28.1.11

Dando o sangue pelo time

O quão longe você iria para poder ajudar o seu time? No futebol e nos esportes coletivos, em geral, que agrupam várias pessoas em prol de uma paixão, há muitos tipos de loucuras que os torcedores mais fanáticos fazem em nome da paixão – a grande maioria, gestos inusitados, mas nobres. Na Bulgária, os torcedores do Pirin Blagoevgrad – clube búlgaro que fica na cidade de Blagoevgrad (a 101 km da capital, Sofia) –, literalmente, darão o sangue pelas Águias.

Integrante da A PFG (a primeira divisão local), o clube está afundado em dívidas, que segundo a diretoria, chegam a US$ 300 mil, referentes a salários de atletas, funcionários e outros tipos de débitos em atraso. Nenhuma novidade, ainda mais quando quando vivenciamos o futebol brasileiro, onde tais notícias são corriqueiras. Mas o fato é que na maioria das ligas europeias, as equipes só tem licença para atuar profissionalmente caso comprovem que possam pagar todas as suas despesas em dia. E o presidente do comitê responsável pela liga búlgara, Krasin Krustev, deu prazo ao Pirin para quitar suas dívidas até o próximo dia 31 de março. Caso contrário, a equipe seria relegada à terceira divisão, onde seria rebaixada ao amadorismo.

É aí que entra o sangue dos torcedores. Na Bulgária, ao contrário do Brasil, a pessoa que recebe uma transfusão de sangue tem que pagar por ele. Com isso em mente, os aficcionados resolveram arregaçar as mangas e doar seu sangue, em prol da paixão pelo Pirin – que além de afundado em débitos, está na zona de rebaixamento da liga local, na 14ª posição entre 16 equipes.

Mesmo considerada uma equipe de menor expressão no futebol búlgaro (resultado de uma fusão de duas equipes da cidade que ostentavam o mesmo nome, em 2008), é uma espécie de celeiro de talentos para a seleção. A maior estrela do futebol local na atualidade, o atacante Dimitar Berbatov, do Manchester United, foi formado no Pirin. Após sete anos na base, transferiu-se ao CSKA Sofia (um dos grandes do país) e estourou no futebol europeu no Bayern Leverkusen, que depois o vendeu ao Tottenham. E contribuiu formando dois jogadores do fabuloso elenco que alcançou o quarto lugar na Copa do Mundo de 1994 (melhor participação do país): os atacantes Petar Mihtarski e Ivaylo Andonov.

Inclusive, a campanha de venda de sangue é apoiada por Ivan Berbatov, pai do centroavante do United, que aponta a omissão das autoridades locais para com o principal clube da cidade, que rotineiramente tem que recorrer às categorias de base para manter a equipe, já que os seus destaques rumam rapidamente aos times grandes de lá, como o CSKA, Lokomotiv, Levski e o Litex Lovech.

E mexer com sangue não é novidade para as Águias de Blagoevgrad. Em abril de 2010, após uma série de maus resultados, os cartolas decidiram sacrificar um cordeiro dentro do estádio do clube, usando o sangue do animal nos gols para tirar a zica. A equipe conseguiu permanecer na elite, na última temporada. Porém, o problema atual é mais sério e necessita de rapidez e muitas doações para ser solucionado. Resta saber se boa parte dos 76 mil habitantes da cidade doarão a preciosidade que correm em suas veias para salvar a equipe do ostracismo total.

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