Para os italianos, essa Copa das Confederações, além de desastrosa no que diz respeito aos resultados, mostrou que a Itália ficou dependente demais da geração campeã do mundo em 2006, três anos mais velha. Marcelo Lippi – co técnico campeão em 2006 e que retornou ao cargo em julho de 2008 – ainda não encontrou o fio da meada para inserir novos jogadores e mesclá-los aos jogadores que ainda são de grande valia para a Squadra Azzurra. Dos 23 convocados para a Copa das Confederações, 12 estavam no elenco vitorioso de 2006. Muitos deles não vem atravessando boas fases em seus clubes, e por consequência, na seleção também, tais como Camoranesi, Toni, Iaquinta e Zambrotta e até mesmo o capitão Cannavaro. E pela experiência, todos eles fizeram parte do time-base de Lippi que fracassou nesta Copa das Confederações.
A vitória pouco convincente frente aos americanos na estréia – com um homem a menos durante boa parte do jogo – e o fraco desempenho ante aos egípcios na derrota da segunda partida não foram suficientes para que Lippi fizesse grandes modificações na estrutura da equipe. O prodígio Giuseppe Rossi - responsável direto pela vitória frente aos EUA ao sair do banco e marcar dois gols – não foi bem contra o Egito, assim como a equipe como um todo. Precisando marcar gols e contragolpear o Brasil, ele retornou com a formação de ataque inicial, com Iaquinta aberto na esquerda e Toni fixo, mesmo com Rossi e Gilardino gozando de melhor fase na temporada européia. Um Camoranesi apático, que pouco produziu deixava Simone Pepe – que poderia perfeitamente se utilizado como terceiro atacante e ajudar a compor o meio – só entrou quando a maionese já tinha desandado. O jovem e pródigo ala Davide Santon pouco foi testado, vendo Grosso e Dossena - pouco eficientes em campo - jogarem durante o torneio.
Claro que não é preciso fazer uma revolução no elenco. Mas além de testar pra valer alguns nomes e deixar outros velhos conhecidos no vinagre, Lippi pode dar chance a jovens e bons valores, como o bom meia atacante Sebastian Giovinco, - atualmente disputando a fase final do Europeu sub-21 com a Itália - ou reconvocar o bad boy Antonio Cassano, que fez boa temporada pela Sampdoria, após alguns anos de ostracismo. Apesar do comportamento instável, Cassano tem características que cairiam bem à Itália de Lippi e o atacante não fez grandes bobagens em campo em sua estadia na Samp. Mais instável emocionalmente que Cassano, mas também de talento latente, Mario Balotelli seria outra opção de teste na linha de frente. A palavra de ordem é mesclar a geração tetracampeã com outros atletas – no atual elenco, Montolivo, Gamberini, Quagliarella e Palombo – ou com algum dos nomes sugeridos nesse post.
A má campanha na África do Sul serve de alerta aos italianos, apesar do torneio ser, na prática, mais um tubo de ensaio para a Copa de 2010. No entanto, vale lembrar que os últimos campeões do Mundo padeceram do mal que atualmente aflige a Itália: o da pouca renovação dos elencos campeões mundiais. Em 2002, a França – eliminada ainda na primeira fase – contava com 14 atletas campeões em 1998 no elenco. E em 2006, o Brasil levou oito campeões para a Alemanha, sendo que seis deles – Cafu, Lúcio, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Ronaldinho e Ronaldo – faziam parte do time-base de ambas. E se Lippi não abrir o olho, a Itália pode decepcionar novamente, desta vez pra valer, na África do Sul.
Um comentário:
Interessante o levantamento, André. Realmente, manter a base de uma seleção campeã para outra Copa do Mundo não tem se mostrado um bom negócio. A Alemanha manteve a base de 90, com Matthaus e cia, e também acabou decepcionando na Copa subsequente, em 94.
Na sua lista de jovens promessas, só acrescentaria o Robert Acquafresca, que vem brilhando no Europeu Sub-21.
Abração!
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