23.6.09

Até onde vai a arrogância?

O São Paulo tem a fama de ser um clube de elite. Muitos de seus torcedores e cartolas gostam de se gabar de suas origens, dos restaurantes caros que frequentam e das roupas de grife que vestem, seja no clube ou nas numeradas do Morumbi. Até os nome dos cartolas soam elitistas: João Paulo de Jesus Lopes e Carlos Augusto de Barros e Silva. Como se já não bastasse, as recentes conquistas da Libertadores, do Mundial e do inédito tricampeonato Brasileiro, o sexto do clube, elevaram a arrogância tricolor a níveis extremos.

Em nome dessa arrogância, o São Paulo esnobou o uso do Morumbi pelo Corinthians – o maior pagador de aluguel do estádio, um dinheiro que ajuda, e muito, na sua manutenção. Dirigentes gostam de dizer que basta receber um grande show (Madonna, por exemplo) para compensar. Não seria muito melhor conciliar os shows com a renda proporcionada pelo rival? Isso porque estamos passando por uma tal de crise econômica e o clube quer reformar o estádio para a Copa.

Pois é, a Copa. Há tempos, o clube é um opositor da CBF – finalmente seria um bom sinal. Mas por causa da competição a ser realizada no Brasil, fez as pazes com Ricardo Teixeira (será que ele aceitou? Alguém duvida que ele ficaria muito, mas muito contente, se aparecer algum outro projeto para a capital paulista?). A obsessão pela inclusão do estádio como uma das sedes desviou a atenção do clube e o futebol ficou em segundo plano.

O clube ainda acumulou inimizades nos últimos anos: rompeu com a FPF, presidida pelo poderoso e influente Marco Polo Del Nero; tentou formar um grupo com Palmeiras e Corinthians para afrontar a federação – alem de não conseguir, ficou de fora da união entre os três; tentou formar um grupo independente no Clube dos 13, mas brigou com o Flamengo no episódio da Taça das Bolinhas (cadê ela?); Pelo andar da carruagem, sem nenhum apoio, alem é claro dos inúmeros problemas apontados no projeto de reforma do Morumbi, é bem capaz de, alem de ter adiado o sonho do tetra no torneio continental, ficar sem receber jogos do Mundial.

E ainda tem o Muricy, “apenas” o único treinador a conseguir ser tricampeao Brasileiro consecutivamente. Mas a quarta eliminação na Libertadores foi a gota d’água. Juvenal Juvêncio, reconhecidamente um entendedor de futebol , não conseguiu segurar o treinador, como fez no ano passado. Cedeu ao apelo da meia dúzia de dirigentes, aqueles que gostam de sentar na numerada. Mandou embora o único treinador que podia levar o clube a mais um Brasileiro - alguém duvida?.

Ainda durante a trágica derrota para o Cruzeiro, a torcida gritava o nome de Muricy, que, em nome da instituição, como ele mesmo disse, não quis colocar o dedo na ferida e disciplinar alguns jogadores do elenco. Simples, Muricy não faz o tipo “gentleman”, que a diretoria tanto gostaria de ver.

Resta saber, agora, como Juvenal - que de tão sábio é o único que toma todas as decisões, coisas de uma diretoria “moderna” - vai conciliar o controle sobre a equipe, agora nas mãos da incógnita Ricardo Gomes, com a intenção de colocar o Morumbi como sede da Copa do Mundo. Mas o são-paulino não deve se preocupar: trata-se da melhor diretoria do país....

4 comentários:

Felipe Moraes disse...

Adorei o tom irônico!

E concordo com tudo que foi falado por vc, Kleiber.

Abraço,
Felipe Moraes

Armando Teixeira Junior disse...

Ótimo post Arthur, concordo com sua opinião e realmente é uma pena ver as decisões equivocadas da diretoria do São Paulo piorarem ainda mais o momento do clube...apostava no São Paulo como um dos favoritos para este Brasileiro, mas sem o Muricy acho que até a vaga na libertadores vai ser difícil....

Abraços e parabéns pelo retorno ao blog !

Alexandre Azank disse...

Faço minhas as suas palavras...concordo com tudo velhão.
Poderiam ter mantido o Muricy e negociado meia dúzia de jogadores que há muito tempo não estão servindo nem para jogar na Portuguesa.

Erick Amirat disse...

Há muito tempo a diretoria do SPFC se goza do prestígio de ser considerada a mais organizada e planejada do Brasil. Mas essa atitude de demitir o Muricy mostrou a mentalidade de time pequeno que ainda permanece no Morumby. Alias, nem de time pequeno, pois qual time pequeno iria demitir o atual técnico tricampeão brasileiro. Lamentável essa postura. Agora é esperar para ver o trabalho da incógnita Ricardo Gomes, que a única coisa que fez no futebol brasileiro foi o fiasco da eliminação do Pré-Olímpico da Olimpíada de Atenas.