21.8.06

Conclusões Óbvias

Mais um domingo a noite sentado na frente da TV observei com um certo orgulho, comum a maioria dos brasileiros, a bandeira nacional ser colocada no lugar mais alto do pódio de um país qualquer ali pros lados da Europa. Desculpe não mencionar o nome do tal país, já que a lembrança de um dos nossos levantando a medalha e enrolado na orgulhosa bandeira brasileira ofuscou as demais coisas.
O mais interessante da cena foi quando percebi que o sujeito brasileiro, agora levado com grandes pompas, era um deficiente físico. Entusiasmei-me com a idéia de que estava em um país digno e que até os menos favorecidos fisicamente eram ajudados pelo Estado, o cara sendo carregado na TV por uma multidão corroborava com minhas conclusões, até então as mais embasadas de um inativo final de domingo.
Convencido da minha capacidade de concluir coisas tão óbvias me esqueci um pouco da TV. O que me chamou a atenção novamente foi ver o tal esportista em tempos mais antigos, em campos não tão verdes, em piscinas não tão cuidadas, em pistas na qual a poeira quase cobria o agora herói nacional.Vendo trechos de uma vida de sacrifícios pessoais e vontade de vencer do herói, somados aos infortúnios e indiferenças da sociedade fiquei abismado. A primeira coisa que fiz foi pegar minhas conclusões elaboradas com tanto esmero e joga-las no lixo mais próximo da minha poltrona.
Via agora na minha frente não um herói criado pela ajuda dos que o carregavam triunfante, mas sim um homem fiel a suas metas, que nunca desistiu de seus sonhos e suplantou as dificuldades impostas pelos seus conterrâneos, conquistando o que mais almejava. A alegria do campeão misturado as palavras de eufóricos comentaristas e promessas de galanteadores empresários podia indicar um caminho mais fácil para os futuros esportistas trilharem, com apoio dos que cercavam nosso atleta tudo seria possível. No entanto, com medo de novamente de chegar a conclusões precipitadas, deixei as últimas observações apenas como suposições. Desliguei a TV e levantei-me da poltrona, já era hora de começar a pensar na segunda-feira.

2 comentários:

Alexandre Azank disse...

Finalmente estou incorporado ao blog que sera o maior sucesso da nova crônica esportiva nacional, o OPINIÃO FC!!
Espero poder contribuir para manter o bom nível das matérias e dos comentários emanados por meus parceiros.

André Augusto disse...

Grande poeteiro J!
Parabéns pela Crônica!