9.5.11

A vingança de Zé Sérgio*

*Publicado originalmente na rede de jornais BOM DIA de domingo (8 de maio)

Sem títulos de expressão desde o Paulistão de 1978, a diretoria do Santos queria montar uma equipe forte para a conquista do estadual e fugir do jejum, que já durava seis anos até a partida decisiva contra o Timão, em 1984.

Mesmo com a motivação extra que inflava o Peixe pouco antes daquele dia 2 de dezembro, um recém-chegado daquele elenco, em especial, tinha um forte motivo para vencer o Corinthians, adversário daquela última rodada do Paulistão. Para ser tricampeão, bastava ao Timão derrotar o Peixe no Morumbi e ultrapassar o rival na tabela dos pontos corridos. E isso significaria ao ponta-esquerda Zé Sérgio ser “tri-vice” do estadual, justamente para o rival daquela tarde. “Joguei em 82 e 83 [as finais contra o Timão, pelo São Paulo], mas eu não estava 100% fisicamente”, justifica o ex-atleta.

Zé Sérgio começou a carreira no São Paulo, em 1976, apresentado pelo seu primo, ninguém menos que o meia Roberto Rivellino. E pelo Tricolor, o habilidoso ponta foi campeão brasileiro em 1977 e bi do Paulistão em 1980/81. Mesmo com pouca experiência na seleção, foi convocado por Coutinho para o Mundial da Argentina, em 1978. Dono de uma habilidade peculiar na faixa esquerda do campo, que enlouquecia seus marcadores, foi atestado pela imprensa esportiva da época como “um dos jogadores mais caçados do futebol brasileiro". Por isso, no início dos anos 80, ele acabaria sofrendo uma série de lesões, que culminariam com a perda de um lugar na seleção brasileira de Telê Santana na Copa de 1982, na Espanha.

Sem espaço no Morumbi por conta de seguidas lesões, o ponta reforçou a equipe do técnico Castilho. Com 27 anos à época, ele chegou ao lado do meia Humberto na Vila. Ambos foram trocados pelo São Paulo, que recebeu o meia Pita. E, ao lado do consagrado goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez – também contratado naquela temporada –, os reforços se aliaram a nomes como os meias Paulo Isidoro e Lino, além do matador Serginho Chulapa.


Zé Sérgio (penúltimo agachado, à dir.): revonação na carreira


O gol de Chulapa, aos 27 do segundo tempo, colocou fim à angústia do torcedor santista. E a de Zé Sérgio também, ao recomeçar a carreira e chutar de lado o estigma recente de freguês do Timão. O ponta iniciou a jogada no lado esquerdo e fintou dois marcadores antes de passar para Humberto, que cruzou a bola para Serginho apenas escorar ao gol vazio de Carlos. “Foi bom para dar um erguida no moral. Um prêmio pelos problemas que eu tive. O título ajudou e prolongar a minha carreira”, disse Zé Sérgio, que ficou na Vila por mais dois anos, antes de rumar ao Vasco, em 1986. Depois, encerraria a carreira no futebol japonês, em 1991. Atualmente, ele tem uma escolinha de futebol na cidade de Vinhedo e é um dos técnicos das categorias de base do Tricolor.

crédito das imagens: Santistas Loucos

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