17.5.10

Fator Ancelotti

Ancelotti: maior responsável pelo Chelsea dos 103 gols na Premier e que conquistou a dobradinha inglesa pela 1ª vez em sua história

Muitos devem ter torcido o nariz quando Carlo Ancelotti topou dirigir o Chelsea, após oito anos no Milan – além de uma carreira toda como treinador no truncado futebol italiano. Apesar de não se contestar sua passagem vencedora no Milan (duas Champions, um scudetto e um Mundial da Fifa), o italiano foi muito contestado em suas últimas temporadas nos rossoneri, já que, quase sempre, primava mais por arrumar a defesa do que em jogar pra frente, e consequentemente, fazer os gols e vencer.

Depois do bom trabalho do “tampão” Guus Hiddink (semifinalista da Champions e vice campeão da Premier League), Ancelotti chegou ao Chelsea sem nenhum reforço significativo para esta temporada, já que a direção da equipe optou por manter a (forte) base dos últimos anos. E onde técnicos como o próprio Hiddink e o campeão mundial Felipão falharam, o italiano acertou a equipe, que não tinha “química” com um treinador desde a saída de Mourinho, em 2007. O resultado veio dentro de campo, com a conquista da dobradinha Premier League/Copa da Inglaterra, a primeira dos Blues na história – 10º equipe na história a conseguir tal feito.

Além do bicampeonato da Copa da Inglaterra (já havia vencido o Everton na temporada passada), a conquista do título nacional foi significativa. Além de quebrar a hegemonia do então tricampeão Manchester United, o Chelsea do “ex-retranqueiro” Ancelotti quebrou recorde atrás de recorde: melhor ataque (103 gols em 38 jogos, com sete goleadas por quatro ou mais gols de diferença) desde a temporada 1962/63, quando o vice-campeão Tottenham fez 111 gols em 42 partidas; melhor saldo de gols da história (+71); mais gols marcados em casa em uma temporada (68), entre outros recordes.

Pelas mãos de Ancelotti, que chegou a escalar três atacantes – Drogba, Anelka e Kalou - em diversos jogos (vale lembrar que Felipão pensava que o marfinense e o francês não teriam espaço na mesma equipe), Drogba fez temporada impecável: além da artilharia, com 29 gols, o camisa 11 deu 13 assistências (terceiro da liga, superado pelo companheiro Lampard, com 17). Com maestria, ajudou Terry a contornar o delicado momento detonado após a divulgação do caso de adultério com a então esposa de Bridge, fato que lhe valeu a perda da tarja de capitão do English Team. E a equipe se superou nas horas mais difíceis diante dos grandes, como no clássico decisivo da penúltima rodada contra o Liverpool, fora de casa. A vitória por 2 a 0 praticamente colocou por terra as chances do tetra dos Red Devils – o que foi confirmado com a sonora goleada na rodada derradeira diante do Wigan por 8 a 0, uma das maiores da história da competição.

Mesmo com a frustração da precoce eliminação nesta Champions, diante da finalista Inter, o trabalho de Ancelotti no Chelsea é concreto e real. E com um treinador que parece permanecer nos Blues por muitas temporadas, como já fizeram Ferguson, Wenger e, recentemente, Benítez, o sonho de conquistar a Europa – objeto de cobiça maior do Chelsea desde que Roman Abramovitch assumiu a equipe – tem fundações confiáveis, já que o elenco do Chelsea se adaptou ao técnico italiano e vice-versa. Animado, reforços podem chegar para rechear o sonho, sob a batuta de Ancelotti, que quebrou o paradigma de “defensivista” construído no Milan.

Nenhum comentário: