O presidente Lula assinou na última quarta-feira um projeto de lei que concede auxílio a ex-jogadores da seleção brasileira de futebol. Pela proposta enviada a Lula, os jogadores da seleções de 1958, 1962 e 1970 receberão prêmio de R$ 100 mil, pagos de uma única vez, além de uma pensão mensal calculada entre o que o ex-atleta já recebe e o teto da Previdência, que é de R$ 3.000. O presidente inclusive pediu urgência na votação no Congresso. O grande ministro do Esporte, Orlando Silva Jr, é claro, foi um dos que mais pressionaram para a aprovação do projeto.
É uma medida simplesmente lamentável e populista. Um absurdo. Um dos argumentos é retribuir a alegria que os ex-jogadores deram ao povo brasileiro. É notório que alguns deles estão em má condição, e que precisam de auxílio. Não se trata de não valorizar os ídolos do passado. Mas eu não acredito que, nesse contexto, sejam diferentes de outros milhões de brasileiros que passam necessidade.
E os outros atletas que disputaram uma Copa do Mundo e não foram campeões, vivendo nas mesmas condições, não merecem o auxílio? Não deram alegria ao povo, então que "se virem"? E os campeões mundiais do vôlei, judô, natação, ou ginástica? Seus feitos são insignificantes, não merecem o mesmo tratamento? E os campeões olímpicos?
Pior ainda em se tratando de futebol. Já vivemos num país que supervaloriza o futebol, em detrimento dos outros. Vivemos a pátria de chuteiras somenta a cada quatro anos. Nos outros, o interesse pelo futebol se dispersa. E o governo encabeça um projeto do tipo. Pior que isso - os atletas em atividade, campeões mundiais, já vivem atrás de patrocinadores e encontram dificuldades para continuar competindo. Diego Hipólito é um bom exemplo. Que dirá quanto à sua aposentadoria.
Enquanto isso, a Confederação Brasileira de Futebol, cujo presidente é o todo poderoso Dr (!?!?!) Ricardo Teixeira, tem um faturamento anual de US$ 98 milhões - R$ 178 milhões no câmbio desta terça-feira. A CBF hoje conta com dez patrocinadores: Nike, Itaú, Vivo , Ambev, TAM, Gillete, Volkswagen, Grupo Pão de Açúcar, Seara, Nestlé. Nenhum clube fatura tanto no Brasil. Aliás, pelo contrário, muitos estão à beira da falência.
Sendo assim, por que não a CBF, ao invés do governo, com o nosso suado dinheiro arrecadado por meio de uma das mais altas cargas tributárias do mundo, que pague a aposentadoria dos ex-atletas? Afinal, é por causa deles, dos seus explêndidos feitos e esforços, que a CBF consegue vender tão bem o seu produto. Nem salário a entidade paga aos clubes pelo tempo em que os atletas defendem a seleção. Mas lucra fabulosamente por causa deles. E, levando tudo isso em consideração, é o governo que vai arcar com o auxílio aos campeões mundiais. Esse é o Brasil. Infelizmente.
3 comentários:
Mais um absurdo dos nossos políticos... aposto que vai passar pelo congresso. Como se ex-jogador de futebol precisasse de ajuda para viver. Ainda mais os que vestiram a amarelinha...
Muito coerente seu texto, concordo totalmente.
Essa lei é uma total falta de respeito com nosso bolso e com todos os atletas do Brasil.
Concordo com absolutamente TUDO que escreveu. É um absurdo selecionar alguns jogadores e dar uma quantia tão importante para ele deixando inclusive, outros atletas importantes, ainda em situação complicada.
Mais uma medida populista do governo Lula.
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