2.7.09

Perder para ganhar

Corinthians tricampeão da Copa do Brasil: a calma que faltou em 2008, sobrou em 2009

Embrião do time tricampeão da Copa do Brasil, o Corinthians vice-campeão de 2008 fez muito bem a lição de casa no torneio seguinte: não entrou na pilha de nervos e da euforia de um bom resultado conquistado em casa. O clima criado na Ilha do Retiro para aquela final era tão efervescente quanto a final desta quarta, disputada no Beira-Rio. Assim como Corinthians e Inter em 2009, Corinthians e Sport quase que se equivaliam dentro do campo de jogo, tecnicamente falando. No entanto, o time de Mano Menezes não teve calma para controlar aquele jogo, segurar o ímpeto dos pernambucanos e não ficar limitado à defesa, com chutões e faltas bobas.

Em meio ao clima desfavorável e tenso – em grande parte, causado pelo infeliz episódio do DVD "criado" por Fernando Carvalho – o Corinthians se portou com maestria. Não entrou na pilha do Colorado, não deu pontapé e nem se limitou apenas ao campo defensivo. Mesmo com um Inter aquém da sua capacidade, principalmente no primeiro tempo, era raro ver o alvinegro dando chutões. O excelente meio-campo se fez notar e era muito freqüente vê-lo valorizar a posse de bola e jogar objetivamente. Chutão só quando realmente necessário. Maior prova disso foi o gol de André Santos, nascido sob uma série de passes que envolveram a defesa colorada, o que abriu o lado direito guardado pelo zagueiro-lateral Bolívar.

No bom time do Inter, vi muito dos erros do Corinthians da Copa do Brasil de 2008 e das Libertadores de 2006 e 2003: um time preocupado em tentar catimbar, ganhar a arbitragem no grito e excessivamente nervoso, motivados pelo clima extra-campo. Na expulsão de D’Alessandro, a maior prova de maturidade. A equipe não entrou na catimba do bom meia argentino. Coisa que não aconteceu com Wellington Saci no ano passado, expulso infantilmente em Recife. Méritos para Mano Menezes – o grande arquiteto desse Corinthians do resgate e que soube armar o time -, e da diretoria, que evitou o confronto com os dirigentes colorados, quando todas as evidências sugeririam o contrário.

Venceu a mentalidade coletiva, que colocou a bola no chão e soube neutralizar o ímpeto do bom time do Inter, assim como havia feito na reta final do Paulistão, frente a São Paulo e Santos. Em um time onde Ronaldo – que ficou devendo na segunda partida, após ser decisivo na primeira – atrai naturalmente a maioria dos holofotes, Mano soube implantar um estilo operário a jogadores até então “comuns” no futebol brasileiro, casos de Jorge Henrique, Elias, Cristian e Alessandro, aliado à técnica de Chicão, André Santos, Douglas, Dentinho e do próprio Ronaldo. E um jogador, em especial, deu a volta por cima após o fiasco de 2008: o goleiro Felipe – que falhou em Recife - mostrou excelente forma neste primeiro semestre e vem se consolidando como um dos melhores do país em sua posição, ao lado de Victor, Fábio e Marcos. A cidade que viu o Corinthians, por conta de sua incompetência, cair para a Segundona há exatos um ano e sete meses foi testemunha da confirmação da volta por cima deste time, deixando de vez para trás o rótulo de “time de Série B”.

Encerro este texto com uma frase do post “Apoteoses”, publicado neste blog acerca das impressões da final da Copa do Brasil 2008, resume que na maioria das vezes o continuísmo na comissão técnica é o caminho para se montar times que estarão sempre na luta por títulos: “E se tudo correr racionalmente, Mano Menezes é técnico para marcar época e ficar por alguns anos dirigindo o Corinthians”.

Em tempo: Este é o post de número 500 da história de quase três anos do Opinião FC. Que venha o post MIL!

2 comentários:

Vinicius Grissi disse...

De fato, o Corinthians amadureceu muito de 2008 para 2009. Hoje, é um time pronto para grandes conquistas. E provavelmente, será ainda melhor no ano que vem, para a Libertadores.

Mano, hoje, é o melhor técnico do Brasil.

Rafaella Hayashi disse...

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