11.11.09

Não há dinheiro que pague

Festa do Alcorcón em pleno Bernabéu: Os amarillos nunca haviam jogado contra equipes da elite espanhola.

O sonho galáctico de conquistar o tripleteChampions League, La Liga e Copa do Rei, como fez o Barcelona em 2008/09 – foi por água abaixo precocemente. O Real Madrid, que investiu cerca de 260 milhões de euros apenas em reforços para esta temporada, foi eliminado pelo modesto Alcorcón na primeira rodada da fase final da Copa do Rei. A equipe que também é da região de Madrid, atualmente está na terceira divisão. Aliás, em toda sua breve história de pouco mais de 38 anos, o Álcor jamais passou dessa divisão e era debutante em partidas contra equipes de primeira divisão. A goleada sofrida na partida de ida por 4-0 – com dois gols de Borja, formado nas canteras do próprio Real – não foi revertida, mesmo com a grande maioria de seus badalados jogadores em campo na partida de volta, diante de um incrédulo Santiago Bernabéu com 79.500 espectadores, um completo contraste com os sete mil espectadores que também lotaram o acanhado Estádio Santo Domingo na primeira partida, em 27 de outubro.

Mesmo ante um Real Madrid com três atacantes – Van Nistelrooy, Higuaín e Raúl – a solidez defensiva de Iñigo Lopez e Borja Gomes foi ponto de destaque, principalmente diante da forte jogada aérea dos merengues. E o enginero Pellegrini não parece ter sido ousado o suficiente para postar uma equipe mais ofensiva, de modo que pudesse alimentar o ataque com mais qualidade. O técnico chileno praticamente engessou os laterais, já que entrou com Arbeloa na esquerda e improvisou Lass Diarra na direita. Kaká era o único meia criativo, com os brucutus Gago e Mahamadou Diarra postados atrás do camisa oito. Quando entraram Marcelo e Van der Vaart, na segunda etapa, o Alcorcón se firmava atrás, ganhando moral com cada destruição das investidas do Real, apático e sem inspiração em campo. Nem o gol tardio de Van der Vaart, aos 37 do segundo tempo, manchou o partidaço que o Alcorcón fez, diante de todas as suas limitações técnicas.

Para o Real Madrid, a eliminação em si da Copa do Rei não seria nenhuma desgraça. Mas diante das más atuações dos últimos jogos e da dificuldade em encaixar um estilo de jogo ao time, Pellegrini começa a ser fortemente cobrado, até por conta da legião de estrelas que tem nas mãos. E involuntariamente, a equipe se tornou um pouco dependente de Cristiano Ronaldo, contundido há algum tempo.

A “maldição da Copa do Rei” persegue o Real Madrid desde 1993, ano de sua última conquista no torneio. Dentre os vexames, eliminações precoces para o Toledo, em 2001 e para a equipe basca do Real Unión de Irún, ano passado. Já o modesto Alcorcón, deve fazer sua festa, naquele que certamente é o maior feito de sua história. Novamente, o futebol anula disparidades econômicas e técnicas abismais. E não há dinheiro que possa pagar tal fato.

Nenhum comentário: