8.5.09

Brasileirão 2009 - Parte 3

São Paulo
O alvo

Após conquistar o tricampeonato nacional consecutivo – feito inédito nestes 38 anos de disputa do Brasileirão – com uma arrancada sensacional praticamente no meio do segundo turno, o São Paulo é o alvo a ser batido. A base do Paulistão continua inalterada, o tempo de preparação após a eliminação frente ao Corinthians e a “folga” por conta da indefinição da partida pela Libertadores frente aos mexicanos do Chivas - por conta da epidemia do Influenza A (H1N1) – deram fôlego para que os comandados de Muricy Ramalho tivesse pouco mais de 20 dias de preparação para o jogo de estréia, frente ao Fluminense no Maracanã. Tal preparação pode ser um trunfo inicial, principalmente frente aos outros favoritos, envolvidos com fases finais de Copa do Brasil e Libertadores e que por conta disso vem atuando seguidamente.

A perda por grave contusão do líder e capitão Rogério Ceni é ponto contra, mas Muricy encaixou bem as peças contratadas no início da temporada, principalmente Júnior César, Arouca, Renato Silva e Washington. Time compacto e armado no 3-5-2, Muricy ainda procura o seu armador. Enquanto ele não chega, Muricy ensaia improvisar Dagoberto como meia pela direita, por conta de sua velocidade e drible fácil. O elenco numeroso e de fácil reposição na maioria das posições, a dinâmica do meio-campo e a química da dupla de ataque Borges-Washington colocam o Tricolor entre os favoritos. Com o adendo que desta vez , os adversários estarão mais do que vacinados quanto a uma eventual disparada do time Tricolor no certame e entrarão “mais atentos” quando enfrentarem a boa equipe de Muricy.

São Paulo Futebol Clube
Status: Favorito ao título
Melhor participação: Hexacampeão (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008)
Em 2008: campeão (75 pontos)
Time-base (3-5-2): Bosco; André Dias, Miranda e Renato Silva; Jean, Hernanes, Jorge Wagner, Dagoberto (Arouca) e Júnior César; Borges e Washington. Técnico: Muricy Ramalho
Destaque: Washington chegou com a responsabilidade de ser o homem-gol que o São Paulo e não decepcionou: foram 14 gols até aqui.
Olho nele! Cercado de expectativas e diante da dificuldade da chegada de um armador de ofício, o garoto Sérgio Mota pode ganhar chances de Muricy. É uma grande promessa da base Tricolor.
Gringo da Vez: nenhum
Pontos Fortes: A jogada aérea, forte com Washington, Miranda e André Dias, devidamente municiados por Jorge Wágner; meio-campo dinâmico, com grande participação dos volantes; zaga forte e compacta, além da base entrosada.
Pontos Fracos: Ainda necessita de um armador, opções no ataque e Hernanes – melhor jogador do último Brasileirão – ainda está devendo em 2009.


Corinthians
Renascimentos


A campanha impecável na Série B de 2008 foi logo substituída pela desconfiança daquela base atuando, desta vez, contra times de maior nível técnico. O título invicto do Paulistão com a base campeã da Série B, batendo equipes fortes na reta final como São Paulo e Santos com atuações convincentes, colocam o Corinthians em condições em brigar pelo título. A recuperação exitosa de Ronaldo, até aqui, tem grande parte no crescimento da equipe, ao lado do crescimento técnico de jogadores como Cristian, Elias e Alessandro.

A vilã, como sempre, pode ser a janela de transferências européia, onde jogadores como Elias, André Santos e Dentinho podem deixar o time. E o Corinthians só fez contratações para compor elenco, até aqui: o volante Jucilei (ex-J. Malucelli), o meia Marcinho (ex-Noroeste) e o atacante Henrique (ex-Guarani). Mano Menezes precisa de opções para a defesa – que sofre brusca queda de qualidade quando William ou Chicão não atuam – e de nomes fortes para a armação e o ataque, já que Souza ainda não correspondeu para ser a “sombra” de Ronaldo e Douglas vive má fase.

Como time ideal, o 4-3-3/4-5-1 de Mano favorece o jogo de Ronaldo, que tem mais liberdade em campo. Jorge Henrique e Dentinho atuam pelos flancos e dão o combate nos laterais adversários. A má fase de Douglas vem sendo compensada pelas boas atuações de Cristian e Elias, cujas atuações fazem com que a bola chegue com mais velocidade ao ataque, sem se descuidar da marcação. A excelente fase de Chicão também vem sendo benéfica ao time, ja que o camisa três é eficiente nas bolas paradas e arrisca avanços ao ataque. Seguramente, é um dos melhores zagueiros em atividade no Brasil.

Sport Club Corinthians Paulista
Status: Favorito ao título
Melhor participação: Tetracampeão (1990, 1998, 1999 e 2005)
Em 2008: campeão da Série B (85 pontos)
Time-base (4-3-3): Felipe; Alessandro, Chicão, William e André Santos; Cristian, Elias e Douglas; Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo. Técnico: Mano Menezes
Destaque: Cercado de desconfianças em sua chegada, Ronaldo vem mostrando seu cartão de visitas, mesmo fora de forma: foram 10 gols em 13 partidas e a maior sequência de jogos desde a Copa de 2006.
Olho nele! Destaque na base e ainda se acertando no time de cima, o zagueiro Diego desbancou o experiente Jean e vem sendo a opção imediata quando Chicão e William não atuarem. A confiança pode aumentar com uma sequência maior de jogos.
Gringo da Vez: o zagueiro Escudero (Argentina) e o atacante Acosta (Uruguai)
Pontos Fortes: Zaga forte e entrosada; boas investidas de André Santos, pela ala,Elias e Cristian apóiam e defendem com a mesma eficiência; a velocidade de Jorge Henrique e Dentinho, além das crescentes atuações de Ronaldo.
Pontos Fracos: Faltam mais opções de elenco na lateral-direita, armação e ataque; Douglas está se caracterizando por se “esconder” dos jogos neste ano de 2009.

Palmeiras
Defesa que ninguém passa?

A aposta nos destaques da última temporada pelo Palmeiras mostrou-se acertada no ataque com Cleiton Xavier e Keirrison, mas a defesa ainda é o grande calcanhar de Aquiles da equipe de Luxemburgo. Maurício Ramos e Danilo ainda não acertaram o miolo de zaga, principalmente na bola aérea. Edmilson e Marcão, contratados por conta da experiência e versatilidade no sistema defensivo, ainda não se encaixaram. E tais indefinições quase custaram a Libertadores, além da eliminação no Paulistão para o Santos em pleno Palestra Itália.

Ainda assim, o Palmeiras conta com bons nomes e ainda se reforçou com o volante Mozart (ex-Spartak Moscou). E se defensivamente o Verdão ainda deixa a desejar, no ataque o time se mostra letal com as investidas do colombiano Armero pela esquerda, o faro de gol de Keirrison e a estrela de Diego Souza, que vem se superando e jogando bem nos momentos decisivos, como nos jogos contra o Sport na primeira fase da Libertadores. No entanto, o meia ainda será julgado pela agressão ao zagueiro Domingos na semifinal do Paulista. E de solução, o meia pode pegar um gancho longo e desfalcar a equipe por longo tempo, deixando a cargo de Cleiton Xavier as ações de armação da equipe.

Sociedade Esportiva Palmeiras
Status: Zona da Libertadores
Melhor participação: Tetracampeão (1972, 1973, 1993 e 1994)
Em 2008: 4º colocado (65 pontos)
Time-base: (3-5-2) Marcos; Danilo, Maurício Ramos e Marcão; Wendel (Mozart), Pierre, Dleiton Xavier, Diego Souza e Armero; Willians (Marquinhos) e Keirrison. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Destaque: Nos momentos decisivos, Diego Souza se apresenta para o jogo e contribui para incendiar o time com gols e passes precisos. É veloz, tem boa técnica e arremata bem. Só precisa controlar um pouco seu temperamento.
Olho nele! Com o veterano Marcos não podendo atuar sempre, o goleiro Bruno jogou alguns jogos como titular e não decepcionou. O goleiro, formado no próprio Palmeiras, deve mais ter algumas oportunidades neste Brasileirão
Gringo da Vez: o lateral Armero (Colômbia) e o atacante Ortigoza (Paraguai)
Pontos Fortes: Pierre é forte na marcação, Cleiton Xavier e Diego Souza municiam e chegam com qualidade ao ataque; as investidas de Armero e a grande capacidade de finalização de Keirrison.
Pontos Fracos: Zaga vulnerável, principalmente na bola aérea e a falta de um ala direita de ofício.

Santos
Subindo de produção

O vice-campeonato paulista marca o crescimento de produção do Santos, que havia contratado uma série de bons nomes no início do ano, mas que não havia se acertado com Márcio Fernandes. A chegada de Vágner Mancini trouxe além da mudança de atitude de alguns jogadores, uma mudança de esquema para favorecer a velocidade e a habilidade de Madson e Neymar. Em um esquema semelhante ao do Corinthians, o Santos atua com os dois jogadores abertos pelos flancos em diagonal, municiando Kleber Pereira, mais centralizado entre os zagueiros. Na armação, a grata surpresa de Paulo Henrique “Ganso”, cadenciando o jogo e alimentando o ataque santista, auxiliado pelas pontuais chegadas de Rodrigo Souto e os avanços de Triguinho pela esquerda.

A quase certa chegada do bom volante Rodrigo Mancha e as eminentes saídas de jogadores de potencial como Lúcio Flávio e Bolaños ainda marcam algumas indefinições no elenco, que só foi reforçado com os desconhecidos Eli Sabiá e Felipe Azevedo, ambos vindos do Paulista. No entanto, ainda é necessário “encorpar” mais o elenco, que precisa de mais opções para a defesa, lateral-direita e volantes para brigar a princípio, por uma das vagas na Libertadores.

Santos Futebol Clube
Status: Zona da Libertadores
Melhor participação: Bicampeão (2002 e 2004)
Em 2008: 15º colocado (45 pontos)
Time-base: (4-3-3) Fábio Costa; Luisinho, Fabão, Fabiano Eller e Triguinho (Léo); Rodrigo Souto, Roberto Brum e Paulo Henrique; Neymar, Madson e Kleber pereira. Técnico: Vágner Mancini
Destaque: Motorzinho da equipe, Madson foi o grande nome do time na reta final do Paulistão. Arisco, não tem medo de partir pra cima e arriscar chutes ao gol, além de auxiliar na marcação.
Olho neles! Nova geração da Vila, Paulo Henrique e Neymar conquistaram seu espaço, principalmente após a chegada de Mancini. E na disputa do primeiro Brasileirão como titulares, a dupla pode consolidar de vez a sua importância para o time do Santos, assim como fizeram no Paulistão.
Gringo da Vez: nenhum
Pontos Fortes: A velocidade imposta nas jogadas pelos flancos por Neymar, Madson e Triguinho.
Pontos Fracos: A falta de um lateral-direito desequilibra o Santos, que acaba atacando preferencialmente pela esquerda. A ausência de um volante de confiança para atuar ao lado de Rodrigo Souto.

Santo André
Nova aposta na experiência

Após dois campeonatos sem representantes, o ABC paulista reaparece no mapa do futebol nacional, desta vez, personificado no ascendente Santo André. Após ver o sucesso e derrocada do rival São Caetano, o Santo André colocou as manguinhas de fora com a conquista da Copa do Brasil de 2004 e reapareceu com força após a excelente campanha na Série B em 2008. Apesar da grande diferença na tabela em relação ao campeão Corinthians, o Ramalhão garantiu o vice-campeonato da segundona com o alento de não ter perdido para os corithianos – nos dois jogos, dois empates.

Após 25 anos fora da elite nacional, o Ramalhão continua apostando na fórmula que o conduziu até o acesso: a aposta em jogadores experientes. No elenco de 2008, jogadores como Marcelinho Carioca e o veterano Fernando tiveram papel importante no vice da equipe andreense. Para o Brasileirão, mais nomes tarimbados do futebol tupiniquim engrossam o elenco do técnico Sérgio Guedes: o lateral Gustavo Nery (ex-Inter/RS), o zagueiro Dininho (ex-Flamengo) e o meia Rodrigo Fabri. No pacotão, ainda vieram nomes como o meia Rodriguinho e o atacante Nunes, revelado pelo próprio Santo André em 2003 e que vem de boas temporadas pelo Bragantino. Os reforços, mesclados à base do Paulistão - de jogadores como Neneca, Ricardo Conceição e Pablo Escobar - que quase beliscou um lugar nas semis do Paulistão fazem com que o Ramalhão possa sonhar ao menos, com uma vaga na Sul-Americana.

Esporte Clube Santo André
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: 10º lugar em 1984
Em 2008: vice-campeão da Série B (68 pontos)
Time-base: (4-4-2) Neneca; Cicinho, Cesinha, Marcel e Gustavo Nery; Fernando, Ricardo Conceição (Élvis) Marcelinho Carioca e Antônio Flávio (Rodrigo Fabri); Pablo Escobar e Nunes (Osny). Técnico: Sérgio Guedes
Destaque: Destaque no rebaixado Ipatinga em 2008, o boliviano Pablo Escobar se adaptou bem ao futebol paulista e terminou o Paulistão como o artilheiro da equipe, com sete gols. Caracteriza-se pela boa movimentação e versatilidade (pode atuar na meia ou como segundo atacante)
Olho nele! O jovem meia Antônio Flávio também se destacou no Paulistão. Terá que lutar pela grande concorrência de meias e atacantes experientes no time, mas provou com os seis gols marcados no Paulista que tem condições de continuar na equipe.
Gringo da Vez: o atacante Pablo Escobar (Bolívia)
Pontos Fortes: As bolas paradas, lançamentos e contra-ataques orquestrados por Marcelinho; a polivalência de Gustavo Nery e a velocidade de Antônio Flávio e Escobar
Pontos Fracos: Maior apoio das laterais, já que Nery atua mais como ala na diagonal do que um lateral que chega a linha de fundo. Entrosamento de Nunes no ataque e volantes pouco habilidosos na saída de jogo.

2 comentários:

Armando Teixeira Junior disse...

ótimo post, concordo com quase todas as previsões...só não consigo me empolgar com o futebol do Santos a ponto de coloca-lo como pretendente à vaga da Libertadores...Por mais que o trabalho do Wagner Mancini tenha mostrado resultado acho o time da baixada muito limitado... em um campeonato com times tão competitivos acho que uma Sul-Americana já esta de bom tamanho para o peixe.
Abraços

Persio Presotto disse...

O fato de ser são-paulino não me impede de reconhecer que o Corinthians tem um belo time, que empolga e é bastante eficiente. O Santos é uma incognita. E o Palmeiras, acho que tem chances de bestiscar uma vaga na Libertadores de 2010. Abs, PP