9.11.07

A defesa e o melhor ataque (ou vice-versa)

Sentado no sofá e acompanhando o jogo do Barcelona contra o Rangers, válido pela quarta rodada da fase de grupos da Champions League, me admirava o jogo fácil dos catalães, mesmo diante de um time tão fechado e de marcação forte. Se fechavam dois em cima de Ronaldinho, do outro lado estava Messi. Se os dois estavam vigiados de perto pelos marcadores, Henry vinha buscar a bola, ou Iniesta e Xavi vinham de trás, com extrema qualidade no passe e no chute. Puyol e Abidal eram acionados nas laterais a toda hora. Anda fico impressionado com o padrão tático que Rijkaard dá a equipe. E assim como escrevi no post sobre o Manchester United, que está atuando com apenas um volante de ofício e mesmo assim continua triturando seus adversários com muitos gols, continuo me questionando qual a real função do volante no campo de jogo. Encher o time de brucutus é garantia de uma defesa forte e um time cauteloso? A diferença do “e” pelo “é” do título deste post realmente faz muito sentido.

Se analisarmos o Barcelona desse ano, o time tem um quê parecido com o de 2005/06 (imagens: uefa.com), campeão europeu jogando um futebol vistoso e ofensivo. Equipe por equipe, a atual tem um potencial humano e técnico muito maior que a campeã da Europa, da final contra o Arsenal no Stade de France. Valdes é mais experiente e seguro do que há dois anos. Com uma zaga formada pelo experiente Lílian Thuram e o promissor Gabi Milito, vemos a solidez parecida com a retaguarda formada por Rafa Márquez (banco do time atual) e Puyol – que com a entrada dos dois novos zagueiros, é deslocado para a lateral direita, sua posição de origem – enquanto Abidal é mais eficiente na defesa do que seu antecessor, Van Bronckhorst. E para o lugar de Puyol na direita, ainda há o italiano Zambrotta, que também atua na esquerda.

Mas é do meio pra frente que a mudança ganha mais corpo e é mais espantosa, mesmo com a troca de poucas peças. O gás novo na posição de volante é dado pelas atuações de Yayá Toure, Iniesta (novo e inexperiente á época da final de 2005) e Xavi (banco por conta de estar se recuperando de uma grave contusão naquela temporada). O trio marca com eficiência, tendo seu trunfo na saída para o ataque. Passes de qualidade e a atuação como elemento-surpresa quando os homens de frente estiverem marcados (principalmente Iniesta e Xavi). Deco, principal articulador do Barcelona nas últimas duas temporadas, luta por um lugar no time titular de hoje. O tridente Messi-Ronaldinho-Henry é fabuloso. A movimentação intensa da linha de frente, que tem Henry como referência, Messi na direita e Ronaldinho na esquerda, não se fixam apenas a essas faixas de campo. Sempre buscam um ao outro para tabelas, movimentam-se para abrir espaços para o outro, sempre com dribles geniais, passes inesperados e chutes certeiros. Bem diferente de 2005, apesar da proposta tática ser parecida. No entanto, Ronaldinho e Giuly eram mais fixos nos flancos, enquanto Eto’o prendia mais a bola no comando de ataque.

A evolução de jogadores como Iniesta, Messi e Valdés, somada ao surgimento de novos valores, que assim como os citados, também brotam das categorias de base do time blaugrana. Bojan Krkic e Giovani dos Santos entram em um time onde jogar é fácil, mesmo em um time de torcida tão fanática quanto a do Barcelona. A base forte ao lado de contratações precisas às necessidades da equipe – casos de Abidal, Milito e Henry – dão ao Barca o rótulo de um dos favoritos a levantar novamente o caneco da Champions League. E novamente dando show de posicionamento tático e de técnica de seus jogadores. Prova disso é o desempenho da equipe até aqui. Vice-líder da Liga Espanhola (apenas um ponto atrás do inconstante Real Madrid), possui a melhor defesa da competição (oito gols sofridos) e o segundo melhor ataque (23 gols marcados). Na Champions, oito gols marcados, nenhum sofrido e a liderança do Grupo E, de times chatos na marcação e na defesa, como o Glasgow Rangers e o Lyon.

Os volantes não precisam se amontoar para fazer volume à frente de uma defesa, por mais fragilizada que ela seja. Imagino se Rijkaard fosse técnico do Brasil, que lhe daria tantas opções para fazer algo parecido no Barcelona. Elano, Richalyson, Josué, Mineiro, Hernanes, Marcelo Mattos, entre outros. Não coloca-los juntos, mas de modo que eles possam auxiliar com eficiência aos manjados Kaká e Ronaldinho, sempre muitíssimo bem vigiados. Para que burocratizar, se podemos fazê-los ter mais dor de cabeça? Será que um dia verei isso dentro da seleção? A mesma seleção do “invisível” Liédson, que nunca é sequer cogitado para defender a amarelinha?

4 comentários:

Unknown disse...

Pra mim, o Barça já entrou campeão na liga deste ano.

Abraços!
http://pandegosepatuscos.blogspot.com/

Net Esportes disse...

O Barça está jogando muito, se manter essa força deve ser o campeão mesmo...... apesar que eu ainda acho que o Milan reage e o Manchester pode surpreender.

Anônimo disse...

Na hora do mata-mata, o bicho pega.

*Rodada tripla no Brasileirão do Sonho Real - Flamengo x São Paulo; Cruzeiro x Santos; Corinthians x Internacional.

Dê seu voto! Abraços!

Gerson Sicca disse...

volante tem q saber jogar. Marcar bem tb é uma arte. Os argentinos ensinam isso faz tempo. Qtos volantes q chegam bem foram apresentados pela seleção argentina?
E tinga é um exemplo. Marca e sabe jogar. Futebol não é lugar pra grosso.