23.2.11

Tudo igual, tudo diferente

Finalmente, Fàbregas comemora vantagem inglesa contra o Barça: final diferente em 2011?

Esta fase de oitavas de final repetiu três confrontos do mata-mata da edição 2009/10 da Champions League: Arsenal x Barcelona (quartas), Lyon x Real Madrid (nas próprias oitavas) e Inter x Bayern de Munique, finalistas do último torneio. Com pouco menos de um ano para os reencontros, as situações mudaram bastante – em certos casos, se tornaram até opostas.

Na partida realizada na última quarta-feira no Emirates Stadium, o Arsenal esteve longe de impressionar contra o algoz Barcelona (que além de eliminá-los na última temporada, tiraram dos Gunners a única chance de título da Champions, na finalíssima de 2005/06). Porém, a boa vantagem conquistada em casa e o jogo de volta no Camp Nou – exatamente a ordem do ano passado – permitirão ao ainda jovem time comandado por Arsène Wenger que aprenda com os erros anteriores.

A defesa é o ponto mais preocupante, já que o incisivo Barcelona tem Pedro e Villa jogando “espetados”, convergindo para o centro da área, enquanto Messi faz às vezes de um falso centroavante. Municiados pelos seus excelentes meias e com a volúpia de Daniel Alves, pela direita, a retaguarda da equipe londrina passou apuros, principalmente na primeira etapa, perdendo por 1-0. Porém, os ingleses se aproveitaram de um branco do Barça (e de uma substituição estranha de Villa pelo volante Keita) para mostrar um surpreendente poder de reação e virar o placar em cinco minutos, levando a vantagem mínima para a Espanha. Porém, o Barcelona de Guardiola mostra que ficar apenas se defendendo pode ser fria. Com a vantagem do empate por até um gol em 2009/10, o Arsenal até saiu em vantagem no Camp Nou, mas sucumbiu ao envolvimento blaugrana e acabou massacrado por 4 a 1. Já os pupilos de Guardiola estarão desfalcados do pontual zagueiro Gerard Piqué. Mais do que nunca, a torcida culé é para que o capitão Puyol possa retornar à equipe: em 41 partidas do Barcelona nesta temporada, o defensor não atuou por 11 vezes e o time não venceu em seis delas (quatro derrotas e dois empates). Além das dúvidas na zaga, Xavi e Victor Valdés completam o departamento médico e ainda não têm presente confirmada para o duelo de volta. Os ingleses veem a sorte lhe sorrir, finalmente?

Contra o algoz do ano passado, o Real quebrou uma parte da maldição: marcou seu primeiro gol na casa do Lyon, onde ambos já haviam se enfrentado por duas vezes, antes da partida desta última terça-feira. O gol tardio (e achado) de Gomis deu uma pitada de drama ao maior campeão da história da Champions, que tenta acabar com um incômodo tabu que lhe perseguiu nas últimas seis edições, sendo eliminado justamente na fase de oitavas.

Porém, após um início animador de temporada, o Real de José Mourinho vem jogando o trivial e penando bastante contra equipes mais fechadas. Certamente, o astuto português usará o contra-ataque, que sabe armar como poucos, já que o empate sem gols no Santiago Bernabéu dá a vaga aos merengues. Resta saber se uma postura mais zelosa será adotada, como a de deixar o ofensivo lateral Marcelo no banco. Na frente, duas dúvidas: Özil ou Kaká e Adebayor ou Benzema. A experiência em Champions parece mostrar que as apostas no meia brasileiro e no atacante francês, para esta partida, parecem a melhor pedida. Um gol inaugural do OL, porém, pode por tudo a perder, como vimos nas últimas eliminações dos blancos. A volúpia em atacar e a tendência de Cristiano Ronaldo em “resolver tudo sozinho” nessas situações podem ser a perdição da equipe da capital espanhola. Filme repetido, nos últimos anos.

Mas nenhuma das repetições mudou tanto Inter e Bayern. A começar pelos alemães, que mantiveram a base vice-campeã. Mas diferente dos italianos, algo parece ser primordial: a mesma filosofia de jogo, já que o técnico Louis Van Gaal continua no comando da equipe bávara, enquanto os nerazzurri estão com o seu segundo treinador, após a saída do campeoníssimo Mourinho para o Real. Se o Inter foi uma equipe dominante naquela final de 22 de maio de 2010, em Madri, o Bayern não se intimidou por jogar a primeira partida destas oitavas no Giuseppe Meazza, nesta quarta-feira. Sem os irregulares e veteranos Demichelis na zaga e Butt na meta, a equipe alemã ganhou em vitalidade com o “faz-tudo” Luis Gustavo (brasileiro contratado recentemente junto ao Hoffenheim), a “eterna promessa” Breno na zaga e a jovem revelação Thomas Kraft, jovem goleiro da base do Bayern, de 22 anos. Com eles e com a velha categoria e eficiência de Arjen Robben, jogando em nível semelhante ao de 2010, a partida foi franca e os bávaros carimbaram por duas vezes as traves de Júlio César, além de abusar dos chutes de média e longa distância.

Do outro lado, o recém-chegado Leonardo deu gás à Inter, de péssima primeira metade desta temporada. Com Diego Milito se tratando de nova lesão (uma constante, depois que o argentino fez os dois gols e foi o herói do título europeu), Eto’o deixou de se sacrificar pelo time, como na Era Mourinho, para fazer o que sabe de melhor: ser a referência no ataque. Mas o camaronês e seus companheiros pararam na ótima jornada da revelação Kraft. E o frio Júlio César, de raras falhas, rebateu mal a bota chutada por Robben, que sobrou limpa para Mario Gomes deixar o Bayern em vantagem e a um passo da vingança, em seus domínios.

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