4.5.09

Título da afirmação

Quando o Corinthians acabou o calvário da Série B com ampla margem de superioridade, ainda pairava no ar uma certa desconfiança do real potencial da equipe de Mano Menezes, pois não existiram desafios à altura na Segundona e boa parte daquele time havia deixado escapar um título bem encaminhado contra o Sport, na Copa do Brasil. Mas a conquista invicta - fato esse que só ocorreu quatro vezes durante a era profissional: São Paulo (1946), Palmeiras (1972) e Corinthians (1938 e 2009) - não deixa dúvidas que a base construída por Mano tem bastante consistência para chegar nas cabeças deste Brasileirão que se avizinha.

O fato da invencibilidade em um campeonato parelho como o Paulista traz mais méritos ao Corinthians, já que os clássicos são peças-chave para a conquista do estadual e o Corinthians se portou bem, principalmente a partir da primeira partida contra o Santos, na fase de classificação e cresceu nos mata-matas contra um organizado São Paulo e contra um emergente e motivado Santos, novamente. E como dito à época do acesso com Douglas, Morais e Cristian, alguns novos reforços se adaptaram bem ao estilo de jogo proposto por Mano, como Jorge Henrique e Ronaldo, que mesmo com algumas limitações físicas, conseguiu fazer a diferença na reta final. Aliás, se até aqui seu processo de recuperação teve êxito, o grande responsável é Mano, por inseri-lo gradualmente sem se deixar levar pelo oba-oba de imprensa e torcida para vê-lo crescer nos momentos capitais da competição.

Mas invencibilidade no Paulistão não quer dizer que o time seja invulnerável para o Brasileirão. Jogadores como Douglas, Morais e Dentinho – primordiais para a conquista da Série B – não rendem como em 2008, enquanto André Santos ainda mostra certa inconstância. Para o Brasileirão, reforços para o elenco são necessários. A defesa, que na ausência de Chicão ou William perdeu muito de sua força, necessita de nomes já que o garoto Diego e o experiente Jean não se firmaram como nomes imediatos em caso de ausência dos titulares. Na armação, são necessárias opções a Douglas. No ataque, deve haver um “plano B” a Souza. Além de ser um jogador caro ao elenco, é claro que não se adaptou a equipe, enquanto Otacílio Neto mostra algum potencial, mas é muito intempestivo e irregular. E se preparar para eventuais perdas de jogadores na janela de transferências européia.

Contudo, é notória a evolução da zaga – a menos vazada pelo quarto campeonato consecutivo – principalmente do lateral Alessandro, que se aprimorou no apoio e na defesa e de Chicão, se aprimorando na antecipação, colocação e sempre perigoso nas bolas paradas. Cristian e Elias - na minha opinião, o melhor deste Paulistão - mostraram uma versatilidade excepcional: eficientes na marcação e perigosos no apoio, enquanto Jorge Henrique desenvolve importante função tática no 4-3-3 (ou falso 4-5-1) de Mano. E Ronaldo mostrou que se não pode dar constantes arrancadas, pode decidir cerceando a área adversária por conta de sua grande capacidade técnica. Só precisa ser bem municiado.

Esse Paulistão serviu como afirmação para o Corinthians, para Ronaldo e para Mano Menezes. A equipe mostra que com reforços pontuais, pode fazer bonito no Brasileirão; o camisa nove vem mostrando até aqui suas marcas registradas na carreira: superação e técnica apurada. Já o técnico gaúcho mostra com seu bem-sucedido trabalho de quase um ano e meio que é um dos técnicos top de linha no futebol nacional. Que o desafio de ajudar a resgatar o Corinthians na Série B não foi um passo atrás na carreira. Além da vitória pessoal do técnico, é a vitória do continuísmo contra o imediatismo que reina na maioria dos clubes brasileiros, de não apostar nos trabalhos a longo prazo - com o devido planejamento. Além do Corinthians, o São Paulo de Muricy Ramalho, o Cruzeiro de Adílson Batista e o Sport de Nelsinho mostram que, aos poucos, essa tendência pode e deve ser mais constante.

4 comentários:

Armando Teixeira Junior disse...

Armando Teixeira Junior disse...
Realmente o trabalho do Mano Menezes deve ser respeitado. O Corinthians hoje é visto pelas outras equipes como um adversário difícil de ser batido pela regularidade, coisa que a muito tempo não se via no Parque São Jorge. Acho que o time é bastante forte para o Paulistão, desde que o elenco sobreviva a janela de negociações deste meio de ano. Como sempre já se fala em possíveis saídas de Dentinho, Felipe, André Santos e Elias, o que pode desequilibrar o entrosado time de Mano. Acho que a diretoria ao anunciar que corre atrás de 4 reforços para o Brasileirão já conta com uma possível transferência de alguns nomes que serão difíceis de manter e que provavelmente irão depender da vontade dos investidores da Traffic.

Abraços! E que venha o Atlético amanhã !...rs

Thiago Barretos disse...

Concordo com seu post. Bom, apenas para efeito de comentários, eu cito aqui a minha seleção do Paulista: Felipe (Corinthians); Edílson (Ponte Preta), Chicão (Corinthians), André Dias (São Paulo) e André Santos (Corinthians); Jean (São Paulo), Elias (Corinthians) e Diego Souza (Palmeiras); Madson (Santos), Ronaldo (Corinthians) e Keirrison (Palmeiras). Técnico Mano Menezes (Corinthians). Só aí já dá para prever como o Timão foi superior...

André Augusto disse...

Barretos, a título de curiosidade, minha seleção:
Felipe; Alessandro, Chicão, André Dias e André Santos; Pierre, Elias, Madson e Diego Souza; Keirrison e Ronaldo. Técnico: Mano Menezes

Arthur Kleiber disse...

O Corinthians surpreendeu. Mesmo tendo comecado a preparacao ainda em 2008, ninguem esperava tamanho sucesso. Alem de tudo que foi citado, contou com a estrela do Fenomeno. Li ainda que o Mano eh o tecnico ha mais tempo no time nos ultimos 39 anos (isso pq sao apenas 18 meses!), o que ja mostra uma grande evolucao! Tem tudo pra repetir o Gremio, quando conseguiu vaga na Libertadores logo depois do acesso.