3.4.09

Atingindo a maturidade

Não se trata de um futebol exuberante, cheio de lances plásticos. Mas a eficiência espanhola está cada vez mais evidente. E a rodada européia das Eliminatórias para a Copa do Mundo provou a evolução de Fúria como equipe de futebol competitiva. A conquista da Eurocopa e a impecável campanha no Grupo 5 Europeu – seis vitórias em seis partidas com 13 gols anotados e apenas dois sofridos – mostram que a Espanha é, atualmente, a seleção a ser batida. O andar da carruagem e os seis pontos de vantagem sobre a surpreendente Bósnia-Herzegovina faltando quatro partidas para o final da fase de classificação sugerem que os comandados de Vicente Del Bosque estão muito próximos da África do Sul em 2010.

A última derrota da Fúria em jogos oficiais foi em um amistoso disputado na cidade de Cádiz em novembro de 2006 contra a Romênia, por 1-0. De lá pra cá, são 31 partidas sem derrota, sendo que as últimas onze marcaram vitórias de La Roja - apenas a três do recorde de seleções, pertencentes a Brasil e frança, com 14 vitórias consecutivas. Quando o técnico Luís Aragonés convocou os jogadores para a Euro 2008, a regularidade da Espanha em campo não convencia aos torcedores e imprensa em geral, que criticaram o técnico pela inclusão de Marcos Senna entre os 23 e a exclusão de Raúl, ídolo e artilheiro tanto do Real Madrid quanto da Fúria. Cresceu dentro da competição, ganhou moral e levou o título de forma justa, com Senna se consagrando como um dos pilares do time campeão. E Aragonés – que logo após a Euro deixou a Espanha pelo Fenerbahçe – deixou frutos, que estão sendo prontamente colhidos e aproveitados pelo seu sucessor, o competente Del Bosque: além de manter a base campeã européia - marcada principalmente pela coletividade e versatilidade - Del Bosque vem mantendo o esquema tático semelhante ao implantado por Aragonés.

Como na Euro (visto no post sobre a final aqui), a Espanha consegue imprimir uma variação tática muito interessante. Nas partidas mais fáceis ou onde a equipe precisa ir ao ataque, o time se utiliza do 4-4-2, com Villa e Torres no comando de ataque. Sem poder contar com um dos dois ou com opção de povoar o meio e ter mais jogadores de qualidade vindo de trás, a equipe assume o 4-5-1, com dois jogadores abertos pelos flancos enquanto os meias e volantes saem para o jogo com bastante versatilidade, o que dá o equilíbrio para a equipe atacar e se defender com eficiência. Os jogos contra a Turquia são evidências de tais variações. Na primeira partida, disputada no último sábado (28/03) em Madrid, Del Bosque optou por Torres e Villa - que acabou sentindo lesão no segundo tempo e foi substituído por Mata – com Senna mais fixo e Xabi Alonso e Xavi flutuando em direção ao ataque, com Cazorla mais à frente encostando na dupla de ataque.

Já na partida disputada em Istambul nesta quarta (01/04) e com a contusão de Villa, o técnico optou por deixar Torres sozinho no comando de ataque, com Senna e Alonso como volantes, o canhoto David Silva aberto na direita e Riera na esquerda – semelhante a função dele no Liverpool – com Xavi conduzindo a bola e encostando mais no ataque. Além das diversas opções de meio-campo – Xavi, Senna, Alonso, Iniesta, Silva e Cazorla – a Espanha poderá contar com o breve retorno de Fabregas e Joaquín, contundidos, além de contar com a boa safra de jovens jogadores chegando a Fúria como Busquets, Juan Mata e Bojan Krkic, por exemplo. Atrás, a segurança do capitão Casillas – que vive seu melhor momento na carreira – e uma zaga que se não é excelente, não compromete – principalmente com a versatilidade de Sérgio Ramos. No ataque, Villa e Torres são letais e ambos se ovimentam bastante, mesmo não tendo substitutos consolidados à altura na reserva.

Apesar dos resultados magros, vale lembrar que a Turquia veio como uma das forças deste Grupo 5 e começou a rodada três pontos atrás da Espanha. E arrancar três pontos dos turcos em seus domínios foi um resultado importantíssimo e que abrilhanta ainda mais o bom momento do time, já que a Turquia – semifinalista da última Euro - tem bons valores treinados pelo bom técnico Fatih Terim.

Com a iminente classificação para a Copa do Mundo, a Copa das Confederações – disputada em junho, na própria África do Sul – será uma excelente oportunidade de confirmar a Espanha como uma das favoritas ao Mundial, já que o grupo em que ela está – Iraque, África do Sul e Nova Zelândia – cruzará, dentro da normalidade, com Brasil ou Itália numa provável semi ou final, pois tratam se de seleções que têm tradição e crescem nas adversidades, já que neste momento não desfrutam de bom futebol e enfrentam algumas dificuldades em suas respectivas Eliminatórias. Será a grande chance da Fúria deixar o estigma de eterna seleção técnica emergente para se firmar de vez como favorita e ter a chance de entrar no restrito rol das seleções campeãs mundiais.

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3 comentários:

Vinicius Grissi disse...

A Espanha tem um ótimo time. É técnico, atingiu a maturidade como você disse e é bem treinado. Tem tudo para fazer muito bonito na próxima Copa.

Persio Presotto disse...

não gosto muito do futebol espanhol. mas, independente disso, não há como negar a evolução nos últimos anos. abs, pp

Rafael Zito disse...

Olá André,

O titulo da Eurocopa deu aos espanhois o q lhes faltavam: CONFIANÇA!

Sempre gostei do futebol de toques curtos e rapidos do espanhois... um futebol classico e bonito de ser ver... mas q sempre caia antes por falta de confiança

Um abraço e aproveito pra convida-lo a participar da discussao q a equipe do Jornalismo Esportivo escolheu pra essa semana no quadro "OPINIÃO". Quem ficará com a última vaga do Paulistão?
www.esportejornalismo.blogspot.com