Arthur Virgílio disse...

Capello foi criticado pacas e mesmo assim conseguiu ser campeão. Tem méritos, assim como Robinho, Beckaham e Reyes

Mautex disse...

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Thiago Barretos disse...

Fábio Capello é incrível.
Pode ser contestado, taxado de intransigente...
Mas, no fim, Capello sempre se garante e termina o ano com ao menos um título no bolso.

Arthur Kleiber disse...

Sem querer tirar o mérito do Real, que teve uma grande arrancada no final, o titulo se deve mais a queda do Barça e do Sevilla do que ao futebol do time merengue. Isso sem contar com a sorte de campeão na penúltima rodada, como o André falou....