17.1.11

Paulistinha para ter um Paulistão

Tradicionais, a briga pelo fim da participação dos grandes clubes nos estaduais é uma das grandes discussões que tomam conta do futebol brasileiro, principalmente neste início de temporada no país. Mesmo com a importância de outrora – muito minimizada pelo crescimento de importância de Copa do Brasil e Libertadores, disputadas simultâneamente com os estaduais – um mau desempenho neste torneio acaba colocando a cabeça do treinador dos grandes times a prêmio, como é culturalmente tradicional por aqui.

Há muitos anos, o Paulista desbancou o Carioca para se tornar o maior e mais rentável estadual do país. A vantagem da dupla Rio-São Paulo – com torneios tecnicamente muito mais interessantes do que outros do eixo Sul-Sudeste, é a despolarização. Além de quatro equipes grandes – São Paulo leva vantagem por ter times médios e pequenos mais fortes, mesmo com o enfraquecimento do interior nos últimos anos. Desde 2000, somente em dois anos (2000 e 2009), os quatro primeiros foram Peixe, Timão, Tricolor e Verdão – excetuando-se 2002, onde os rivais não estiveram no torneio, disputando o Rio/São Paulo. E dos dez torneios da década, cinco tiveram somente dois ou menos grandes triunfando entre os quatro melhores, abrindo espaço para equipes como Botafogo-SP, Ponte Preta, São Caetano, Santo André, Paulista, Noroeste, Bragantino, Grêmio Prudente e Guaratinguetá (agora, "rebatizado" de Americana) brilharem.

E justamente pelo ano passado, que viu Corinthians e Palmeiras fora das semifinais, com Santos e São Paulo se degladiando numa das partidas decisivas, enquanto os modestos e esforçados Santo André e Prudente estavam na outra, a Federação Paulista resolveu incrementar o já apertado calendário da competição. No lugar de quatro, oito clubes no mata-mata. Uma partida de quartas de final, outra na semifinal (com mando da melhor campanha) e duas na final. De 20 equipes, oito avançam e quatro caem. O campeonato, além de já estar inchado, passa a ter o início "relaxado", favorecendo os grandes, que contam com uma pré-temporada risível de dez ou quinze dias.

É importante manter os clubes do interior vivos, mais há muitos que não tem condições mínimas de figurarem na primeira divisão ou viram clubes-vitrine de empresários, como o caso do próprio Americana, em mudança controversa de sede de Guaratinguetá, movida estritamente por motivos econômicos e facilidades, contrastando com a festa feita por Linense e São Bernardo, que veem em suas agremiações formas de representar a cidade.

Que o calendário precisa ser repensado, não é novidade. Com um brasileiro longo, a Copa do Brasil deveria passar para o segundo semestre. Assim, as equipes que não disputassem a Libertadores poderiam jogar um estadual mais "folgado", com tempo de preparação adequada ao nacional. As classificadas ao torneio continental poderiam usar o torneio, calmamente, como laboratório. Haveriam menos datas e mais tempo de preparação.

Clubes e dirigentes defendem sair dos estaduais para excursionar em busca de dólares. O Paulistão paga bem (cerca de R$ 9,5 mi aos grandes). Porque não otimizar uma primeira divisão competitiva, com 12 clubes fortes, quatro semifinalistas e quatro rebaixados e deixar a segunda divisão regional forte e coma maiores subsídios da FPF? A desorganização de datas e brigas políticas entre a FPF e a CBF, neste caso, podem abreviar ainda mais a real importância de por o patromônio do clube em campos esburacados e sem condições de jogo por um campeonato secundário. É preciso se repensar o maior estadual do Brasil.

2 comentários:

bruno calixto disse...

É claro que mudar o calendário todo ano é ruim, e socar um monte de jogos em um curto período, pior ainda. Mas não acho que diminuir o número de times e jogos ("otimizar") vai trazer prestígio para o estadual. Além disso, falar em uma segunda divisão "forte" soa inocência, já que o dinheiro vem da TV, e ninguém assiste segunda divisão!

Pra mim, é bem interessante ter um paulista com oito times no mata-mata. Afinal, precisamos de um campeonato legal e competitivo com finais, o que não acontece com a copa do brasil, que não é disputada pelos times que estão na libertadores. E com oito times, as equipes do interior terão mais chances de mostrar seu futebol na reta final do campeonato, e quem sabe arrecadar um pouco mais com ingressos e tv.

abs,
bruno

André Augusto disse...

É um outro lado de se ver as coisas e com argumentos que eu até concordo parcialmente. Porém, como dito no texto, os times do interior conseguiram se destacar, tanto no mata-mata, quanto nas semifinais. Ter 20 times na elite ão quer dizer que todos eles arrecadarão montantes, visto tmes de menos apelo como o Prudente e o Americana. Um estadual reduzido daria mais fôlego aos grandes e uma segunda divisão forte – obviamente sem o dinheiro da TV – deveria ser subsidiada pela Federação, que já cansou de fazer empréstimo de dinheiro aos grandes. Porque não ajudar os pequenos tbm?