10.2.11

Mais valia

Mano Menezes acumula sua segunda derrota seguida no cargo da seleção brasileira (em cinco partidas), após a derrota para a França, nesta última quarta, em Paris. Certamente, a expulsão de Hernanes – por falta violenta e desnecessária em Benzema, ainda na primeira etapa, na qual foi superior durante a primeira parte do jogo – teve peso direto neste novo revés diante dos nossos algozes. É importante vencer sempre, sob qualquer circunstância. Porém, neste momento de experimentações, a derrota é longe de ser catastrófica, ainda mais contra duas equipes da elite do futebol mundial (além da França, a Argentina, também pelo placar mínimo).

Historicamente, não me recordo de uma sequência de amistosos contra equipes de tão alto nível, como faz o Brasil de Mano. Além de Argentina e França, as próximas partidas amistosas serão contra a Holanda (em junho) e diante da Alemanha (em agosto), com a disputa da Copa América entre elas. É o período que marcará a primeira análise mais crítica ao trabalho do sucessor de Dunga, já que ele terá montado uma base, sem tantas variações de atletas – principalmente no meio-campo.

Como parâmetro, podemos analisar o início da trajetória de Dunga à frente da seleção: o ex-treinador só conheceria sua primeira derrota no sétimo jogo, contra Portugal, em Londres, em fevereiro de 2007. Até o primeiro revés, uma vitória significativa sobre a Argentina, em setembro de 2006 (3 a 0, em Londres). E adversários batidos da estirpe de País de Gales, Kuwait, Suíça e o doméstico Equador – além de um empate contra a Noruega, na estréia. Mano havia comandado a seleção nas vitórias contra os medianos Estados Unidos e Ucrânia, além de bater o frágil Irã.

A mentalidade de enfrentar grandes seleções é válida, já que no pós-Copa América, o Brasil não terá seu “laboratório” para testes nas Eliminatórias, já que é o país anfitrião para 2014. Quanto mais testes de qualidade, melhor para tentar se corrigir pontos falhos. Contra a França, dois problemas crônicos: falta de confiabilidade na lateral-esquerda, com André Santos avançando timidamente e marcando mal, e falhas no setor de criação. O debutante Renato Augusto esteve sumido e a expulsão de Hernanes dificultou as coisas, já que Lucas ficou mais fixo na marcação e Elias não mostrou eficiência na transição ao ataque (algo aperfeiçoado durante a estadia de Mano no Corinthians).

Mesmo já tendo questionado aqui alguns nomes convocados pelo técnico, à época da convocação para este amistoso, Mano segue no caminho certo: o de testar. Porém, ainda acho que ele se deixa levar por algumas cadeiras cativas (a “intocabilidade” excessiva de Robinho é uma delas). Além das experiências, jogadores como Kaká, Ganso (quando estiverem 100%) e Neymar devem se tornar caras frequentes nas listas. E outros poderão surgir dentro do próprio futebol nacional, praticamente ignorado por Dunga em sua gestão. Neste momento, vale mais tropeçar diante de seleções de porte do que ganhar amistosos caça-níqueis, diante de equipes inexpressivas. E esconder evidentes falhas, como muito já se fez na história do Brasil.

Seis primeiros jogos de Dunga à frente da seleção: Noruega (E), Argentina (V), Paíse de Gales (V), Kuwait (V), Equador (V) e Suíça (V)
Seis primeiros jogos de Mano Menezes à frente da seleção: Estados Unidos (V), Irã (V), Ucrânia (V), Argentina (D), França (D) e Holanda (junho de 2011)

3 comentários:

Net Esportes disse...

Na minha opinião pela que a França fez na Copa eles é que deveriam estar em mais formação, mais fase de testes e renovação do que o Brasil que de fato também precisa disso porque não foi lá essas coisas ....

Não acho normal perder dois jogos desse nível de forma seguida .... o Dunga ganhou a Copa América, quero ver se o Mano ganha ... do jeito que tá não ganha, e não me importa muito os detalhes (gol nos acréscimos e expulsão) detalhes assim decidem uma Copa do Mundo ....

Anônimo disse...

Mesmo que tenham sido fatalidades do futebol ninguem engole perder para Argentina e continuar fregues da França,e começam a desconfiar do trabalho do Mano,com uma proposta de reformulaçao ainda peca na ousadia nao tem uma base pronta recorre a jogadores que disputaram a copa do mundo pra dividir o peso de uma eventual derrota ou jogadores envolvidos em transaçoes milionarias ,e nao da chance a jogadores de clubes brasileiros como( kleber palmeiras,alex silva sao paulo,fabricio cruzeiro)

André Augusto disse...

Ao contrário, anônimo. Mano chamou muita gente que joga por aqui (Victor, Jefferson, Jucilei, Rever, etc.) Para este amistoso, ele resolveu não chamar ninguém do futebol nacional, justamente pelo início de temporada (critério parecido ao usado nas primeiras convocações, qdo deixou os "europeus" de lado).

Perder nunca é bom, como dito no texto. Ainda mais contra rivais tradicionais. Mas prefiro ver o time encarando times mais fortes do que empilhando vitórias contra seleçoes inexpressivas em série. A primeira grande avaliação poderá ser feita após a Copa América. Prefiro aguardar até lá.