

Experiente, Rojas já figurava como uma das principais figuras da La Roja, com a disputa das Eliminatórias para a Copa de 1986 e 1990, além do grande destaque obtido na Copa América de 1987, na Argentina. Melhor goleiro daquele torneio continental, Rojas ajudou a eliminar o Brasil, após uma goleada por 4 a 0, ainda na fase de grupos. Devido a sua agilidade, capacidade de organizar a defesa e a visão de jogo, o arqueiro acabou apelidado de Condor – maior ave de rapina do planeta, conhecida pela visão aguçada e natural da região andina.
O Chile vinha razoavelmente bem nas Eliminatórias para a Copa de 1990, onde figurava no Grupo 3, ao lado de Brasil e Venezuela. Somente o campeão da chave teria vaga para o torneio, sediado na Itália. Com a seleção Vinotinto sendo o grande saco de pancadas daquela disputa, a disputa foi acirrada entre os dois rivais. Contudo, a Seleção foi até Santiago e arrancou um empate em um gol com o time da casa, em jogo que rendeu uma punição ao time anfitrião, por hostilidade da torcida local. A equipe teve que sediar a partida seguinte, diante dos venezuelano, na cidade argentina de Mendoza.
Como tinha saldo de gols melhor, um empate garantia o Brasil, enquanto o Chile precisaria vencer o time – comandado pelo fatídico Sebastião Lazaroni – em pleno Maracanã, com ares de decisão. Porém, Careca tornou a missão chilena mais difícil, ao marcar o gol brasileiro, logo no início do segundo tempo.

Outrora herói, Rojas virou vilão e acabou banido do futebol pela Fifa – punição revogada em 2001, já com Rojas aposentado. Além da mancha para o futebol chileno (a Fifa elegeu o episódio como a pior fraude de sua história), o "caso Rojas" rendeu dois neologismos inusitados em seu país natal: "condorazzo" (relativo a Condor, seu apelido) se incorporou ao vocabulário local como significado de "erro grave" e "desastre". E a atitude de mostrar a genitália aos brasileiros, na saída do campo, executada pelo atacante daquela equipe, Patrício Yañez, ficou conhecida entre os chilenos como "fazer um Pato Yañez".

E no melhor estilo Geisy Arruda (somente para se citar um exemplo atual) a torcedora que atirou o foguete no gramado virou celebridade instantânea: Rosenery Mello, conhecida como "Fogueteira do Maracanã", fez o caminho inverso ao do goleiro. Taxada como vilã, depois dos desdobramentos da farsa, a moça ficou famosa e até posou para a edição número 172 da Playboy, pouco tempo depois. Hoje, vive no anonimato, longe da fama e sem desfrutar, a longo prazo, os efeitos dos 40 mil dólares pagos pela revista.
Se o brasileiro tem péssima memória para lembrar das falcatruas passadas dos políticos, provou ter ótima memória do episódio de 21 anos, ocorrido em 3 de setembro de 1989 - coincidentemente, tambem em uma época eleitoral.
Um comentário:
Quando envolve dinheiro, sempre cabe mais um. O futebol não é mais só dentro das quatro linhas há muito tempo.
Abração,
Luís
porforadogramado.blogspot.com
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