29.4.11

O que faz um bom empresário...

Esta semana o IG publicou um levantamento feito pelo site Football Finance com os maiores salários do futebol mundial. Nas duas primeiras colocações, nenhuma surpresa: Cristiano Ronaldo e Lionel Messi (Real Madrid e Barcelona, respectivamente), os dois melhores do mundo (talvez não na ordem da bola que os dois andam jogando, mas considerando o retorno midiático, não é nenhuma surpresa). O problema começa daí para baixo - vale lembrar que a lista exibe o salário bruto dos atletas, sem levar em conta receitas com publicidade e patrocínio.

Empatados no terceiro posto, outros astros do futebol: Fernando Torres (Chelsea), Yaya Touré (Manchester City), Wayne Rooney (Manchester United), Kaká (Real Madrid) e Ibrahimovic (Milan). Peraí: Yaya Touré? Na boa, como explicar isso? Cada vez que penso no assunto, me vem algumas opções, mas nunca consigo definir a melhor - talvez seja uma combinação: bom empresário, sorte, lavagem de dinheiro, dirigentes enganados e/ou burros, endinheirados que não ligam para o desperdício...

Também deve-se levar em conta, na minha opinião, que um jogador tem que negociar o seu contrato independente dos outros, sem comparação, no tipo: acho que mereço receber X, não importa se o craque ou pior do time receba 2X ou 1/2X. Mas daí a pagar essas cifras absurdas a jogadores medianos, a situação muda de figura. O novo rico Manchester City é um caso emblemático: dos 22 maiores salários, nada menos que seis são do clube inglês (sem contar que Adebayor, emprestado ao Real, pertence ao time).

Apesar de se tratar de entidades privadas, acho que deveria ter algum tipo de controle sobre os gastos no futebol. Além do absurdo, por si só, muitas coisas obscuras acabam acontecendo em torno dessas transações milionárias. Ninguém rasga dinheiro. Mas certos clubes, e o Manchester City é hoje o melhor exemplo, levantam dúvidas. Como pagar tanto dinheiro aos jogadores? Pagar 1 milhão de euros pro Cristiano Ronaldo pode até se justificar: além do retorno em campo, o Real Madrid pode atrair muita receita extra, com patrocínios, cotas para amistosos, publicidades etc. Mas o que o Yaya Touré leva para o City(ou seu irmão, Kolo, o oitavo maior salário do mundo)? Poderia ir ainda mais longe com o clube inglês, lembrando da compra de Robinho em 2008 por 42 milhões de euros e a venda do brasileiro dois anos depois por singelos 18 milhões de euros! Mas aí já é um assunto ainda mais complexo.

E quem acaba tendo que entrar na onda são os clubes brasileiros, que pagam cada vez mais para manter os seus jogadores no país. O problema é que isso vem sendo feito não apenas com os craques, como Neymar, Ganso ou Lucas, para citar apenas três. Cada vez mais vemos jogadores medianos ganhando salários na faixa dos R$ 100 mil, inflacionando o mercado e justificando a gastação desenfreada dos clubes, que já são controlados por dirigentes sem escrúpulos e responsabilidade para com o futuro de suas instituições. Se nosso governo fosse ao menos metade "menos" complacente com a situação do endividamento e falência dos clubes, a coisa poderia estar um pouco melhor.

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