19.6.11

River de lágrimas

Talento da nova geração, Lamela não conseguiu ajudar o River a escapar da vergonha da Promoción

O que parecia soar absurdo há três Campeonatos Argentinos atrás, quando o River foi campeão, aconteceu. O maior campeão nacional da história do país está à beira do momento mais negro de sua história: o rebaixamento para a segunda divisão, mesmo com o regulamento do promédio (implantado a partir de 1982, para salvar a queda do próprio River). O aproveitamento pífio de 41% de pontos nos 114 jogos das últimas três temporadas culminaria na derrota em casa, neste sábado, diante do Lanús, que sacramentou os Millionarios à Promoción, contra o modesto Belgrano. Apesar de jogar por dois placares iguais, a equipe está abalada psicologicamente.

A imprensa argentina, de modo geral, não culpa apenas o atual elenco do River. As várias más contratações e a passagem de cinco treinadores diferentes neste período foram postas na conta dos presidentes José Maria Aguilar e Daniel Passarella (um dos ídolos do clube, na época de atleta), principalmente o primeiro, que deixou ao sucessor um clube endividado em quase 10 milhões de reais. Sem dinheiro para fazer grandes investimentos, o time dentro de campo também refletia um pouco deste conturbado momento administrativo. E dos chamados cinco grandes da Argentina (Boca Juniors, Independiente, Racing, River Plate e San Lorenzo de Almagro), apenas Xeneizes e Rojos e os Millionarios (até aqui)não passaram pela humilhação de disputar a Nacional B.

Nos últimos anos, os torcedores brasileiros viram vários de seus grandes clubes caírem para a segunda divisão, após uma má temporada. Mas o sistema dos nossos vizinhos é desfavorável aos recém-promovidos e aos times. A formula, basicamente, consiste no cálculo da média dos três últimos campeonatos pelo número de partidas realizadas, contra os 38 jogos dos novatos no Apertura e Clausura, obrigando-os a fazer boa figura nos torneios seguintes para que não retornem ao ostracismo da divisão de acesso.

A eminente queda de um grande mostra uma sucessão de erros, imperdoável a um gigante como o River, um elenco que amontoa jovens talentos (Lamela, Buonanotte e os irmãos Funes Mori, por exemplo) a diversos jogadores experientes, longe de seu melhor momento na carreira (Ferrari, Almeyda, Ferrero), além do irregular goleiro Carrizzo, entre outras contratações, repatriamentos e escolhas equivocadas.

O destino de 110 anos de história e 33 títulos argentinos passa por Córdoba. Mas o maior inimigo do River não é o Belgrano. É o próprio River.

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