Em meio a acusações de malas brancas e polêmica e "jogos entregues", encerrou-se mais um Brasileirão. E quem apostou em jogos fáceis ou de cartas marcadas aos três postulantes ao título, quebrou a cara. Emoção até o final, resultados apertados e o Cruzeiro garantiu o vice-campeonato no final da partida. Prova de que os pontos corridos tem sim boa dose de emoção. E apesar da regularidade do Corinthians, sempre entre os três primeiros, falou mais alto o equilibrado elenco do Fluminense, que mesmo atravessando período de contusões, não foi tão devastado pelas perdas quanto o rival paulista. O mesmo vale para o Cruzeiro, que demorou um pouco mais para embalar, mas esteve sempre entre os cabeças do torneio.
Nos prêmios mais importantes destinados aos melhores do campeonato, domínio natural dos três primeiros. Porém, o Timão emplacou mais jogadores, tanto na seleção escolhida para a Bola de Ouro na Placar/ESPN (quatro), quanto na equipe escolhida pela dobradinha Globo/CBF (três). Mas a sorte não sorriu ao Corinthians, único dos postulantes ao caneco que precisou trocar de técnico e que sofreu maior seca sem vitórias (sete, contra cinco do Flu e apenas três do Cruzeiro). Comparando os 11 titulares do trio, vejo o time paulista com qualidade um pouco superior aos adversários. Mas, como dito acima, faltou elenco, primordial para se chegar a uma conquista de um longo campeonato como o Brasileiro. E o Corinthians perdeu pontos preciosos para times pequenos, como Ceará, Atlético-GO, Grêmio Prudente e Goiás, apesar de ter se dado melhor diante dos grandes e jogando dentro de casa – com desempenho pífio fora de casa, com somente quatro vitórias.
O título ratifica o esplendor do argentino Dario Conca, de longe, o destaque do torneio. Exalta a estrela de Muricy Ramalho, demitido após dar o tricampeonato ao São Paulo e sofrer no Palmeiras problema semelhante ao Timão deste ano: contusões de jogadores-chave. O técnico, com quatro títulos nacionais em seis anos (além do vice por um fio, em 2005), superou os problemas internos e até mesmo políticos do Tricolor carioca, conduzindo-o justa e brilhantemente ao título.
Meus onze são idênticos ao da seleção da Placar/ESPN (à excessão do técnico) e constata uma aberração na zaga do time escalado pela Globo/CBF, a diferença entre as duas. Enquanto Miranda fez a pior temporada desde que chegou ao São Paulo, em 2006, o jovem Dedé, 22 anos, pode ser considerada uma das revelações da competição e possui alguns números importantes, como o terceiro maior ladrão de bolas (161, no total). Porém, longe de ser um dos melhores do torneio da nona defesa mais vazada do certame. Abaixo, os 11 no tradicional esquema 4-4-2.
Fábio – O capitão e camisa 1 do Cruzeiro, há tempos, faz atuações consistentes no gol celeste. Porém, ainda não foi lembrado por Mano Menezes na seleção. É tão bom quanto Victor e melhor que Jefferson, do Botafogo, que também era postulante ao gol das seleções. Revelação, Neto do Atlético-PR fez ótimo papel. Na reta final, surgiram boas atuações de Júlio César, Ricardo Berna e Deola, assim como o veterano Rogério Ceni. Mas o arqueiro celeste foi mais constante.
Mariano – O futebol nacional ainda vive problemas agudos nas duas laterais. Renascido no Flu, depois de ter surgido com destaque no Cruzeiro e ficado só como promessa, é ótimo e incisivo apoiador, apesar de não mostrar a mesma eficiência na defesa. Porém, o camisa 2 do Tricolor carioca não teve adversários à altura na posição.
Chicão – Experiente, mostrou sua importância durante a ausência de mais de dois meses na zaga Alvinegra. William, longe da melhor técnica, e substitutos como Thiago Heleno e Leandro Castán não deram a mesma segurança ao setor defensivo. O retorno do camisa 3 e a chegada de Tite melhoraram sensivelmente a zaga da equipe. Nas últimas nove rodadas, foram apenas três gols sofridos.
Alex Silva – No retorno ao Tricolor, Pirulito mostrou a qualidade habitual: ótimo no jogo aéreo e na saída de bola, se saiu melhor que o companheiro de zaga, o ótimo Miranda. Na compararção com Dedé, rouba menos bolas (21,7 contra 15,3 por partida). Porém, é melhor passador (aproveitamento de 87,3, contra 78,9) e comete menos faltas que o adversário vascaíno.
Roberto Carlos – A exemplo de Mariano, sofre com a falta de adversários em sua posição. Apesar de veterano, o camisa 6 fez um campeonato razoável, mesmo com uma pequena queda no segundo semestre, por conta de uma lesão na coxa que o limitou. Único em atividade que dosa com qualidades idas ao ataque com coberturas na defesa, está entre os quatro maiores assistentes de gol do Brasileirão: foram nove passes que terminaram em gol.
Jucilei – A evolução do camisa 8 corintiano no segundo semestre foi espantosa. Marcador, ótimo na transição ao ataque e forte fisicamente, o volante era arma poderosa no Timão para desmonstar a defesa adversária. Maior ladrão de bolas do Brasileirão (167), possui ótimo índice de acerto de passes (86,4%). A Europa parece questão de tempo, caso continue evoluindo.
Elias – Volante de ofício, Elias fazia também as vezes de armador da equipe, o caso clássico do segundo volante extremamente rápido e técnico. Apesar de não ser tão eficiente na marcação quanto seu companheiro, é mais ágil, tem melhor índice de passes certos e finaliza melhor ao gol. Tanto incentivou a disputa entre Benfica e Atlético de Madrid pelo seu passe. Melhor para os espanhóis, vencedores do leilão.
Montillo – A excelente Libertadores com o Universidad de Chile fez o Cruzeiro dar o bote neste meia argentino, decisivo para o crescimento do Cruzeiro no Brasileirão. Mais constante que Bruno César, Montillo é o meia clássico, de passes e cruzamentos precisos. Mesmo com o faro goleador do incisivo Bruno, o hermano teve atuações mais regulares, já que o corintiano alternava boas partidas com jogos muito apagados.
Conca – Em meio às contratações galácticas dos "europeus" Deco e Belletti, além de Émerson, o camisa 11 do Flu desequilibrou decisivamente. Em campo nas 38 rodadas, ajudava na marcação, deu o maior número de assistências da competição (19 passes), marcou nove gols e decidiu outros tantos jogos para o campeão brasileiro. Assim como o compatriota Tevez em 2005, foi o diferencial do campeão.
Neymar – Polêmicas à parte, a joia santista teve um ano de 2010 de franca evolução. Ao contrário de Jonas, seu parceiro de ataque nesta seleção, ainda é franzino fisicamente. Mas mostra capacidade espantosa de converter gols em situações de extrema dificuldade. Mesmo com um Santos enfraquecido com a ausência do maestro Ganso, o garoto não fugiu da raia e marcou 17 gols, arrebatando a vice-artilharia. E ganhou do gremista no quesito artilharia do ano, com 42 gols marcados, um a mais que Jonas.
Jonas – Mostrou faro de gol impressionante em situações diversas: pênalti, de cabeça, oportunamente, com técnica, arremate de longa distância. Não à toa, é chamado de “Mestre Jonas” pelos torcedores gremistas. Depois de Conca, foi o grande destaque deste torneio, com impressionantes 23 gols e oito passes para gol. Porém, terá de quebrar uma espécie de maldição: à exceção de Romário (2005) e Washington (2008), os artilheiros de Brasileirão desde 2003 fazem temporadas pífias ou discretas na temporada seguinte: Dimba, Souza, Josiel, Keirrison, Kléber Pereira, Adriano e Diego Tardelli.
Renato Gaúcho - Muricy é brilhante, escreveu seu nome na história com o quarto título e conduziu com destaque o Fluminense até o bicampeonato nacional. Mas não é possível se ignorar a condução do Grêmio da 18ª posição à Libertadores graças ao ótimo aproveitamento de Renato: 68% de pontos disputados – 75%, considerando somente o segundo turno, do qual o Grêmio foi a melhor equipe, com 43 pontos conquistados de 57 possíveis. Sem a arrogância que marcou sua ótima passagem final pelo Flu vice-campeão da América em 2008, o técnico mostrou não ser mais motivador do que estrategista. Dosou ambas com precisão, deixando o Tricolor gaúcho mortal nesta segunda metade do certame.
3 comentários:
Chicão não jogou nada, cara... Dedé ganharia do Chicão fácil, fácil.
To estreiando um quadro novo no blog 'Futebol Rio-SP'. Espero você lá.
Abração,
Luís - @luisfbarreiros
porforadogramado.blogspot.com
http://futebolrio-sp.blogspot.com/2010/12/sobe-e-desce-semanal-6-1312.html
Concordo com vc,ate mesmo na escolha do tecnico.Pois o Fluminense tinha algumas estrelas e isso facilitou um pouco o trabalho do Muricy,ao contrario do Gremio...
tambem tenho um blog de futebol,so que,neste,apenas retrato clubes amadores,curiosidades...
escudosumapaixao.blogspot.com
espero voce lá..abraço
Na minha lista não coloquei o Fábio, afinal como disse Juca Kfouri "ele tem uma ajuda, sempre que defende agradece aos seus". Brincadeira a parte, o Neto foi meu eleito. Treinador é o Muricy, por mais que R. Gaúcho tenha feito excelente trabalho.
Abs
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