8.2.11

À espera do matador

Ainda é começo de temporada para o Trio de Ferro da capital paulistana. Como não podia deixar de ser, os ajustes ainda estão no início. Ainda assim, foram fatais ao Corinthians, que perdeu sua vaga na fase de grupos da Libertadores por conta de seus maiores problemas: a falta de gols (nas partidas contra o Tolima, o goleiro Silva não foi vazado). Porém, a situação dos rivais não é tão melhor que a do Timão. O ataque é pouco efetivo, analisando friamente o setor de cada um deles.

Dentre os três, indiscutivelmente, o maior nome é de Ronaldo. Mas atualmente, o camisa nove alvinegro vive exatamente disso: seu nome – escrito com toda a justiça no rol dos maiores atacantes da história do futebol. O veterano atacante ainda se escora no primeiro semestre de 2009, onde foi decisivo nos títulos da Copa do Brasil e do Paulistão. Porém, desde então, vemos fagulhas de futebol e polêmica aos montes. A falta de forma ficara cada dia mais evidente. Ainda assim, em 2010, o Corinthians não passou por pouco, diante do Flamengo. Jogo em que o Fenômeno chamou a responsabilidade e participou dos dois gols. A saída de Elias e a má forma recente de Bruno César (aliás, o artilheiro do time no Brasileirão de 2010, com 14 gols), porém, escancararam a maior deficiência de Ronaldo: ele precisa de um escudeiro, para lhe servir a bola ou dar opção de boas jogadas. Contra o Tolima, o nove alvinegro era, literalmente, um peso morto. Jorge Henrique lutava, mas não era o goleador que poderia resolver. Dentinho, apático, se escondia entre os laterais que o arcavam nos flancos. No banco, Edno jogava menos do que no meio-campo e nada fazia. Deu no que deu.

O Palmeiras tem um goleador nato. Técnico, habilidoso. E esquentado. Artilheiro do atual líder do estadual (quatro gols, dos 11 marcados), Kléber sofre com a falta de um armador de qualidade. Valdívia era a esperança, mas vive às turras com o departamento médico. O sonho da chegada do excelente Alex caiu por terra, já que o ex-ídolo do Verdão anunciou, há poucos dias atrás, sua renovação de contrato com o Fenerbahce por mais dois anos. A vinda do polêmico Ronaldinho também falhou. Enquanto isso, Felipão se vira com os volantes Tinga e Marcos Assunção, longe de terem características de armadores. Espécie de talismã, o rápido Patrik mostra qualidade, mas ainda não conquistou a confiança de Felipão. Parceiros de ataque do Gladiador, jogadores como Luan (que, aos poucos, vem crescendo de produção) e as incógnitas Dinei, Adriano “Michael Jackson” e Max Santos (ex-Pardalzinho) ainda não estão à altura de Kleber. Mas o futebol solidário e os resultados magros vêm suprindo tal deficiência.

Uma das discussões recentes no São Paulo era a do centroavante titular. Em uma época, Adriano e Borges brigavam pelo posto. Depois, o veterano Washingotn veio como solução e teve um início proveitoso. Contudo, cairia na desgraça do torcedor tricolor, que não perdoava suas “dominadas de canela” e a escassez de gols. E desde então, a posição anda “esquecida” no Morumbi. Carpegiani assumiu o time, que subiu de produção. Inclusive Dagoberto, que caminhava para tentar reeditar seus velhos dias de Atlético-PR, escassos pelo São Paulo. Mas um entrevero com o treinador pode ter posto tudo a perder. Apesar da qualidade, Rivaldo não é solução, neste caso. Tanto que, dos treze gols anotados até aqui, tem oito marcadores distintos. Dagoberto, ainda titular, tem três, seguido de perto pelos reservas Marlos e Marcelinho Paraíba, além do goleiro-artilheiro Rogério, com dois.

A esperança, no caso dos rivais, reside no futuro próximo. Apresentado nesta última terça-feira, Liédson, apesar dos 33 anos, mostrou boa forma durante sua estadia no Sporting. E em menor escala, os episódios de violência dos “torcedores” no CT do Timão podem despertar de vez a vontade de Ronaldo em jogar. Mas as chances parecem cada vez mais remotas para o Fenômeno, dado o último ano e meio de carreira.

O São Paulo confia nas revelações. No Sul-Americano Sub-20, William José (recém-contratado) vem mostrando alguma qualidade e pode evoluir. Ainda há Henrique, grande promessa da base de Cotia que demora mais do que o esperado para estourar. E, na teoria, o Palmeiras tem seu artilheiro engatilhado. Maikon Leite, há poucos meses do fim do vínculo com o Santos e um dos artilheiros deste Paulistão (seis gols, ao lado de Elano), cairia como uma luva ao lado de Kléber. Porém, nem o pré-contrato poderia garantir sua chegada ao Palestra Itália, no final deste mês de junho, uma vez que o bom começo animou o Santos a demovê-lo da ideia de trocar de camisa. Uma nova novela para os torcedores do Verdão, desgastados com o caso Ronaldinho, de final infeliz.

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