7.11.10

Os últimos serão os primeiros

Júlio César: goleiro mais consistente que subiu da base do Timão desde o ídolo Ronaldo

Neste Brasileirão de briga intensa pelo título, os rivais Fluminense e Corinthians tem mais do que o desejo pela taça em comum: ambos vem consolidando seus ex-goleiros reservas na defesa da meta.

O caso de Júlio César é mais consistente. Cria do Terrão corinthiano, o arqueiro de 26 anos teve uma árdua missão: substituir o goleiro Felipe, um dos pilares para o ressurgimento do Timão da Série B – e que seria campeão paulista e da Copa do Brasil de 2009 –, mas que saiu às turras com diretoria e boa parte da torcida. Bicampeão da Copa São Paulo de Juniores (2004 e 2005), subiu aos profissionais em 2005. E desde então, viu muitos goleiros de fora passarem à sua frente.

Com a saída de Felipe ao Braga, o goleiro vem sendo o titular durante todo o Brasileiro. Após um começo instável, o prata da casa vem embalado em maré de confiança. E os clássicos diante de Palmeiras e São Paulo, pelo segundo turno, mostram um goleiro seguro, pouco espalhafatoso e de personalidade totalmente contrária ao do seu antecessor. E ele pode repetir o último goleiro prata da casa campeão nacional: o eterno camisa 1 da Fiel, Ronaldo Giovanelli, ícone do gol alvinegro durante quase toda a década de 1990 e jogador que mais vestiu a camisa do time de Parque São Jorge na história.

Bem menos frequente que Júlio César, mas responsável direto pelos últimos quatro pontos ganhos pelo Fluminense, Ricardo Berna era uma espécie de “goleiro reserva eterno” do Fluminense. Em cinco anos de clube, foram apenas 43 jogos pelo clube. Porém, com as contusões de Fernando Henrique e Rafael, o terceiro goleiro já havia brilhado no clássico contra o Botafogo, na 30ª rodada. Mas no jogo contra o Inter, no Beira-Rio, Berna evitou a vitória colorada com defesas sensacionais. Contra o Vasco, em menor escala, também fez intervenções importantes.

Na parte de baixo da tabela, o Galo luta com todas as forças para fugir do segundo rebaixamento de sua história. Com a sensível melhora desde a chegada de Dorival Júnior, o goleiro Renan Ribeiro, cria do clube, ganhou de vez a posição de titular na meta atleticana, deixando o experiente Fábio Costa para trás (além dele, foram outros três goleiros este ano: Aranha, Marcelo e Carini). A moral do goleiro de 20 anos é tão grande que nem a falha no gol de Neymar, no mau empate por 2 a 2 em casa, fez os torcedores do Galo criticá-lo. Ao contrário. O jovem teve seu nome gritado nas arquibancadas, como forma de incentivo.

Se o Palmeiras está fora de qualquer aspiração no Brasileirão, o goleiro Deola vai se mostrando talhado na missão de substituir “São Marcos”. Mas, nas últimas partidas, o ex-reserva vem se mostrando um ótimo substituto ao ídolo, mostrando a força histórica da escola de goleiros do Palmeiras.

É inegável que a escola de goleiros brasileira evoluiu demais, principalmente nos últimos 25 anos. Tanto que os arqueiros nacionais, assim como os jogadores de linha, também viraram artigo tipo exportação. Vide Júlio César (Inter), Gomes (Tottenham), Júlio Sérgio (que sucedeu Doni na Roma), para citar os mais conhecidos na atualidade. E essa alternância nos times de massa em 2010 (há também os casos de Rafael, no Santos, e Marcelo Lomba, no Flamengo) corrobora essa tendência.

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