13.4.11

Velhas lendas

Raúl e Giggs: campeões, recordistas e senhores da Champions League se encontram nas semifinais

Pela grandiosidade, tradicionalidade e elencos badalados e milionários, o jogo mais esperado das semifinais da Champions League é, sem dúvida, Barcelona e Real Madrid, personificados no antagonismo dos craques da atualidade Cristiano Ronaldo e Messi. Porém o duelo “inesperado” entre Manchester United e Schalke 04, no outro lado da chave apresenta a importância dos coadjuvantes-protagonistas: Raúl González (33 anos) versus Ryan Giggs (37 anos), dois gigantes do futebol europeu há vários anos. Ambos foram primordiais para a classificação de suas respectivas equipes: dois gols do camisa sete dos Azuis-Reais, enquanto o camisa 11 dos Red Devils deu passe para os três gols nas partidas contra o rival e freguês Chelsea. Menos midiatizados por opção, mas eficientes por natureza.

O currículo de ambos na história do futebol europeu fala por si só. Multicampeão na Inglaterra, jogador que mais vezes vestiu a camisa do United na história (mais de 870 jogos), bicampeão da Champions League (1998/99 e 2007/08) e com o recorde de marcar por 11 edições consecutivas do mais importante torneio de clubes da Europa, Giggs só conheceu uma camisa: a vermelha, de Manchester (quando garoto, o técnico Alex Ferguson evitou que o galês fosse formado pelo rival City). Discrição, trabalho duro e muita habilidade com a perna esquerda são os ingredientes que fazem com que os torcedores do clube o vejam como “interminável”. Nunca Giggs foi questionado por deficiência técnica, seja por imprensa, seja pela torcida. Adaptando ao exemplo brasileiro, semelhante ao que o goleiro Rogério Ceni representa para o torcedor do São Paulo.

Raúl é ícone semelhante na história do Real Madrid. Multicampeão na Espanha, quase trilhou o caminho oposto (assim como Giggs, United e City), iniciando sua vida no futebol jogando pelo arquirrival Atlético de Madrid. Porém, acabou optando pelo lado merengue, onde fez história. Possui três Champions (1997/98, 1999/2000 e 2001/02) e é o jogador que mais vezes vestiu a mítica camisa blanca (741 vezes, sendo o maior artilheiro da história do clube, marcando 323 tentos. Porém, a política de jogadores galácticos aliada ao avanço de idade fizeram com que acabasse perdendo espaço no Real. Passou a lendária camisa sete ao agora protagonista Cristiano Ronaldo e buscou novo desafio no futebol alemão, no Schalke, no início desta temporada.

Contudo, penou com o mau momento do clube na Bundesliga. Na modesta décima colocação, viu cair o técnico Félix Magath e até chegou a repensar a permanência nos Azuis-Reais, já que era muito próximo ao treinador. Ainda assim, vem marcando gols importantes e retomou uma marca estabelecida em 2008 e “roubada” pelo matador Filippo Inzaghi: a de maior artilheiro em competições europeias. No confronto de quartas contra a atual campeã Inter, os tentos marcados lhe devolveram a coroa, ao chegar a impressionante marca de 73 gols (71, somente pela Champions). Com a classificação inédita dos alemães às semifinais, o espanhol foi comemorar com a torcida, cavando ainda mais a sua condição de ídolo em uma terra antes estranha.

Caso tivessem a sorte de atuar por um mesmo time, o garçom Giggs encontraria em Raúl um cliente muito satisfeito. E que daria ótimas gorjetas ao galês. E no confronto de estrelas atuais da Europa, como Wayne Rooney versus o ótimo goleiro Manuel Neuer, a experiência de ambos será fator decisivo para a passagem rumo à grande final, em Wembley – que diga-se de passagem, é um território mais familiar ao camisa 11, favorito ao confronto desta semifinal.

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