21.11.10

Quebrando tabus

Se não é um multicampeão na Inglaterra, o Tottenham prima pela tradicionalidade. Equipe com quase 130 anos de vida, acumula apenas dois títulos do campeonato inglês ( o último ganho há exatos 50 anos). Porém, proporciona com o Arsenal um dos clássicos mais antigos e tradicionais da terra da rainha: o North London derby, com o por muito tempo "vizinho" Arsenal – quando a equipe jogava no estádio de Highbury, o estádio dos Spurs, White Heart Lane, estava a poucos metros de distância.

Porém, o clássico havia perdido um pouco da graça, tão grande era a freguesia dos Spurs frente aos Gunners nas últimas décadas. Entre 1999 e 2008, o Arsenal não conheceu a derrota diante dos arquirrivais. E a quebra do tabu só se deu por conta do uso de um "mistão" na Copa da Liga. Com força máxima, o Tottenham meteu 5-1 e chegou à final da competição – da qual acabaria com o caneco, ao bater o Chelsea.

Pela Premier League, eram 17 anos sem bater o time de Arsene Wenger na casa do adversário e contra os outros adversários de Big Four (além do Arsenal, Manchester United, Chelsea e Liverpool), nenhuma vitória em 68 jogos no principal torneio nacional. Porém, o Tottenham vem mostrando que pode igualar o seu último grande feito, quando foi campeão inglês (1960-61) e quase bateu o Benfica de Eusébio e compania, na antiga Copa dos Campeões europeus.

A virada sobre os Gunners, no clássico deste sábado, além da quebra dos tabus, mostrou um Tottenham com um time tão bom quanto o rival, analisando posição a posição. Arsenal este que estacionou no tempo desde o vice-campeonato da Champions League, em 2005-06, último momento de relevância da equipe de Arsène Wenger. Se Gomes não é um poço de segurança do gol, quando inspirado, pega muito. A defesa ainda é frágil (uma das piores da Premier League), mas do meio para a frente, é uma equipe perigosíssima. Muitos meias de habilidade povoam o setor, como Modric, Jenas, Palacios. Mas principalmente dois vêm comendo a bola: Van der Vaart, comandante da virada contra o Arsenal com um gol e dois passes, e Gareth Bale, promissor meia galês que deixou o ótimo Maicon comendo poeira na vitória sobre a Inter na Inglaterra. Esforçados no ataque, Pavlyuchenko, Crouch e Keane não são geniais, mas fazem o trivial: gols.

Todos comandados pelo técnico Harry Redknapp, desde 2008 na equipe e que vem crescendo no conceito dos ingleses e ganha força numa eventual substituição a Fábio Capello, que perdeu a rota do bom trabalho à frente do English Team desde o fiasco na Copa do Mundo de 2010. Empolgado com a vitória e apenas a seis pontos dos líderes Chelsea e Manchester United, o técnico se pergunta: "Porque não podemos vencê-la [a Premier League]?". Muita pretensão, mas a boa campanha na Champions (muito perto da classificação ao mata-mata) e subindo de produção no Inglês, os torcedores já se permitem sonhar com os dias de glória, onde jogar em White Heart Lane era sinonimo de pedreira.

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