31.3.10

O voo do Ganso

O Santos é a bola da vez do futebol brasileiro, com toda a justiça. O time das goleadas e do futebol envolvente e frenético segue ganhando mais admiradores, embora ainda ache que seja preciso um bom teste para ver a real capacidade da equipe de Dorival Júnior em se portar diante de uma decisão, em um jogo mais truncado e com ataques adversários mais letais e defesas tecnicamente mais capacitadas.

No entanto, o técnico do Santos mostra, mais uma vez, que sabe como armar uma equipe. Como o bom trabalho com o Vasco em 2009, quando fez um time com valores técnicos duvidosos dominar a Série B. De quebra, ajudou a pôr juízo na cabeça de Carlos Alberto, que mesmo após sua saída da equipe cruzmaltina, continua como o principal jogador do time.

No Santos, ele vem conseguindo montar um time repleto de garotos. Repatriou o bom Arouca, apagado no São Paulo; aproveitou o centroavante André; tenta colocar algum juízo na cabeça de Robinho, assim como já fez com Carlos Alberto; e aproveitou as maiores jóias da base santista, Neymar e Paulo Henrique Ganso. Aproveitando as características de cada um – principalmente as ofensivas – fez o Santos jogar bem e aparecer.

Na equipe, os mais badalados - muitas vezes, com exagero - são Neymar e Robinho. Duas gerações de jogadores formados no Santos e de características semelhantes – embora o jovem santista finalize melhor do que o capitão e camisa 7, quando este apareceu para o futebol brasileiro. Neymar, depois de um período apagado no Brasileiro de 2009, ressurge com boa evolução. Porém, o jogador que conseguiu melhorar ainda mais o seu futebol em campo foi Ganso, que cadencia o ritmo de jogo dessa equipe.

Paulo Henrique já é o principal e mais regular jogador do Santos desde a boa campanha do vice-campeonato Paulista de 2009, quando era contraponto a velocidade e drible fácil do então titular Madson. Jogador técnico, de passe refinado e que melhorou a finalização ao gol. Um jogador com características ímpares no futebol brasileiro e que lembra, em alguns aspectos, Kaká dos bons tempos de Milan. E o mais importante: apesar dos 20 anos, porta-se em campo como um jogador maduro, com a cabeça no lugar. Ao contrário de seu parceiro Neymar, de habilidade incomum, mas que ainda precisa trabalhar mais nesse aspecto.

Um jogador que poderia dar uma opção diferente à Seleção na Copa, por exemplo. Não de futebol força, como Josué e Júlio Baptista, por exemplo. Mas um futebol mais técnico e de precisão, perfeito para desmontar as retrancadas defesas que o time de Dunga deve enfrentar. Em 1994, um Ronaldo fez parte do elenco campeão do mundo. Já em 2002, a grande fase de Kaká fez com que o então novato estivesse na Copa da Ásia. Mesmo que não fosse primeira opção do banco, pelo que vem jogando, Ganso merecia chance para integrar o plantel de Dunga. Futebol, bom momento e cabeça para tal, o camisa 10 do Santos já mostrou.

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