12.11.10

O alerta do caso Enke

Suicídio do goleiro Robert Enke comoveu a Alemanha há um ano atrás

Num mundo de glamour, dinheiro e fama, o caso do suicídio do goleiro alemão Robert Enke – quem completou um ano na última quarta-feira – serve para lembrar um outro lado do futebol: o do que acima de superatletas (alguns chegam a correr mais de 10 km durante as partidas, realizadas até duas vezes por semana), os jogadores são seres humanos.

A depressão de Enke, aos olhos de imprensa e torcedores, é mais silenciosa do que um problema físico, como os que vitimaram alguns jogadores nos últimos anos: Marc Vivien-Foe, Miklos Féher, Serginho, Antonio Puerta e Dani Jarque, por exemplo. Por mais negligência que exista da parte dos clubes, os problemas que ocasionaram as suas mortes eram clinicamente possíveis de serem descobertos. A depressão que acometia Enke, porém, era mais sorrateira. Muitas vezes, o próprio atleta não se dá conta desse quadro. Na contramão, seus empregadores, empresários e toda a roda gigante movimentada por eles no futebol dão pouca importância ou atenção à parte psicológica, de suma importância.

Um futebolista vive emoções distintas dentro do campo. A pressão é enorme e um lance fatal pode marcar um jogador para o resto da vida. Barbosa, goleiro "responsabilizado" pelo Maracanazzo da Copa de 1950, dizia que a sua pena foi maior que a de qualquer criminoso no Brasil (onde a lei penal só permite a prisão por até 30 anos), já que a pena dele já passava de 50 anos.

Apesar de Enke passar por tratamento psiquiátrico desde 2003, ele temia que o caso pudesse se tornar público, o que arruinaria sua carreira profissional, além de problemas particulares, já que ele possuía uma filha adotiva com menos de um ano de idade – pouco antes da adoção, Enke perdeu sua filha Lara em 2006, por um problema no coração.

Campanha pelos direitos dos animais: pauta constante na vida de Enke

Caminhando para a parte final de sua carreira, Enke teve uma carreira, até certo ponto, bem sucedida: estaria no elenco da Alemanha para a Copa de 2010, caso estivesse vivo; teve passagens por grandes clubes da Europa, como Barcelona, Benfica e Fenerbahçe; era defensor de causas como a Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, na tradução para o português), além de muito querido pelos torcedores de seu último clube, o Hannover 96.


Sucesso, dinheiro e uma vida bem sucedida no futebol podem criar um coquetel, caso se misturem com os problemas, cotidianos a todos nós. Principalmente no Brasil, onde o uso dos serviços de psicologia parecem mais restritos aos profissionais, esse nicho deveria ser visto com mais atenção pelos dirigentes, prncipalmente nas categorias de base, na formação do atleta, e antes de tudo, do ser humano.

OUTRAS LEITURAS:

Uma vida tão curta - Texto do blog da jornalista inglesa Eleanor Oldroyd, da BBC (em inglês), que explica toda a situação e o ponto de vista da autora sobre a tragédia.

Um comentário:

Margarida - Paperblog disse...

Olá Arthur,

O meu nome é Margarida e sou a Responsável de Comunicação do projeto Paperblog.
Gostaria de perdir desculpa por deixar um comentário no blog, mas não encontrei outra forma de entrar em contacto. Venho convidá-lo para conhecer o projecto Paperblog: http://pt-br.paperblog.com/ cuja missão é valorizar e dar a conhecer o trabalho dos bloggers.

Gostariamos que o seu blog fizesse parte deste projecto, uma vez que os seus artigos são muito interessantes e, tenho a certeza, que agradariam aos nossos leitores.


Com os melhores cumprimentos,

Margarida
Responsável de Comunicação
margarida [at] paperblog.com
http://pt-br.paperblog.com/