17.1.07

Beckham nas estrelas!

O astro David Beckham vai brilhar nos gramados de Los Angeles ou em Hollywood?

O mundo do futebol acompanhou com certa surpresa o anúncio do meia inglês David Beckham de trocar o glamour do futebol europeu pelo "glamour" de Hollywood. O astro inglês vai embolsar cerca de 520 milhões de reais por um vantajoso contrato com o Los Angeles Galaxy, da Major League Soccer (MLS), a liga americana profissional de futebol. Segundo o presidente do Galaxy, o ex-zagueiro da seleção americana Alexi Lalas (aquele mesmo, da Copa de 1994) e os organizadores da liga, a vinda de Beckham, além de ajudar a popularizar o esporte utilizando o fortíssimo marketing que há em cima do inglês, abriria também as portas do futebol americano a outros grandes astros do futebol.

Mas Beckham saiu por baixo no Real. Pouco utilizado desde a chegada de Capello e fora das convocações do English Team após a Copa da Alemanha, o Spice Boy parece estar numa descendente dentro de sua carreira. Desde 2003 no time merengue, não ganhou os títulos expressivos dos tempos de Manchester. E a ida aos Estados Unidos, para muitos, confirma o começo do fim de sua carreira, mesmo aos 31 anos. Além das críticas ferrenhas de toda a imprensa inglesa e européia em geral, uma me chamou a atenção e analisando-a bem, vejo luz no comentário. Foi a do lendário jogador inglês Sir Bobby Robson, em sua coluna semanal no jornal Daily Mirror: "Esta decisão mata as aspirações de Beckham. Do meu ponto de vista, ele anunciou que vai aos Estados Unidos para uma lucrativa semi-aposentadoria" escreveu Robson.

E Robson parece ter razão. O futebol americano é bem estruturado dentro do país, mas sua visibilidade é muito limitada, pois em termos de organização e competitividade, perde feio para o seu vizinho, o México, que possui campeonato com fórmulas mirabolantes, mas que tem razoável qualidade técnica (comparados as potências do continente, ou seja, Brasil e Argentina). A prova é a participação dos mexicanos em torneios de clubes Sul-Americanos, categorias de júniores e até a nível Mundial, com muitos de seus principais jogadores atuando na Europa. Os Estados Unidos, além de não ter a hegemonia técnica na América do Norte, vê seus principais jogadores migrarem para times médios da Grã-Bretanha e campeonatos de médio porte europeu.

Mas Beckham parece gostar dos holofortes. Com certeza será a estrela maior da MLS e estará no epicentro do estrelato mundial, pois Hollywood é logo ali. Saiu na imprensa que o ator Tom Cruise encorajou David a se mudar para a América e que por causa do "sim" do inglês, Beckham fechou as portas do Milan, forte interessado no futebol do meia. Ou seja, ele fechou as portas de um grande reinício profissonal num grande centro para dar brilho a MLS. E os fofoqueiros e paparazzi de plantão estão adorandoa nova mudança do inglês e não param de soltar as notícias. Já saiu nos tablóides ingleses que o ex-astro pop Michael Jackson, que está na pindaíba, quer vender ao meia a sua mansão de Neverland, que fica a três horas de onde o astro inglês vai treinar.

Decididamente, o marketing superou o jogador. Creio que com essa decisão sim. Se pensarmos que jogadores, no atual estágio de evolução da preparação física esportiva, podem render bem até 34 ou 35 anos, David estaria "jogando fora" 4 anos úteis de sua carreira. Trata-se de um jogador muito técnico. Não é nenhum craque, mas sua técnica e o modo como ele pode atuar pelo lado direito do campo sempre renderam boas jogadas pelas equipes que o inglês defendeu. Além de ser um exímio jogador em bola parada e lançamentos, boas armas contra defesas cada vez mais postadas e sólidas.

Será que ele poderá reiniciar o processo de popularização do futebol americano, que começou com Pelé e Beckenbauer, na longínqua década de 70? Pode, e isso começou a ser provado. Só o anúncio de sua ida ao Galaxy fez com que 1000 novos sócios se juntassem ao clube americano. Fora a venda de camisas e produtos oficializados, além de partidas em que Beckham estará em campo, que podem arrastar multidões, garantindo cifras estratosféricas ao clube e ao jogador. Pelo lado financeiro, realmente foi um negócio da China. Mas como plano de carreira, parece o prenúncio do fim. Amado e odiado, criticado e venerado, jogador e astro, ele vai tentar imulsionar os americanos a gostarem pra valer de futebol. É esperar pra ver!

Um comentário:

Felipe Moraes disse...

Gostei da sua visão a respeito da ida do inglês a "terra das oportunidades". Acho que ele muda de ares para ganhar mais dinheiro ainda, além de ter seu nome mais conhecido e citado na imprensa norte-americana, que nunca deu muita bola aos astros do futebol.

Um abraço, Felipe Leonardo