17.5.09

Comigo ninguém pode

Alusão a conquista do 17º scudetto da Inter: Comandados por Ibrahimovic, os interistas passearam rumo ao tetracampeonato.

Na reta final das ligas européias, a manutenção da hegemonia deu o tom das comemorações. O tricampeão Manchester United nem fez força para empatar com o jovem Arsenal e fazer a festa, enquanto a Inter comemorou o tetracampeonato ainda na concentração, graças ao tropeço providencial do arqui-rival Milan frente a Udinese no sábado. Tetra como a Inter, o Porto já havia assegurado o caneco na semana passada com duas rodadas de antecedência, na vitória contra o Nacional da Ilha da Madeira. Em três dos seis campeonatos nacionais mais destacados da Europa – o Lyon não tem mais chances de ser octacampeão na França, o Barcelona quebrou a hegemonia do Real Madrid e o Bayern tem que torcer por um tropeço do Wolfsburg, além de vencer o difícil compromisso contra o Stuttgart para ser bicampeão alemão – manutenção da hegemonia, títulos antecipados e conquistados sem maiores problemas.

A Inter passeou durante todo o Calcio e praticamente não foi ameaçada. As irregularidades de equipes concorrentes Milan e Juventus facilitaram a conquista do scudetto, que mais uma vez ameniza a dor de uma péssima jornada de Champions League. Campeão da Champions e do Português pelo Porto e Inglês pelo Chelsea, José Mourinho estreou no Calcio e atestou sua sina de técnico campeão com o título, preservando a base construída por Mancini nas últimas temporadas. Porém, deu chances para o surgimento de bons jogadores pratas-da-casa nerazzurri nesta temporada como o lateral Davide Santon e o bom, porém intempestivo, Mário Balotelli, que se firmou como parceiro de ataque de Ibrahimovic principalmente após a metade da temporada. Temporadas espetaculares de Ibrahimovic – novamente principal jogador do time e vice-artilheiro do Calcio com 22 gols, até aqui – e do goleiro Júlio César, mescladas a regularidade de atletas como Cambiasso, Zanetti, Córdoba e Vieira deram a cara do 17º scudetto interista, o que faz os rivais de Milão empatarem no segundo posto do número de conquistas da Série A, italiana, com 10 conquistas a menos que a Juventus. E o tetracampeonato marca uma hegemonia que não se via em campos italianos desde o pentacampeonato do Torino, conquistado entre 1942 e 1949.

O Manchester United não teve a vida tão fácil quanto a da Inter, sem adversários diretos em 2008/09. Sofrendo com o excesso de jogos – principalmente à época do Mundial de Clubes da FIFA, o qual venceu – os Red Devils não abriam vantagem confrtável, até pelo fato de terem jogos a menos em relação aos rivais Liverpool e Chelsea e terminaram o primeiro turno apenas no terceiro posto. Após uma sequência de 11 vitórias consecutivas e mesmo com jogos a menos, os comandados de Ferguson assumiram a liderança da qual não saíram mais. Liderança essa que foi incomodada na goleada contra o rival direto Liverpool por 4-1 e na derrota na partida posterior por 2-0 frente ao Fulham na 30ª rodada. De lá pra cá, mais uma série de vitórias consecutivas – desta vez, sete – e o título garantido com uma rodada de antecedência no empate sem gols contra o Arsenal. Como a Inter, Alex Ferguson manteve a base vitoriosa da equipe, que contou com a valiosa aquisição de Berbatov, a qual aumentou ainda mais a gama de opções ofensivas da equipe. O surgimento, mesmo tímido, de valores da base como Welbeck, Evans, Rafael da Silva e Macheda mostra que o futuro reserva ao United bons frutos.

Mesmo sem ter emplacado um campeonato brilhante como em 2007/08, Cristiano Ronaldo teve bons momentos e está na briga pela artilharia da Premier League, com 18 tentos. Destaques para a regularidade Van der Sar, a boa zaga Vidic-Ferdinand, o veterano Giggs, as entradas e gols pontuais de Tevez. E superando Ronaldo, Rooney foi o grande diferencial do time nesta temporada. Atacante objetivo e muito dedicado no auxílio à marcação, colaborou com 12 gols, sete assistências e muita regularidade nos jogos. Além da campanha incontestável, o tricampeonato deu ao Manchester United o posto de maior campeão inglês ao lado do Liverpool, com 18 conquistas e o recorde de ser a única equipe a se sagrar duas vezes tricampeã inglesa em toda a história – a primeira foi entre 1999 e 2001. De quebra, Ferguson e Giggs – remanescentes da década de 80 quando o Manchester United amargou um período de 26 anos sem vencer o campeonato inglês, quebrado em 1992/93 - comemoraram seu 11º título nacional.

Coletividade foi a marca do tetracampeonato do Porto. Mesmo não tendo o artilheiro da Liga 2008/09 – até o momento, a marca é de Nenê do Nacional, com 19 tentos – cinco atletas foram responsáveis por marcarem 41 dos 59 gols dos Dragões até aqui: Lisandro López (10), Ernesto Farias (9), Givanildo Hulk e Lucho González (8), além de Cristián Rodríguez (6) mostram que o diferencial do Porto para a conquista foi a versatilidade de sua linha ofensiva. Além da importante participação dos citados, jogadores como o zagueiro Bruno Alves e o operário volante/meia Raúl Meirelles formaram a base campeã, comandadas pelo técnico Jesualdo Ferreira. Apesar de ainda estar distante da hegemonia de títulos benfiquista em Portugal – 31 contra 24 – o Porto ostenta uma impressionante marca de crescimento na Liga lusitana dos últimos anos: a conquista de 11 das últimas 15 edições da Liga.

A hegemonia de Manchester United, Inter e Porto vem recheada de números impressionantes, o que atesta a ampla superioridade em relação aos rivais. Que ainda precisarão abrir bem os olhos para não assistirem tais cenas de festa se repetindo em 2009/10.

3 comentários:

Carlos Pizzatto - Blog do Carlão disse...

Se Ancelotti sair, creio que o Milan pode acabar com a hegemonia na temporada que vem.

Vinicius Grissi disse...

Títulos justos demais. Fica a preocupação com relação ao futebol italiano, que tem piorado a cada temporada. A Inter dispara por lá, mas faz feio diante dos outros grandes europeus.

Breiller disse...

Superioridade e merecimento das três equipes mesmo, André. Até o Porto, que tem o elenco mais modesto das três, merecia ter ido mais adiante na UCL. Deu azar de cruzar com o Manchester e, ainda assim, vendeu caro a eliminação.

E, na Itália, Ibrahimovic confirma seu status de terceiro melhor jogador do mundo atualmente: ganhou os cinco campeonatos que disputou na em terras italianas. Simplesmente fundamental pra Inter.