8.11.09

Caminho da dignidade

Grande público no Maracanã celebrou o acesso do Vasco: outro grande que volta à elite do futebol brasileiro de cabeça erguida.

Em grande estilo, o Vasco carimbou seu retorno à elite do futebol brasileiro com quatro rodadas de antecedência, ao vencer o Juventude por 2-1, testemunhado por 78.609 espectadores, o maior público de 2009. A grande festa do torcedor - que apoiou a equipe desde o início - em nada lembrava o clima melancólico de São Januário em 7 de dezembro de 2008, data da fatídica derrota para o Vitória por 2-0 e confirmação do rebaixamento vascaíno. Contudo, a exemplo do que já fizeram tradicionais clubes campeões brasileiros que enfrentaram o calário da segunda divisão como Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Atlético/MG, Coritiba e Corinthians, a equipe cruzmaltina voltou ao lugar que pertence pelo caminho mais digno e honroso possível.

Equipe com maior número de rodadas na liderança (16), o Vasco não teve vida fácil na Série B, contrastando com o domínio do Corinthians em 2008. Tanto é que a equipe comandada com maestria pelo técnico Dorival Júnior começou a embalar rumo à Série A apenas na metade do primeiro turno, chegando a ficar seis jogos sem vencer até então. Ainda assim, a equipe embalou e fez valer seu time com maior nível técnico, além de fazer prevalecer o peso de sua camisa. Com sete pontos de vantagem sobre o vice-líder Ceará, deve sair campeão do torneio sem maiores problemas e com todos os méritos.

Além de voltar pela porta da frente, parece que a queda vascaína finalmente fez a torcida entender que o grande culpado por tal momento do Vasco foi Eurico Miranda, com seus mandos e desmandos. Ponto para o ídolo do passado e presidente Roberto Dinamite, que soube montar a equipe de acordo com a realidade do clube, sem fazer grandes loucuras. A aposta em Dorival foi primordial, já que o técnico manteve a calma mesmo com as eliminações no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil. A equipe tinha bons talentos individuais, mas não era consistente o suficiente àquela época. Além de alçar Carlos Alberto à condição de líder da equipe, soube inserir alguns garotos gradualmente no time, como Alex Teixeira, Philippe Coutinho e Robinho, por exemplo, mesclando-os a jogadores mais tarimbados, como o próprio Carlos ALberto, Fernando Prass e Fernando.

O torcedor deve ter claro que esse time não está pronto para chegar às cabeças em 2010. Mas que tem uma boa base formada para contratar reforços e assim, levar o Vasco de volta às grandes conquistas, como é de praxe na história do Gigante da Colina. E o primeiro passo para continuar no caminho certo é a renovação de contrato de Dorival, valorizadíssimo no mercado.

Peças-chave para o acesso:

Fernando Prass – Na reserva quando chegou, o goleiro começou a se firmar ainda na Copa do Brasil, onde o Vasco fez ótima campanha, parando nas semifinais. Sereno e tecnicamente seguro, passou tranqüilidade à zaga vascaína, a melhor do torneio até aqui.

Carlos Alberto – É fato que o camisa 19 ainda tem resquícios de sua personalidade de garoto-problema. No entanto, não se acovardou em liderar a equipe, vendo o seu futebol crescer no momento primordial dessa Série B. O capitão é o vice-artilheiro da equipe na competição, com nove gols.

Élton – O atacante de 24 anos cresceu muito de produção desde sua chegada à São Januário, no início do ano. É técnico, tem faro de gol e sabe utilizar o corpo para fazer bem o pivô no comando de ataque. Seus 15 gols fazem com que ele dispute a artilharia do torneio, mesmo atravessando alguns momentos de jejum durante a Série B.

Dorival Júnior – Assim como fez Mano Menezes, topou o desafio de comandar um grande na Série B mesmo com mercado para ficar em um grande clube da primeira divisão, com toda a pressão e ônus que tal desafio poderia fazer caso não obtivesse sucesso. Sua calma para encaixar o caminhão de reforços que o Vasco trouxe em 2009 mostrou-se eficiente, principalmente após a metade do certame. Sua habilidade em não “queimar” os jovens talentos também é outro ponto altamente positivo.

Roberto Dinamite – Ídolo em campo, Dinamite mostrou habilidade também fora dele, como cartola mor do Vasco. Varreu a sombra de Eurico do clube e fez um planejamento sério, que foi a grande pedra fundamental para o retorno do Vasco à elite.

2 comentários:

Vinicius Grissi disse...

Uma campanha vitoriosa e como você disse DIGNA do Vasco. É um time gigante e é bom tê-lo de volta à elite.

Que tenham aprendido com a queda e com este ano difícil para não repetirem os erros no ano que vem.

Breiller Pires disse...

Muito bom, André. A Série B, mais uma vez, se configura como período de aprendizagem e reestruturação para os clubes grandes. Ter de cair para o clube se tocar que mudanças profundas são necessários é realmente triste. Os dirigentes deveriam antever esse tipo de situação e propor novas ideias, nova fórmula administrativa, como está ocorrendo com o Vasco este ano.

Entre as peças-chave da campanha cruzmaltina, só acrescentaria o lateral-esquerdo Ramon. Grata revelação e símbolo da raça do atual time do Vasco.

Abraço.