3.1.11

Um novo filão

“Eu vou fazer um leilão
Quem da mais pelo meu coração
Me ajude voltar a viver
Estou aqui tão perto
Me arremate para você”

O trecho da letra acima, popularizada na voz da dupla sertaneja César Menotti e Fabiano, ilustra com clareza o momento que atravessa Ronaldinho e seu irmão e procurador Assis: um verdadeiro leilão para saber quem vai repatriar o craque (se é que ele realmente voltará ao Brasil). O caso é tão complexo que o Milan destacou seu vice-presidente de futebol, Adriano Galliani, para ficar no país até o desfecho da transferência.

Todos os interessados (Flamengo, Palmeiras e Grêmio) afirmam ter feito boas propostas., destacadas aqui pelo site GloboEsporte.com. Assis é visto negociando com todos os clubes, enquanto o craque não dá a menor pista de qual rumo seguirá em 2011 – o Blackburn entrou na briga e tem a proposta mais vantajosa ao Milan, que visa recuperar parte do investimento feito no brasileiro junto ao Barcelona, em junho de 2008, por quase 25 milhões de euros. No quesito salários, ainda usando como base o GloboEsporte, o Palmeiras tem o salário mais alto, além da dar um eventual valor da patrocínio nas mangas de seu uniforme.

Algo que parece concreto nessa complicada possível volta é que Ronaldinho não voltará “pelo coração”. Tanto é que o duo não cogita voltar ao Grêmio apenas por gratidão, já que o meia saiu pela porta dos fundos do Tricolor gaúcho, em negociação conturbada com o Paris Saint-Germain, em 2001. O empresário de Ronaldinho já reclamou da postura gremista, que não negociou mais após a primeira (e otimista, segundo a própria diretoria gaúcha) proposta. O Flamengo – aquele mesmo que quase caiu no Brasileirão pagando mais de 900 mil reais para sua dupla titular de ataque, formada por Deyvid e Diogo – parece estar mais perto da chegada do craque. O irônico é que uma das empresas que pode ajudar a pagar parte dos salários de Ronaldinho é a Traffic, que teoricamente, é parceira de longa data no futebol do Palmeiras. A night carioca, porém, apetece mais ao meio-campo, que não esconde sua preferência por uma baladinha.

A verdade que os êxitos da vindas de Ronaldo, Adriano, Fred e Robinho nos últimos anos inaugurou um novo filão no futebol brasileiro: craques insatisfeitos/encostados na Europa voltam ao Brasil para ficar mais perto dos familiares (e de todas as regalias oferecidas pelos clubes, além de outros fatores) ganhando um salário quase que equiparado ao nível oferecido no Velho Continente.

Dentro e fora de campo, tais negociações têm sido vantajosas aos clubes. No entanto, mesmo com uma verdadeira operação financeira para viabilizar tais chegadas, a maioria dos clubes acabam se planejando mal. É o caso do próprio Palmeiras, com a volta de Valdivia: o clube Alviverde fechou 2010 com débitos em parte dos vencimentos do elenco – inclusive o próprio chileno e Kléber, trazido junto ao Cruzeiro. Ambos reclamaram dos entreveros publicamente.No Flamengo, tal problema é recorrente nos últimos anos.

A vinda de Gaúcho para o futebol daqui é altamente positiva, já que o craque, se quiser mesmo jogar bola, ainda tem muita lenha para queimar. Vide Ronaldo, Adriano e Robinho, principalmente. Mas os problemas desses craques é exatamente fora das quatro linhas, com anuência dos dirigentes. Não adianta chegar Ronaldinho, se a zaga do Palmeiras não tiver reforços ou se o Flamengo não tiver atacantes em boa fase. O planejamento para viabilizar a vinda de estrelas e os lucros que eles podem trazer de imediato. Nada de títulos.

*Atualizado às 23:38

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