21.1.11

A felicidade morava no vizinho

Quando contratado como meia, Leonardo teve ótima passagem pelo Milan. As quatro temporadas na equipe rossoneri e o papel importante na conquista do scudetto de 1998/99, com 12 gols em 27 jogos, aliadas ao seu intelecto diferenciado (em se tratando de atletas de futebol) fizeram não só com que ele voltasse à Itália para encerrar a carreira no clube, em 2003. Diretor técnico e consultor do Milan na América do Sul, ajudou a trazer Kaká, Pato e Thiago Silva. Os dois últimos, jogadores importantes da equipe de hoje, enquanto Kaká foi peça-chave nas principais conquistas dos últimos anos, antes de partir para o Real Madrid.

Após a queda de Carlo Ancelotti, atual técnico do Chelsea, ele foi alçado ao cargo. Mesmo sem experiência, ele conhecia bem a realidade do clube e o elenco. Sem grandes reforços, tentou "ressucitar" Ronaldinho e ficou sem Pato por um bom tempo. O terceiro lugar, que dava ao Milan a passagem de retorno à Champions (não havia disputado em 2009/10), não foi suficiente para mantê-lo no clube. Que sob a batuta de Max Allegri e com reforços significativos, como Robinho e Ibrahimovic (Leonardo dependia demais de Borriello e do velho Inzaghi), lidera o Calcio e caminha para tentar quebrar a hegemonia da atual pentacampeã italiana Inter, arquirrival milanista.

Órfã do técnico José Mourinho, a Inter tentou prosseguir no caminho das glórias com Rafa Benítez, que apesar da capacidade e bom trabalho no Liverpool, saiu extremamente desgastado na Inglaterra. E o seu (justo) pedido de reforços após a conquista do Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, foi a desculpa para que a diretoria interista o demitisse. E o outrora rival Leonardo foi convocado e assumiu o time, sem titubear – após consultar o ex-clube, recebeu sinal verde e desejo de boa sorte.

A paixão e a química, ao que parece, foram instantâneas. Baseada em seu ótimo início, de cinco vitórias em cinco jogos, os elogios não param de acontecer. O presidente Massimo Moratti o classificou de "inteligente e brilhante". Materazzi desdenhou de Benítez, dizendo que o espanhol era "um guarda de trânsito dirigindo uma Ferrari" e dizendo que queria vê-lo comandar, ao lado de Mourinho, a equipe nerazzurri. Leonardo não ficou atrás, dizendo que a Inter possui o "DNA da vitória" – com Benítez, a equipe chegou a amargar série de cinco jogos sem perder. A diferença para o Milan, que chegou a ser de 13 pontos, atualmente foi reduzida para seis, tendo os rivais com uma partida a mais. Na "era Leonardo", a equipe já anotou 15 gols em cinco partidas, com sete sofridos. Com o espanhol no comando, o time atingiu apenas seis gols em nove jogos, entre setembro e novembro.

Há de se analisar o fato que o treinador espanhol saiu no momento em que o Inter, acometido por seguidas lesões de jogadores importantes como Stankovic, Milito, Chivu e Maicon. Mas é evidente que o empenho dos atletas aumentou visivelmente, como visto nas declarações. O fortalecimento do meio-campo, com a entrada do volante Thiago Motta em lugar do meia-atacante Pandev acentuou virtudes como a armação de jogadas com Stankovic (e que será feita por Sneijder, quando este estiver apto a jogar), a chegada com qualidade de Cambiasso e as incisivas jogadas de Maicon, pela direita. Some-se a isso o retorno total do lesionado Milito e a temporada fantástica pela qual atravessa o camaronês Eto'o (27 jogos em 24 gols) que inclusive, defendeu seu ex-treinador das críticas. Mas manteve o faro de gol em dia, com o brasileiro.

A Inter volta à briga de um dos campeonatos mais disputados dos últimos anos, com as ainda frágeis, mas boas equipes do Napoli e Lazio também entre os primeiros, além do Milan. E o sucesso do novo técnico pode causar algum tipo de reação em atletas do seu antigo elenco. A reação de Gattuso, logo após o anúncio do técnico, mostra isso. "Ele até fez um bom trabalho na temporada passada, mas sempre dizia que o trabalho de técnico não era para ele. Evidentemente, o Deus do dinheiro pode produzir milagres. Espero que ele não ganhe nada na Inter", disparou o volante ao jornal Corriere della Sera. O reencontro entre eles, em 3 de abril, será apenas mais um ingrediente para a briga pelo scudetto desta disputadíssima Série A.

Um comentário:

TMK disse...

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