21.11.09

Surpreendendo a bilheteria

“66 foi um grande ano para o futebol inglês. Eric nasceu”. A frase, extraída de uma propaganda da Nike, mostra o quão idolatrado foi Eric Cantona durante os anos que defendeu a camisa do Manchester United. Utilizando essa idolatria como pano de fundo, À procura de Eric (Looking for Eric) enriquece um enredo que parece “água com açúcar”, mas que nem por isso deixa de ser um filme agradável e engraçado de se assistir.

Ao ver o filme em cartaz, imaginei ver a história mais centrada nas peripécias de Cantona (que interpreta a si mesmo) em seus tempos de jogador genial, amado e polêmico. Contudo, o francês funciona como um verdadeiro terapeuta de Eric Bishop (Steve Erets), um carteiro fanático pelo Manchester United e por King Eric, mas que atravessa diversos problemas pessoais desde que abandonou a esposa Lily (Stephany Bishop) com uma filha pequena, por contra de crises de pânico causadas pela responsabilidade de ser pai. Abandonado pela segunda esposa, que lhe deixou dois enteados adolescentes e problemáticos para cuidar, Bishop não é sombra do vigoroso jovem que adorava dançar na juventude. Deprimido, sua única alegria é ver os jogos dos Red Devils, principalmente à época de Cantona (1992-1997), que marcou 82 gols em 185 jogos e foi o primeiro capitão da história do Manchester que não era britânico ou irlandês.

Depois de quase se matar em um acidente, Bishop começa a ter visões de seu ídolo, antes representado por um grande quadro em seu quarto, repleto de fotos do Manchester United. A trama se desenvolve a partir das “conversas” com o francês. Além do enredo em si – que particularmente, achei divertida – o filme traz vários golaços de Eric e aborda algumas particularidades do Manchester United, como a dissidência de alguns torcedores a partir da compra da maioria das ações do clube pelo americano Malcolm Glazer. Fundado em 2005, o FC United of Manchester é uma equipe semi profissional e que atualmente está na sexta divisão do futebol inglês. Foi fundado pelos insatisfeitos com a chegada de Glazer, conhecidos como Red Rebels. A famosa “voadora” de Cantona no torcedor do Crystal Palace em janeiro de 1995, foi lembrada com humor. “Aquele idiota teve o que merecia”, diz Bishop, em um dos diálogos com seu ídolo.

Além de particularidades do universo mancuniano e da carreira de Eric, a atuação como coadjuvante do francês foi um ponto positivo e surpreendente do filme. Cheio de frases de efeito e com a marra que lhe é característica, Cantona mistura conselhos e alguns de seus causos para ajudar Bishop. “Preciso me surpreender para poder surpreender a torcida”, afirma Cantona, tentando fazer com que o carteiro aplique tal máxima para superar suas adversidades assim como o francês surpreendia os adversários. Uma boa estória, salpicada de gols e da idolatria ao francês de Marselha, que certamente faz parte do rol dos grandes jogadores do United como Dennis Law, George Best, Bobby Charlton e Ryan Giggs.

4 comentários:

Vinicius Grissi disse...

Deve ser um baita filme.

Cantona foi um grande jogador e sua vida, cercada de polêmicas, de fato pode render vários filmes.

Um Edmundo melhorado, na Inglaterra.

Felipe Simonetti disse...

Concordo com o Vinícius, deve ser um baita filme. Cantona é um Animal - Edmundo - melhorado. Sempre muito polemico, mas foi um grande craque.
Um abraço.
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Gerson Sicca disse...

Legal a resenha do filme, fiquei interessado. Vou vê-lo, mas só nas férias, que agora ando com pouco tempo até pra respirar, hehehe.

Gabriel disse...

O filme é gostoso de se ver, passa por momentos de tensão mas tem um final interessante, indicado para todos os públicos independente se gostam ou não de futebol. Cantona tem classe diante as câmeras, e umas sacadas boas, acho grosseira a comparação com Edmundo!