Um dos jogadores mais lendários da história do Manchester United. Ator, técnico (campeão do mundo com a seleção francesa de futebol de areia), cantor, pintor, fotógrafo, brigão dentro de campo e polêmico, fora dele. E na conta de atribuições de Eric Cantona, adicione “candidato a revolucionário”. Tudo graças a um vídeo que ele postou no YouTube (vídeo no final desta postagem), onde conclama a população mundial a ir ao banco e sacar todo o seu dinheiro, ao mesmo tempo, no próximo dia 7 de dezembro. Dessa forma, os bancos – bases do atual sistema financeiro – “quebrariam”, ouvindo os protestos dos insatisfeitos com o sistema vigente. Um site foi criado por internautas para a iniciativa, que já conta com 12 mil adeptos.
“Nós não pegaremos em armas para matar pessoas para começar uma revolução. É muito fácil se fazer uma revolução nos dias de hoje. Qual é o sistema? O sistema é construído sobre o poder dos bancos. Por isso, deve ser destruído através dos bancos”, analisa o francês. O sentimento de repulsa contra o atual sistema financeiro veio após a situação recente da economia irlandesa. Em crise, o país pode ter que aceitar uma ajuda correspondente a 50% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para tentar se reerguer. Segundo economistas, uma das causas para este fato foi a concessão de créditos de forma desenfreada e com poucos critérios. A inadimplência e a retração no mercado imobiliário do país aumentaram uma situação, que chega a três anos de duração.
A vida deste francês – que já declarou ser maior que Platini e Zidane – é cheia de controvérsias. Da famosa agressão a um torcedor do Crystal Palace durante uma partida, em 1995, da qual declarou inúmeras vezes que nunca se arrependeu e que não pretendia ser um modelo para ninguém, a uma conscientização econômica. “Quanto mais você observa mais percebe que a vida é um circo”, disse ele mesmo à Four Four Two inglesa. Emblemático demais, para este descedente de italianos e espanhóis, que já gravou comerciais para Nike e L’Oreal, por exemplo. Mas que já lançou um livro de fotografias chamado “Ela, ele e os outros”, onde retrata a vida dos sem-teto, com sua venda revertida para uma fundação que atende a essas pessoas.
Seu avô materno foi um soldado espanhol que lutou contra a ditadura do General Francisco Franco, na Guerra Civil Espanhola ocorrida no final da década de 1930. O avô paterno, italiano da Sardenha, construiu a casa da família em um antigo observatório nazista na França, dominada pela Alemanha de Hitler. Radicado no país, se tornaria pintor e psiquiatra. Eric diz ter forte influência de ambos – tanto que tem um projeto onde quer contar a história de seu avô paterno, ao lado de seu irmão Jöel. Longe do esteriótipo de ignorante, que permeia a maioria dos atletas, é amante do teatro e da filosofia, ambas notadas no filme em que teve a atuação mais aclamada pela crítica, À procura de Eric (analisado aqui).
Uma das fotos do ensaio de Eric para o livro "Elle, lui et les autres"
(Ela, ele e os outros), que retrata moradores de rua
É o enorme quebra-cabeças que se molda num pedido como esse, com um quê maradoniano. Cantona está interpretando um personagem? Não sabemos. Contudo, uma de suas comparações mais famosas é de que o futebol é muito semelhante a um palco de teatro. Mas fico com Platini, ao analisá-lo para um perfil traçado pelo jornal inglês Independent. “Temos dois Cantonas: um que existe e um que se expressa”. Fico com o segundo, neste caso.(Ela, ele e os outros), que retrata moradores de rua
Um comentário:
Sensacional, sem mais. Sério, sem dúvidas, o melhor post que li hoje.
Abração e espero você lá,
Luís
porforadogramado.blogspot.com
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