12.6.09

Perseguidos ou perseguidores?

Cada entrevista ou coletiva de imprensa se torna um interrogatório, uma inquisição. Ao menos na visão de dois profissionais do futebol brasileiro: o atacante Kleber e o técnico Vanderlei Luxemburgo. O Gladiador, não contente com a “perseguição” por parte da imprensa, agora acusa a arbitragem brasileira de marcação implacável sobre suas atitudes. Já o técnico palmeirense criou uma nova categoria de jornalismo esportivo: "Fico triste com jornalismo de perseguição. Tem muita gente fazendo isso, como era no tempo da ditadura. Eu tenho que rebater para que as coisas fiquem melhores na frente. Não para mim, que estou em um processo final, mas para os jogadores", afirmou ao site UOL.

O Palmeiras começou bem a temporada. Marcando muitos gols e sem perder, tudo caminhava de vento em popa para o treinador, até então pouco questionado. Aí veio a má fase de Keirrison, a eliminação no Paulistão, os dramas na classificação da Libertadores frente ao Colo-Colo e Sport, o mau empate com o Nacional uruguaio em casa e, por fim, os três pontos contra o Vitória no último domingo, pelo Brasileirão. Mas o triunfo sobre os baianos, dentro de campo, foi conseguido na bacia das almas com um gol no final. Até ali, o Vitória - que já havia sido prejudicado pela arbitragem - conseguia se impor frente a um adversário perdido em campo, com um abismo entre defesa e ataque, além de pouco padrão – das 37 partidas do Palmeiras em 2008, 33 formações diferentes.

Não digo que a imprensa em geral faz corretamente sua função – muitos jornalistas fazem mal sua parte, criando factóides – mas a cada coletiva de Luxa, um culpado vem à tona: é o árbitro que não apitou certo, é a torcida que não incentiva como as outras, é a imprensa que só o persegue e não vê sua história no futebol. Já notaram que nunca é o técnico que erra? Colecionando inimizades com a maior organizada do Palmeiras e parte da diretoria alviverde, Luxemburgo atira para todos os lados. Com o dinheiro investido pela Traffic em reforços, não conseguiu montar uma defesa forte. No entanto, vem dando azar com Marquinhos e Willians – as voltas com contusões – e a má fase de Keirrison. Há jogadores do time que vivem boa fase, como Marcos, Pierre, Cleiton Xavier e Diego Souza – todos com muito mérito do técnico – mas a inconsistência do Palmeiras em campo chega a assutar.

Já o atacante Kléber vem construindo sua fama de Gladiador desde seu retorno ao Brasil, ao Palmeiras. Em 2008 com a camisa alviverde, foram 17 amarelos e três vermelhos em 47 partidas. Com a camisa do Cruzeiro, já acumula três expulsões e sete amarelos em 21 jogos. Em contrapartida, é o artilheiro do time na temporada, com 19 gols. Após a nova expulsão contra o Inter, onde além de empurrar Taison, pisou o goleiro Lauro antes de ser agredido, o que culminou na expulsão de ambos. Mesmo assim, disparou contra a arbitragem brasileira e o STJD: "Aí os caras do STJD, que vêem essas coisas, punem a gente quando fazemos alguma coisa e agora vão punir o juiz. Tem algumas coisas que são piadas, isso aqui está virando bagunça, palhaçada. Os juízes estão de palhaçada". Convenhamos que o nível das arbitragens brasileiras não é das melhores e que as decisões do STJD não passa seriedade alguma, mas Kléber e seu histórico não convencem nas reclamações (as explusões de Kléber, no blog Futebol em Números). Se ele realmente sofre rodízio de faltas é porque os jogadores sabem de seu pavio curto e que ele pode revidar, cavando a expulsão do atacante. Ou seja, falta um pouco de cabeça na maioria dos episódios, onde o grande prejudicado além dele mesmo, é o próprio Cruzeiro.

Um evoca o histórico de grandes conquistas e o orgulho de ter passado por uma CPI e ter sido inocentado e não admite melhorar as deficiências defensivas do time. O outro, ameaça jogar no exterior, pois acha que lá pisões, cotoveladas e carinhos maldosos não são passíveis de expulsão. Mesmo com o histórico de seis expulsões em um ano e meio de futebol brasileiro, alto para um atacante. Quem será que persegue quem mesmo?

3 comentários:

Vinicius Grissi disse...

Existem bons e maus jornalistas. Assim como bons e maus técnicos e jogadores.

Quanto ao Kléber: o descarado rodízio de faltas e provocações que tem sido feito neles é uma vergonha. De fato, seu comportamento melhorou muito de alguns meses para cá.

Leandrus disse...

A relação imprensa - jogador (no caso aqui citado, treinador tb) muitas vezes parece com o sujo falando do mal lavado. Alguns jornalistas criam matérias totalmente sensacionalistas, enquanto atletas e técnicos também não são santos.

O Kléber teve mesmo uma melhora relativa nesse ano, mas ainda não foi suficiente. Achei suas três expulsões nesse ano bem justas, sem contar que a ocorrida no seu segundo jogo na Libertadores foi inaceitável.

Felipe Rariz disse...

As vezes o jornalismo anda na mesma sintonia que os técnicos, sempre buscam culpar terceiros, de vez em quando até tem razão, mas o mau e o bom existem em todas as áreas,
dá uma passada lá no www.comabolacheia.zip.net
Bom post!