14.4.09

Inferno astral

Falhas crassas nas três últimas partidas do São Paulo, contra São Caetano, Defensor e Corinthians. E nesta segunda feira, uma fratura no tornozelo esquerdo em um rachão inocente - e deveras desnecessário, diga-se de passagem - em campo tipo society, tentando “evitar” um gol de André Lima. A má fase de Rogério Ceni, 36 anos, impressiona, já que nos referimos a ele como um jogador cuja regularidade debaixo das balizas é sempre citada, além de se tratar de um profissional dedicado nos treinamentos e prudente fora das quatro linhas. Mesmo com um histórico de poucas contusões graves, somado a recente má fase do goleiro, sempre existem os oportunistas e videntes de plantão: é a idade, tem que encerrar a carreira e etc. Não é uma análise tão simplista. Existem diversos fatores que determinam se a idade e dedicação a profissão determina o quão cedo um jogador pode terminar sua carreira como atleta de futebol.

Ídolo máximo dos são-paulinos de hoje e para muitos, o melhor jogador da história do clube, Rogério deve buscar inspiração para voltar aos campos no vizinho CT do Palmeiras. Com momentos muito piores, Marcos cogitou por diversas vezes encerrar a carreira, tanto por exageradas críticas do mundo do futebol quanto pelas diversas contusões que o acometeram nos últimos anos, principalmente após a brilhante participação do goleiro palmeirense na Copa do Mundo de 2002. O problema crônico no punho esquerdo o afastou por duas vezes, totalizando quase um ano e três meses longe da baliza. Contusões graves na coxa - que em 2006 que lhe custou uma vaga na Copa da Alemanha - e uma fratura no braço no início de 2007 fizeram Marcos, 35 anos, repensar a carreira e dar espaço aos mais jovens que surgiam no Parque Antártica, tais como Diego Cavalieri e Bruno, por exemplo.

A chegada de Luxemburgo no início de 2008 foi decisiva para a recuperação e reafirmação de Marcos como titular do Palmeiras. Ainda sofrendo com algumas contusões musculares, Marcos atuou em 59 dos 71 jogos do Palmeiras em 2008, após ter atuado apenas em 27 jogos nos anos 2006 e 2007 somados. Em 2009, contusões de menor dano acometeram o camisa 12, que atuou em 12 das 25 partidas do Verdão. Mesmo com o diagnóstico de recuperação de Rogério girando em torno de quatro a seis meses, segundo os médicos que o operaram no HCor de São Paulo, é perfeitamente possível que Rogério se recupere e possa ainda atuar em alto nível, mesmo sendo um "veterano". O próprio Marcos deu as dicas, falando sobre suas limitações por conta das contusões e da idade ao site da Abril, em março de 2009: “Devagar, vamos arrumando um treino conveniente para mim. Eu gosto de fazer o mesmo trabalho que os garotos de 20 anos. Agora, estamos tentando realizar uma atividade mais leve".

Além do baque da contusão do ídolo e referência, quem mais perde é o São Paulo para a sequência das competições em 2009. Fora do Paulistão, da Libertadores e praticamente de boa parte primeiro turno do Brasileirão, o Tricolor viverá uma situação inédita: a de atuar sem o seu principal líder e capitão. E aí entra o trabalho de Muricy Ramalho em preparar o substituto de Rogério – o imediato reserva Bosco ou o promissor Denis, de apenas 22 anos – e procurar um líder nato para substituir o goleiro entre seus comandados dentro de campo. E apesar das falhas recentes e da contusão, ainda acho que Rogério tem lenha pra queimar no futebol.

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4 comentários:

Persio Presotto disse...

Fique espantado com o gritos de dor do Rogério. Fraturei a perna uma vez. Sei como é... Abs, PP

Vinicius Grissi disse...

O Rogério vai voltar. O Rogério é um bom goleiro. Mas o torcedor do São Paulo já precisa se acostumar com a idéia de não tê-lo no gol.

Net Esportes disse...

Acredito no retorno do Rogério, e ele virá mais forte do que nunca, confio no Bosco também... acho que o São Paulo entrará em campo com mais garra em busca dos títulos para dedicar ao Rogério....

Breiller disse...

Pois é, André, além de (bom) goleiro, artilheiro e titular absoluto, o Rogério Ceni é o grande líder (e ídolo) do São Paulo, o cara que segura a onda após as derrotas, sempre muito ponderado.

É uma grande perda mesmo, principalmente para a Libertadores, que demanda uma liderança forte dentro de campo. E o Rogério sempre a exerceu muito bem. Imagino que, mesmo machucado, ele vai continuar acompanhando o time, o dia a dia do grupo e dando aquela mãozinha de paizão que ele já se acostumou a dar.