Navegando pela Internet, percebi em um exemplo, o peso de ser um formador de opinião em nossa sociedade atual. O jornalista André Rizek, editor do canal Sportv e comentarista esportivo, publicou na última segunda (25/5) em seu blog um post com o título Fala Sério, onde comentava sobre a contratação do atacante Obina, pelo Palmeiras. O texto bastante curto, com apenas sete linhas, gerou mais de 3.000 comentários até o momento em que postei esse texto. Rizek, enumerou certos jogadores e classificou-os como “pernas-de-pau”, dizendo depois que o atacante Obina era um “perna-de-pau com carisma”.
Nem os números pífios e as péssimas atuações do ex-flamenguista foram capazes de barrar uma legião de internautas sedentos pela cabeça de Rizek. Muitos o acusavam de desrespeitar Obina como ser humano, outros partiram para ofensas pessoais; até ameaças de agressão física apareceram no post. Afinal qual o papel do jornalista ao escrever um artigo opinativo ou postar sua opinião em um blog?
Muitos acessam os blogs ou os artigos dos comentaristas de áreas específicas do jornalismo esperando um ponto de vista, um parecer, uma opinião, sobre uma situação ou notícia. Políticos se dividem entre direita e esquerda, economistas entre pessimistas e otimistas em relação ao mercado, mas basta no futebol usar uma gíria para dizer que fulano é mau jogador que o comentarista recebe ameaças de morte? Situação difícil esta.
Vendo por outro lado, o jornalista como formador de opinião deve ter consciência ao escolher suas palavras na hora de escrever o que pensa. Incitar uma torcida inteira contra um jogador recém contratado não parece justo. Todos que atualmente escrevem, opinam e criam informação, seja em um site, jornal ou blog, têm em suas mãos o poder de rotular, embalar e entregar, de uma forma ou de outra, um fato, sem necessariamente faltar com a verdade. Talvez o simples fato de escolher outra expressão que não fosse “perna-de-pau” seria o suficiente para sanar as críticas dos descontentes com a posição de Rizek, mas também impediria o jornalista de expressar sua mais sincera opinião, pois o simples ato de escolher outra palavra constituiria uma forma de (auto)censura, impedindo um texto de chegar “original” ao público.
Somente para enumerar mais um caso que me chamou a atenção nestes dias, gostaria de citar também a reportagem que foi ao ar no dia 16 deste mês, no programa Sportv Repórter. A matéria muito bem apurada, falava sobre a anorexia no esporte, um tema seriíssimo que atinge grande número de atletas profissionais e amadores em busca de um corpo perfeito. O programa alertava para os perigos da busca de atletas em alto nível de quebrar os limites do corpo e também derrubava o mito do esporte estar sempre relacionado a saúde. Surpreendente o número de atletas amadores que acabam vítimas de anorexia e bulimia pelo desejo de atingir o mesmo corpo e físico de seus ídolos no esporte. Ótima matéria, ponto para o Sportv.
Contradizendo totalmente seu parente televisivo, o site Globo.com em sua página de esportes, apresenta notícias claramente voltadas para o lado estético dos atletas. É curioso perceber que a cobertura de tênis feminino oferecida pelo site dá mais ênfase a beleza das atletas que ao resultado de alguns jogos. Como exemplo, cito aqui duas matérias: uma onde a tenista russa Maria Sharapova é destacada pelas suas celulites, apresentadas durante o jogo e outra ainda que ressalta a vitória da tenista Anna-Lena Gronefeld sob o título “Alemã ‘fofinha’ dá a volta por cima e despacha Mauresmo em Roland Garros”.
Portanto o que é pior: um texto que rotula declaradamente um atleta, como o de Rizek, ou outro que disfarça comentários estéticos sob a forma de notícia? Ou ainda: Qual o dever jornalístico e as responsabilidades do grupo Globo ao levantar uma bandeira com uma mão e baixá-la com a outra? Realmente é para se discutir.
Nem os números pífios e as péssimas atuações do ex-flamenguista foram capazes de barrar uma legião de internautas sedentos pela cabeça de Rizek. Muitos o acusavam de desrespeitar Obina como ser humano, outros partiram para ofensas pessoais; até ameaças de agressão física apareceram no post. Afinal qual o papel do jornalista ao escrever um artigo opinativo ou postar sua opinião em um blog?
Muitos acessam os blogs ou os artigos dos comentaristas de áreas específicas do jornalismo esperando um ponto de vista, um parecer, uma opinião, sobre uma situação ou notícia. Políticos se dividem entre direita e esquerda, economistas entre pessimistas e otimistas em relação ao mercado, mas basta no futebol usar uma gíria para dizer que fulano é mau jogador que o comentarista recebe ameaças de morte? Situação difícil esta.
Vendo por outro lado, o jornalista como formador de opinião deve ter consciência ao escolher suas palavras na hora de escrever o que pensa. Incitar uma torcida inteira contra um jogador recém contratado não parece justo. Todos que atualmente escrevem, opinam e criam informação, seja em um site, jornal ou blog, têm em suas mãos o poder de rotular, embalar e entregar, de uma forma ou de outra, um fato, sem necessariamente faltar com a verdade. Talvez o simples fato de escolher outra expressão que não fosse “perna-de-pau” seria o suficiente para sanar as críticas dos descontentes com a posição de Rizek, mas também impediria o jornalista de expressar sua mais sincera opinião, pois o simples ato de escolher outra palavra constituiria uma forma de (auto)censura, impedindo um texto de chegar “original” ao público.
Somente para enumerar mais um caso que me chamou a atenção nestes dias, gostaria de citar também a reportagem que foi ao ar no dia 16 deste mês, no programa Sportv Repórter. A matéria muito bem apurada, falava sobre a anorexia no esporte, um tema seriíssimo que atinge grande número de atletas profissionais e amadores em busca de um corpo perfeito. O programa alertava para os perigos da busca de atletas em alto nível de quebrar os limites do corpo e também derrubava o mito do esporte estar sempre relacionado a saúde. Surpreendente o número de atletas amadores que acabam vítimas de anorexia e bulimia pelo desejo de atingir o mesmo corpo e físico de seus ídolos no esporte. Ótima matéria, ponto para o Sportv.
Contradizendo totalmente seu parente televisivo, o site Globo.com em sua página de esportes, apresenta notícias claramente voltadas para o lado estético dos atletas. É curioso perceber que a cobertura de tênis feminino oferecida pelo site dá mais ênfase a beleza das atletas que ao resultado de alguns jogos. Como exemplo, cito aqui duas matérias: uma onde a tenista russa Maria Sharapova é destacada pelas suas celulites, apresentadas durante o jogo e outra ainda que ressalta a vitória da tenista Anna-Lena Gronefeld sob o título “Alemã ‘fofinha’ dá a volta por cima e despacha Mauresmo em Roland Garros”.
Portanto o que é pior: um texto que rotula declaradamente um atleta, como o de Rizek, ou outro que disfarça comentários estéticos sob a forma de notícia? Ou ainda: Qual o dever jornalístico e as responsabilidades do grupo Globo ao levantar uma bandeira com uma mão e baixá-la com a outra? Realmente é para se discutir.
3 comentários:
Caramba, ótimo texto.
Não acreditei quando vi essa manchete no Globo.com, dando o destaque ao físico da atleta. No mínimo, um jornalismo irresponsável.
Parabéns ao Armando pelo excelente texto.
Abraço.
Muitos torcedores ficam indignados, mas os altetas vestem a camisa dos clubes por tão pouco tempo; todos devem saber que a permanência de Obina no clube depende mais do seu empresário do que do seu futebol. Então, torcedores, se conformem pois o comentário foi sobre o atleta e que o mais importantou nessa transação foi a financeira. Se falassem do Marcos, que está no clube há muitos anos, aceitaria as defesas e indignações.
André, baita post.
Por falar em ética na comunicação, chegaste a ver o post anterior ao jogo interxflamengo, do cara que escreve o blog do torcedor flamenguista no globoesporte.com? Não sei como a globo aceita algo de tão baixo nível. Absurdo mesmo.
Abraço!
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